segunda-feira, 27 de novembro de 2017

PAULO FREIRE

Paulo Reglus Neves Freire, conhecido como Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em Recife. Filho de Joaquim Temístocles Freire, capitão da Polícia Militar de Pernambuco e de Edeltrudes Neves Freire, Dona Tudinha, Paulo teve uma irmã, Stela, e dois irmãos, Armando e Temístocles.A irmã Stela foi professora primária do Estado. Armando, funcionário da Prefeitura da Cidade do Recife, abandonou os estudos aos 18 anos, não chegou a concluir o curso ginasial. Temístocles entrou para o Exército. Aos dois, Paulo agradece emocionado, em uma de suas entrevistas a Edson Passetti, pois começaram a trabalhar muito jovens, para ajudar na manutenção da casa e possibilitar que Paulo continuasse estudando. Sua família fazia parte da classe média, mas Paulo Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário método de alfabetização. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África.O talento como escritor o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos, quase sempre ligados a partidos de esquerda.A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart. Freire entrou para a Universidade do Recife em 1943, para cursar a Faculdade de Direito, mas também se dedicou aos estudos de filosofia da linguagem. Apesar disso, nunca exerceu a profissão, e preferiu trabalhar como professor numa escola de segundo grau lecionando língua portuguesa. Em 1944, casou com Elza Maia Costa de Oliveira, uma colega de trabalho. Em 1946, Freire foi indicado ao cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no Estado de Pernambuco, onde iniciou o trabalho com analfabetos pobres. Em 1961 tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, no mesmo ano[7] , realizou junto com sua equipe as primeiras experiências de alfabetização popular que levariam à constituição do Método Paulo Freire. Seu grupo foi responsável pela alfabetização de 300 cortadores de cana em apenas 45 dias. Em resposta aos eficazes resultados, o governo brasileiro (que, sob o presidente João Goulart, empenhava-se na realização das reformas de base) aprovou a multiplicação dessas primeiras experiências num Plano Nacional de Alfabetização, que previa a formação de educadores em massa e a rápida implantação de 20 mil núcleos (os "círculos de cultura") pelo País. Em 1964, meses depois de iniciada a implantação do Plano, o golpe militar extinguiu esse esforço. Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias. Em seguida passou por um breve exílio na Bolívia e trabalhou no Chile por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação. Em 1967, durante o exílio chileno, publicou no Brasil seu primeiro livro, Educação como Prática da Liberdade, baseado fundamentalmente na teseEducação e Atualidade Brasileira, com a qual concorrera, em 1959, à cadeira de História e Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife. O livro foi bem recebido, e Freire foi convidado para ser professor visitante da Universidade de Harvard em 1969. No ano anterior, ele havia concluído a redação de seu mais famoso livro, Pedagogia do Oprimido, que foi publicado em várias línguas como o espanhol, o inglês (em 1970) e até o hebraico (em 1981). Em razão da rixa política entre aditadura militar e o socialismo cristão de Paulo Freire,[8] ele não foi publicado no Brasil até 1974, quando o general Geisel assumiu a presidência do país e iniciou o processo de abertura política. Depois de um ano em Cambridge, Freire mudou-se para Genebra, na Suíça, trabalhando como consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas. Durante esse tempo, atuou como consultor em reforma educacional em colônias portuguesas na África, particularmente na Guiné-Bissau e em Moçambique. Dentre as marcas de sua passagem pela secretaria municipal de Educação está a criação do MOVA - Movimento de Alfabetização, um modelo de programa público de apoio a salas comunitárias de Educação de Jovens e Adultos que até hoje é adotado por numerosas prefeituras e outras instâncias de governo. TRABALHO DE FILOSOFIA Nome Completo: .............:.................................................................................................................................................................... Data: ....../......./.............. Série:... Turma:.... Nº ... Turno: ........................................................  Leia o texto sobre Paulo Freire (Filósofo Contemporâneo) e completar o que se pede abaixo: 1- Contar as palavras sublinhadas do texto e escrever o resultado. 2- Dar o significado das palavras sublinhadas no texto. 3- Comente sobre a diferença da filosofia de Paulo Freire com os filósofos anteriores.

FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

A Filosofia Contemporânea é aquela desenvolvida a partir do final do século XVIII, que tem como marco a Revolução Francesa, em 1789. Engloba, portanto, os séculos XVIII, XIX e XX, incluindo o século XXI. Note que a chamada "filosofia pós-moderna", ainda que para alguns pensadores seja autônoma, ela foi incorporada a filosofia contemporânea, reunindo os pensadores das últimas décadas. Contexto Histórico Esse período é marcado pela consolidação do capitalismo gerado pela Revolução Industrial Inglesa, que tem início em meados do século XVIII. Com isso, torna-se visível a exploração do trabalho humano, ao mesmo tempo que se vislumbra o avanço tecnológico e científico. Nesse momento são realizadas diversas descobertas. Destacam-se a eletricidade, o uso de petróleo e do carvão, a invenção da locomotiva, do automóvel, do avião, do telefone, do telégrafo, da fotografia, do cinema, do rádio, etc. As máquinas substituem a força humana e a ideia de progresso é disseminada em todas as sociedades do mundo. Por conseguinte, o século XIX reflete a consolidação desses processos e as convicções ancoradas no progresso tecnocientífico. Já no século XX, o panorama começa a mudar, refletido numa era de incertezas, contradições e dúvidas geradas pelos resultados inesperados. Acontecimentos desse século foram essenciais para formular essa nova visão do ser humano. Merecem destaque as guerras mundiais, o nazismo, a bomba atômica, a guerra fria, a corrida armamentista, o aumento das desigualdades sociais e a degradação do meio ambiente. Assim, a filosofia contemporânea reflete sobre muitas questões sendo que a mais relevante é a "crise do homem contemporâneo". Ela está baseada em diversos acontecimentos. Destacam-se a revolução copernicana, a revolução darwiniana (origem das espécies), a evolução freudiana (fundação da psicanálise) e ainda, a teoria da relatividade proposta por Einstein. Nesse caso, as incertezas e as contradições tornam-se os motes dessa nova era: a era contemporânea. Escola de Frankfurt Surgida no século XX, mais precisamente em 1920, a Escola de Frankfurt foi formada por pensadores do “Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt”. Pautada nas ideias marxistas e freudianas, essa corrente de pensamento formulou uma teoria crítica social interdisciplinar. Ela aprofundou em temas diversos da vida social nas áreas da antropologia, psicologia, história, economia, política, etc. De seus pensadores merecem destaque os filósofos: Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin e Jurgen Habermas. Indústria Cultural A Indústria Cultural foi um termo criado pelos filósofos da Escola de Frankfurt Theodor Adorno e Max Horkheimer. O intuito era analisar a indústria de massa veiculada e reforçada pelos meios de comunicação. Segundo eles, essa “indústria do divertimento” massificaria a sociedade, ao mesmo tempo que homogeneizaria os comportamentos humanos. Principais Filósofos Contemporâneos Friedrich Hegel (1770-1831) Filósofo alemão, Hegel foi um dos maiores expoentes do idealismo cultural alemão, e sua teoria ficou conhecida como “hegeliana”. Baseou seus estudos na dialética, no saber, na consciência, no espírito, na filosofia e na história. Esses temas estão reunidos em suas principais obras: Fenomenologia do Espírito, Lições sobre História da Filosofia e Princípios da Filosofia do Direito. Dividiu o espírito (ideia, razão) em três instâncias: espírito subjetivo, objetivo e absoluto. Já a dialética, segundo ele, seria o movimento real da realidade que teria de ser aplicada no pensamento. Ludwig Feuerbach (1804-1872) Filósofo materialista alemão, Feuerbach foi discípulo de Hegel, embora mais tarde, tenha adotado uma postura contrária de seu mestre. Além de criticar a teoria de Hegel em sua obra “Crítica da Filosofia Hegeliana” (1839), o filósofo criticou a religião e o conceito de Deus. Segundo ele, o conceito de Deus é expresso pela alienação religiosa. Seu ateísmo filosófico influenciou diversos pensadores dentre eles Karl Marx. Arthur Schopenhauer (1788-1860) Filósofo alemão e crítico do pensamento hegeliano, Schopenhauer apresenta sua teoria filosófica baseada na teoria de Kant. Nela, a essência do mundo seria resultado da vontade de viver de cada um. Para ele, o mundo estaria repleto de representações criadas pelos sujeitos. A partir disso, as essências das coisas seriam encontradas por meio do que ele chamou de “insightintuitivo” (iluminação). Sua teoria foi marcada também pelos temas do sofrimento e do tédio. Soren Kierkegaard (1813-1855) Filósofo dinamarquês, Kierkegaard foi um dos precursores da corrente filosófica do existencialismo. Dessa maneira, sua teoria esteve pautada nas questões da existência humana, destacando a relação dos homens com o mundo e ainda, com Deus. Nessa relação, a vida humana, segundo o filósofo, estaria marcada pela angústia de viver, por diversas inquietações e desesperos. Isso somente poderia ser superado com a presença de Deus. No entanto, está assinalada por um paradoxo entre a fé e a razão e, portanto, não pode ser explicada. Auguste Comte (1798-1857) Na “Lei dos Três Estados” o filósofo francês aponta para a evolução histórica e cultural da humanidade. Ela está dividida em três estados históricos diferentes: estado teológico e fictício, estado metafísico ou abstrato e estado científico ou positivo. O positivismo, baseado no empirismo, foi uma doutrina filosófica inspirada na confiança do progresso científico e seu lema era “ver para prever”. Essa teoria se opôs aos preceitos da metafísica citada na obra “Discurso sobre o Espírito Positivo”. Karl Marx (1818-1883) Filósofo alemão e crítico do idealismo hegeliano, Marx é um dos principais pensadores da filosofia contemporânea. Sua teoria é denominada de "Marxista". Ela abrange diversos conceitos como o materialismo histórico e dialético, a luta de classes, os modos de produção, o capital, o trabalho e a alienação. Ao lado do teórico revolucionário, Friedrich Engels, publicaram o “Manifesto Comunista”, em 1948. Segundo Marx, o modo de produção material da vida condiciona a vida social, política e espiritual dos homens, analisada em sua obra mais emblemática “O Capital”. Georg Lukács (1885-1971) Filósofo húngaro, Lukács baseou seus estudos no tema das ideologias. Segundo ele, elas têm a finalidade operacional de orientar a vida prática dos homens, que por sua vez, possuem grande importância na resolução dos problemas desenvolvidos pelas sociedades. Suas ideias foram influenciadas pela corrente marxista e ainda, pelo pensamento kantiano e hegeliano. Friedrich Nietzsche (1844-1900) Filósofo alemão, o niilismo de Nietzsche está expresso em suas obras em forma de aforismos (sentenças curtas que expressam um conceito). Seu pensamento passou por diversos temas desde religião, artes, ciências e moral, criticando fortemente a civilização ocidental. O mais importante conceito apresentado por Nietzsche foi o de “vontade de potência”, impulso transcendental que levaria a plenitude existencial. Além disso, analisou os conceitos de “apolíneo e dionisíaco” baseado nos deuses gregos da ordem (Apolo) e da desordem (Dionísio). Edmund Husserl (1859-1938) Filósofo alemão que propôs a corrente filosófica da fenomenologia (ou ciência dos fenômenos) no início do século XX. essa teoria está baseada na observação e descrição minuciosa dos fenômenos. Segundo ele, para que a realidade fosse vislumbrada a relação entre sujeito e objeto deveria ser purificada. Assim, a consciência é manifestada na intencionalidade, ou seja, é a intenção do sujeito que desvendaria tudo. Martin Heidegger (1889-1976) Heidegger foi filósofo alemão e discípulo de Husserl. Suas contribuições filosóficas estiveram apoiadas nas ideias da corrente existencialista. Nela, a existência humana e a ontologia são suas principais fontes de estudo, desde a aventura e o drama de existir. Para ele, a grande questão filosófica estaria voltada para a existência dos seres e das coisas, definindo assim, os conceitos de ente (existência) e ser (essência). Jean Paul Sartre (1905-1980) Filósofo e escritor francês existencialista e marxista, Sartre focou nos problemas relacionados com o “existir”. Sua obra mais emblemática é o “Ser e o Nada”, publicada em 1943. Nela, o “nada”,uma característica humana, seria um espaço aberto, no entanto, baseada na ideia da negação do ser (não-ser). O “nada” proposto por Sartre faz referência a uma caraterística humana associada ao movimento e as mudanças do ser. Em resumo, o “vazio do ser” revela a liberdade e a consciência da condição humana. Bertrand Russel (1872-1970) Bertrand Russel foi filósofo e matemático britânico. Diante da análise lógica da linguagem, buscou nos estudos da linguística a precisão dos discursos, do sentido das palavras e das expressões. Essa vertente ficou conhecida como "Filosofia Analítica" desenvolvida pelo positivismo lógico e a filosofia da linguagem. Para Russel, os problemas filosóficos eram considerados "pseudoproblemas", analisados à luz da filosofia analítica. Isso porque não passariam de equívocos, imprecisões e mal-entendidos desenvolvidos pela ambiguidade da linguagem. Ludwig Wittgenstein (1889-1951) Filósofo austríaco, Wittgenstein colaborou com o desenvolvimento da filosofia de Russel, de forma que aprofundou seus estudos na lógica, na matemática e na linguística. De sua teoria filosófica analítica, sem dúvida, os “jogos de linguagem” merecem destaque, donde a linguagem seria o “jogo” aprofundado no uso social. Em resumo, a concepção da realidade é determinada pelo uso da língua cujos jogos da linguagem são produzidos socialmente. Theodor Adorno (1903-1969) Filósofo alemão e um dos principais pensadores da Escola de Frankfurt. Ao lado de Max Horkheimer (1895-1973) criaram o conceito de Indústria Cultural, que está refletido na massificação da sociedade e em sua homogeneização. Na “Crítica da Razão”, os filósofos apontam que o progresso social, reforçado pelos ideais iluministas, resultou na dominação do ser humano. Juntos, publicaram a obra “Dialética do Esclarecimento”, em 1947. Nela, eles denunciaram a morte da razão crítica que levou a deturpação das consciências pautadas num sistema social dominante da produção capitalista. Walter Benjamin (1892-1940) Filósofo alemão, Benjamin demostra uma postura positiva em relação aos temas desenvolvidos por Adorno e Horkheimer, sobretudo da Indústria Cultural. Sua obra mais emblemática é “A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica”. Nela, o filósofo aponta que a cultura de massa, disseminada pela Indústria Cultural, poderia trazer benefícios e servir como um instrumento de politização. Isso porque ela permitiria o acesso da arte à todos os cidadãos. Jurgen Habermas (1929-) Filósofo e sociólogo alemão, Habermas propôs uma teoria baseada na razão dialógica e na ação comunicativa. Segundo ele, seria uma maneira de emancipação da sociedade contemporânea. Essa razão dialógica surgiria dos diálogos e dos processos argumentativos em determinadas situações. Nesse sentido, o conceito de verdade apresentado pelo filósofo é fruto das relações dialógicas e, portanto, é denominado de verdade intersubjetiva (entre sujeitos). Michel Foucault (1926-1984) Filósofo francês, Foucault buscou analisar as instituições sociais, a cultura, a sexualidade e o poder. Segundo ele, as sociedades modernas e contemporâneas são disciplinares. Assim, elas apresentam uma nova organização do poder, que, por sua vez, foi fragmentado em “micropoderes”, estruturas veladas do poder. Para o filósofo, o poder na atualidade engloba os diversos âmbitos da vida social e não somente o poder concentrado no Estado. Essa teoria foi esclarecida em sua obra “Microfísica do Poder”. Jacques Derrida (1930-2004) Filósofo francês nascido na Argélia, Derrida foi um crítico do racionalismo, propondo a desconstrução do conceito de “logos” (razão). Assim, ele cunhou o conceito de “logocentrismo” baseado na ideia de centro e que inclui diversas noções filosóficas como o homem, a verdade e Deus. A partir dessa lógica de oposições, Derrida apresenta sua teoria filosófica destruindo o “logos”, que, por sua vez, auxiliou na construções de “verdades” indiscutíveis. Karl Popper (1902-1994) Filósofo austríaco, naturalizado britânico, dedicou seu pensamento ao racionalismo crítico. Crítico do princípio indutivo do método científico, Propper formulou o Método Hipotético Dedutivo. Nesse método, o processo de pesquisa considera o princípio da Falseabilidade a essência da natureza científica. A Sociedade Aberta e Seus Inimigos e A Lógica da Pesquisa Científica são as suas obras mais conhecidas. Para Pensar! Faça uma leitura cuidadosa do texto sobre a Filosofia Contemporânea e destaque os pontos mais relevantes dos filósofos da atualidade.

DAS IDEIAS DO ILUMINISMO AOS DIAS ATUAIS

O Iluminismo foi um poderoso movimento de idéias iniciado na França, por volta do século XVIII, depois se espalhou pela Europa e outros países do mundo. É também chamado de ilustração, século das luzes ou idade da razão. Objetivos Principais do Iluminismo: Analisar e questionar o antigo regime que era uma combinação entre o Feudalismo, o Absolutismo e o Mercantilismo; Mostrar os erros, as injustiças e os absurdos do Antigo Regime; Propor uma sociedade nova, baseada na igualdade e na liberdade fundamental de todos os homens; A Educação do Antigo Regime era controlada pela igreja católica que ensinava idéias ultrapassadas, tornando as pessoas ignorantes, fanáticas e submissas; Os iluministas defendiam uma educação que colocasse a razão(capacidade de pensar) como valor fundamental. Principais Representantes do Iluminismo: Jean Jacques Rousseau, Voltaire, Montesquieu, Diderot e outros. Principais Influências do Iluminismo Os princípios de liberdade e igualdade jurídicas; A independência dos Estados Unidos da América, 1776; 1ª Constituição dos Estados Unidos, 1787; Revolução Francesa, 1789; Inconfidência Mineira, 1792; Independência do Brasil, 1822 Abolição da Escravatura, 1888; Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. A ESCOLA DE FRANKFURT A ESCOLA DE FRANKFURT E SUA TEORIA CRÍTICA, O CÍRCULO DE VIENA E O CENTRO DE PESQUISA SOCIAL A Escola de Frankfurt teve sua origem no “Instituto de Pesquisa Social”, fundado em 1923. Suas principais características são: Rejeitava o marxismo soviético e desenvolvia uma severa crítica à sociedade burguesa moderna; Procurava dar uma visão global e crítica da sociedade, baseada no método dialético, o único capaz de captar as contradições internas da sociedade; Procurava promover uma transformação radical da sociedade, que leve em conta o homem com sua liberdade e se baseia na colaboração entre todos os homens. Principais representantes da escola de Frankfurt: Theodor W. Adorno, Mase Horkheimer, Herbert Marcuse, Erich Fromm, Jurgen Habermas, Karl Otto Apel e outros. JEAN PIAGET Sir Jean William Fritz Piaget nasceu na Suiça em 09 de agosto de 1896 e morreu em 16 de setembro de 1980. Foi um teórico do conhecimento suíço, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Defendeu uma abordagem interdisciplinar para a investigação do conhecimento e fundou a teoria do conhecimento com base no estudo da gênese psicológica do pensamento humano. Através da minuciosa observação de seus filhos e principalmente de outras crianças, Piaget impulsionou a Teoria Cognitiva, onde propõe a existência de quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano: o estágio sensório-motor, pré-operacional (pré-operatório), operatório concreto e operatório formal. Piaget influenciou a educação de maneira profunda. Para ele as crianças só podiam aprender o que estavam preparadas a assimilar. Aos professores, cabia aperfeiçoar o processo de descoberta dos alunos. SIGMUND FREUD: O PAI DA PSICANÁLISE Sigsmund Schlomo Freud Freud nasceu em Freiberg, Tchecoslováquia, no ano de1856 e morreu em Londres, em 23 de setembro de 1939. Mais conhecido como Sigmund Freud, foi um médico neurologista e criador da Psicanálise. Nasceu em uma família judaica, na época pertencente ao Império Austríaco. Atualmente a localidade é denominada Příbor, na República Tcheca. Aos quatro anos de idade sua família transferiu-se para Viena, permanecendo até 1938 e depois se transferiu para a Inglaterra. SURGIMENTO DA PSICANÁLISE Na Antiguidade e na idade Média, a psicologia era o estudo da alma. Na Idade Moderna, a partir do Renascimento, a psicologia passou a estudar os fenômenos psíquicos ou "as faculdades da mente". Com o passar dos tempos a psicologia se tomou uma ciência positiva. Construída a partir de observações e experimentações Científicas. Tomou como objeto de pesquisa o comportamento do ser humano. No século XIX, um médico chamado Sigmund Freud abria as portas para o surgimento de uma ciência nova e um método diferente: a Psicanálise. ESTRUTURA DA PERSONALIDADE: APARELHO PSÍQUICO ID - é o sistema original da personalidade. É formado pelos aspectos psicológicos herdados e presente no nascimento, inclusive os instintos. O ID pode ser comparado à "caixa preta", onde fica armazenada todas as informações vistas, ouvidas ou vivenciadas. EGO - é a parte organizada da estrutura psíquica que existe para realizar os objetivos do inconsciente e não para frustá-fo. É também chamado de CONSCIENTE ou EU. SUPEREGO - é a arma moral da personalidade. Representa a realidade. Pode também ser chamado de Pré-consciente ou Subconsciente. Sua luta é mais pela perfeição do que pelo prazer. Sua maior função é decidir se algo é certo ou errado em resposta aos padrões morais da sociedade. FASES DE DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE Freud distinguiu 3 grandes períodos normais do desenvolvimento da criança: 1° Período - Este período de desenvolvimento na vida da criança vai do seu nascimento até por volta do 5° ou 6° ano de vida. Este período consiste em experiências sexuais ativas, época em que a sexualidade infantil atinge seu apogeu. É neste período é que se situa a fonte das neuroses, mesmo quando seus sintomas só se manifestam mais tarde. 2° Período - Vai de mais ou menos 06 a 09 anos e é chamado período de latência, "parada da sexualidade" ou "pausa da sexualidade" para voltar depois. Durante este período toda expressão da sexualidade é reprimida e rejeitada como desejo sexual. 3° Período - chamado período da Puberdade, de 10 a 12 anos. É nesta idade que começa o período da sexualidade adulta. Em suas teorias, Freud afirmava que os pensamentos humanos são desenvolvidos, obtendo acesso à consciência, por processos diferenciados, relacionando tal ideia à de que a sistemática do nosso cérebro trabalha essencialmente com o campo da semântica, isto é, a mente desenvolve os pensamentos num sistema cheios de linguagem baseados em imagens, as quais são representações de significados latentes. De tudo o que foi exposto fica claro que na verdade Freud foi o homem que “perturbou o sono do mundo”. Lev Vygotsky Lev Semenovitch Vygotsky nasceu na Rússia em 17 de Novembro de 1896 e morreu em 11 de Junho de 1934). A Linguagem, a Aprendizagem e os Instrumentos Psicológicos A linguagem é uma espécie de cabo de vassoura muito especial, capaz de transformar decisivamente os rumos de nossa atividade. Quando aprendemos a linguagem específica do nosso meio sociocultural, transformamos radicalmente os rumos de nosso próprio desenvolvimento. Assim, podemos ver como a visão de Vygotsky dá importância à dimensão social, interpessoal, na construção do sujeito psicológico. As suas pesquisas sobre aprendizagem tiveram na sua maior parte enfoque na Pedagogia. Os processos de desenvolvimento chamaram a atenção de Vygotsky, que sempre procurou o aparecimento de novas formas de organização psicológica, ao invés de reduzir a estrutura de aprendizagem a elementos constitutivos. Na área educacional, a influência de Vygotsky também vem crescendo cada vez mais, dando origem a experiências mais diversas. Um dos conceitos mais importantes para ele é o de Zona de desenvolvimento proximal, que se relaciona com a diferença entre o que a criança consegue realizar sozinha e aquilo que, embora não consiga realizar sozinha, é capaz de aprender e fazer com a ajuda de uma pessoa mais adulta ou mais experiente. PAULO FREIRE Paulo Reglus Neves Freire nasceu no Recife em 19 de setembro de 1921 e morreu em São Paulo, 2 de maio de 1997. Foi um educador, pedagogista e filósofo brasileiro. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial,1 tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. Sua família fazia parte da classe média, mas Paulo Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário método de alfabetização. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África. O talento como escritor o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos. A sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em contraposição a prática por ele denominada de educação bancária, tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído; libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência política. Autor de Pedagogia do Oprimido, livro que propõe um método de alfabetização dialético, se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático. Em 13 de abril de 2012 foi sancionada a lei 12.612 que declara o educador Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira.2 Foi o brasileiro mais homenageado da história: ganhou 41 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades comoHarvard, Cambridge e Oxford. EDGAR MORIN Nascido em Paris Paris, aos 8 de Julho 1921. É antropólogo, sociólogo e filósofo francês. Filho único de uma família de comerciantes, sua mãe faleceu quando ele tinha 10 anos. Estudou direito, história, filosofia, sociologia e economia. Em 1942, obteve a licenciatura em direito, história e geografia. Os sete saberes necessários à educação do futuro Em 1999, a UNESCO solicitou ao filósofo Edgar Morin, um dos maiores expoentes da cultura francesa no século XX - a sistematização de um conjunto de reflexões que servissem como ponto de partida para se repensar a educação do século XXI. 1. As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão – O conhecimento como primazia, deve preparar o indivíduo para enfrentar os riscos e as ilusões da vida diária com sabedoria e discernimento. É necessário que a educação desenvolva as características cerebrais, mentais e culturais para não induzirem ao erro ou ilusão. 2. Os princípios do conhecimento pertinente - Educadores devem mostrar aos seus alunos realidades locais, mas promover também o conhecimento dos problemas globais, conteúdos fragmentados impede o entendimento e o conhecimento global, contextualizando acontecimentos do mundo que é muito complexo. 3. Ensinar a condição humana - O ser humano é uma unidade complexa, é um ser que ao mesmo tempo é físico, biológico, psíquico, cultural, social, e histórico, as disciplinas escolares devem integram os conteúdos promovendo o desenvolvimento do humano na sua totalidade, sendo a condição humana o objeto essencial de todo o ensino. 4. Ensinar a identidade terrena - O conhecimento do desenvolvimento do planeta é fundamental, mostrar aos educandos, que o acontecimento da localidade interfere na totalidade, que tudo está interligado, a parte no todo e o todo nas partes, e que uma crise planetária muda o destino de cada um. 5. Enfrentar as incertezas - Tem-se muita incerteza, limitações cada dia depara-se com algo novo, imprevisto, como agir perante tais acontecimentos, como devemos encarar tais inseguranças. A escola deve preparar para que ele seja capaz de enfrentar os desafios inesperados, fortalecendo as suas estruturas mentais para que o indivíduo possa resolver seu problema baseado em situações anteriores. 6. Ensinar a compreensão - A comunicação não garante a compreensão, um dos obstáculos da educação é a compreensão, muitas vezes o mal entendido gera conflitos, a diferença de cultura, a falta de respeito à liberdade, o egocentrismo e a vingança, são fatores que devem ser observados para compreender o outro e o eu. 7. A ética do gênero humano - A ética deve conduzir o humano a um caráter sociável, e humanizado, pois este é ao mesmo tempo: indivíduo, sociedade e espécie, e carrega-se em si esta tripla realidade, tudo o que se faz reflete em nós mesmos. É necessário ter consciência dos atos praticados, desenvolvendo o ser humano em suas individualidades e coletivamente de forma consciente humanista. Edgar Morin afirma que diante dos problemas complexos que as sociedades contemporâneas hoje enfrentam, apenas estudos de caráter inter-poli-transdisciplinar poderiam resultar em análises satisfatórias de tais complexidades: "Afinal, de que serviriam todos os saberes parciais senão para formar uma configuração que responda a nossas expectativas, nossos desejos, nossas interrogações cognitivas?.” JACQUES DELORS Jacques Lucien Jean Delors nasceu em Paris aos 20 de Julho de 1925. É um político europeu de nacionalidade francesa, tendo sido presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995. De 1992 a 1996, presidiu a Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, da UNESCO. Neste período, foi autor do relatório "Educação, um Tesouro a Descobrir ", apresentou os 4 Pilares Básicos da Educação: Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a conviver , Aprender a ser. Com base nessa visão dos quatro pilares do conhecimento, pode-se prever grandes consequências na educação. O ensino-aprendizagem voltado apenas para a absorção de conhecimento e que tem sido objeto de preocupação constante dos professores deverá dar lugar ao ensinar a pensar, saber comunicar-se e pesquisar, ter raciocínio lógico, fazer sínteses e elaborações teóricas, ser independente e autônomo; enfim, ser socialmente competente. Durante seu trabalho na UNESCO, apontou como principal consequência da sociedade do conhecimento a necessidade de uma aprendizagem ao longo de toda vida, fundamentada em quatro pilares, que são, concomitantemente, do conhecimento e da formação continuada. Os pilares, os saberes e as competências a se adquirir são apresentados, aparentemente, divididos. Essas quatro vias não podem, no entanto, dissociar-se por estarem interligadas, constituindo interação com o fim único de uma formação holística do indivíduo. “À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele”. Howard Gardner Howard Gardner nasceu em Scranton, Pennsylvania em 11 de julho de 1943. É um psicólogo cognitivo e educacional estado-unidense, ligado à Universidade de Harvard e conhecido em especial pela sua teoria das inteligências múltiplas. Em 1981 recebeu prêmio da MacArthur Foundation. Em 2011 foi galardoado com o Prémio Príncipe das Astúrias das Ciências Sociais. Ele é professor de Cognição e Educação na Universidade de Harvard, professor adjunto de neurologia na Universidade de Boston. Howard Gardner entra na Universidade de Harvard em 1961 com a intenção de se formar em história. mas sob a influência de Erik Erikson ele se interessa em relações sociais, uma combinação de psicologia, sociologia e antropologia, com particular interesse em psicologia clínica. Ele novamente troca seu campo de interesse após conhecer o psicólogo cognitivo Jerome Bruner e os escritos de Jean Piaget. Em 1983, Howard Gardner, em sua teoria das inteligências múltiplas introduziu a ideia de incluir tanto os conceitos de inteligência intrapessoal (capacidade de compreender a si mesmo e de apreciar os próprios sentimentos, medos e motivações) quanto de inteligência interpessoal (capacidade de compreender as intenções, motivações e desejos dos outros). Para Gardner, indicadores de inteligência como o QI não explicam completamente a capacidade cognitiva. Assim, embora os nomes dados ao conceito tenham variado, há uma crença comum de que as definições tradicionais de inteligência não dão uma explicação completa sobre as suas características. Teoria das Inteligências Múltiplas O seu livro mais famoso é provavelmente Estruturas da Mente, de 1983, onde ele descreve sete dimensões da inteligência (inteligência visual/espacial, inteligência musical, inteligência verbal, inteligência lógica/matemática, inteligência interpessoal, inteligência intrapessoal e inteligência corporal/cinestética). Desde a publicação de Estruturas da Mente, Gardner propôs duas novas dimensões de inteligência: a inteligência naturalista e a inteligência existencialista. Os testes tradicionais de inteligência só levam em consideração as inteligências verbal e a lógica/matemática. Essa nova teoria tornou-se conhecida como teoria das inteligências múltiplas. DANIEL GOLEMAN Daniel Jay Goleman, nasceu no dia sete de Março de 1946 emStockon, Califórnia. Estudou em Beckeley na universidade da Califórnia. No ramo profissional distingue-se como autor publicado, psicólogo e jornalista científico. Foi colunista no jornal New York Timesdurante 12 anos, na secção das ciências comportamentais e do cérebro. É também professor visitante em Harvard University onde tirou o doutoramento. Ganhou inúmeros prémios pelos seus livros, nomeadamente um prémio de carreira de jornalismo. Foi nomeado duas vezes para o prémio Pulitzer (prémio mais importante para os jornalistas). É internacionalmente conhecido e costuma orar para grupos profissionais e em universidades. Escreveu Inteligência emocional, um conceito em Psicologia que descreve a capacidade de reconhecer nossos próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles. A designação de inteligência emocional mais antiga remonta a Charles Darwin, que em sua obra referiu a importância da expressão emocional para a sobrevivência e adaptação. Embora as definições tradicionais de inteligência enfatizem os aspectos cognitivos, como memória e resolução de problemas, vários pesquisadores de renome no campo da inteligência estão a reconhecer a importância de aspectos não-cognitivos. Na década de 1990, a expressão "inteligência emocional", tornou-se tema de vários livros (e até best-sellers) e de uma infinidade de discussões em programas de televisão, em escolas e mesmo em empresas. O interesse da mídia foi despertado pelo livro "Inteligência emocional", de Daniel Goleman, redator de Ciência do The New York Times. Para ele, a inteligência emocional é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso dos indivíduos. Como exemplo, recorda que a maioria das situações de trabalho é envolvida por relacionamentos entre as pessoas e, desse modo, pessoas com qualidades de relacionamento humano, como afabilidade, compreensão e gentileza têm mais chances de obter o sucesso. Segundo ele, a inteligência emocional pode ser categorizada em cinco habilidades: 1. Auto-Conhecimento Emocional - reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem; 2. Controle Emocional - lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida; 3. Auto-Motivação - dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal; 4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas - reconhecer emoções no outro e empatia de sentimentos; e Habilidade em relacionamentos inter-pessoais - interação com outros indivíduos utilizando competênci RUBEM ALVES Rubem Azevedo Alves nasceu em Boa Esperança, 15 de setembro de 1933 e morreu em Campinas em 19 de julho de 2014. Foi psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, autor de livros religiosos, educacionais , existenciais e infantis. É considerado um dos maiores pedagogos brasileiros de todos os tempos, um dos fundadores da Teologia da Libertaçãoe intelectual polivalente nos debates sociais no Brasil2 . Foi professor da Universidade Estadual de Campinas(UNICAMP). Bacharel em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas. Mestre em Teologia e Doutor em Filosofia(Ph.D.) pelo Seminário Teológico de Princeton (EUA) e psicanalista. Lecionou no Instituto Presbiteriano Gammon, na cidade de Lavras, Minas Gerais, no Seminário Presbiteriano de Campinas, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro e na UNICAMP, onde recebeu o título de Professor Emérito e criou vários grupos de pesquisa. Tinha um grande número de publicações, tais como crônicas, ensaios e contos, além de ser ele mesmo o tema de diversas teses, dissertações e monografias. Muitos de seus livros foram publicados em outros idiomas, como inglês, francês, italiano, espanhol, alemão e romeno. Devido sua formação transitava pelas áreas de teologia, psicanálise, sociologia, filosofia e educação. Após ter lecionado em universidades, tinha um restaurante (a culinária foi uma de suas paixões e tema de alguns de seus textos), viveu em Campinas , onde mantinha um grupo, chamado Canoeiros, que se encontra semanalmente para leitura de poesias. Sua mensagem é direta e, por vezes, romântica, explorando a essência do homem e a alma do ser. "Ensinar" é descrito por Alves como um ato de alegria, um ofício que deve ser exercido com paixão e arte. Ensinar é fazer aquele momento único e especial. Ridendo dicere severum: rindo, dizer coisas sérias, mostrando que esta, na verdade é a forma mais eficaz e verdadeira de transmitir conhecimento. Em alguns de seus textos, cita passagens da Bíblia, valendo-se de metáforas. Foi cidadão honorário de Campinas onde recebeu a Medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura. Rubem Alves faleceu em 19 de julho de 2014, em Campinas, por falência múltipla de órgãos. O corpo foi velado no plenário da Câmara Municipal de Campinas, no interior paulista, cidade onde o escritor mineiro morava. IÇAMI TIBA Içami Tiba nasceu em Tapiraí aos 15 de março de 1941. É um médico psiquiatra, psicodramatista, colunista, escritor de livros sobre educação familiar e escolar e palestrante brasileiro. Professor em diversos cursos no Brasil e no exterior, criou a Teoria da Integração Relacional, que facilita o entendimento e a aplicação da psicologia por pais e educadores. Como palestrante Içami Tiba também já fez mais de 3.200 participações de eventos do gênero, tanto no Brasil como em outros países. Sonhou ser caminhoneiro, mas inspirado pelo médico da cidade de Piedade, Dr. Imamura, resolveu ser médico, quando este foi atender sua família em Tapiraí.7Formou-se em medicina pela Universidade de São Paulo, em 1968. Em seguida especializou-se em psiquiatria pelo Hospital das Clínicas da mesma universidade, onde foi professor assistente por sete anos. Sua especialidade é a psicoterapia para adolescentes e suas famílias, atendendo, em sua clínica particular, a mais de dois mil pacientes a cada ano, aos quais aplica os princípios da Teoria da Integração Relacional, por ele próprio criada, e técnicas de psicodrama. Para Içami Tiba, a maior parte dos problemas psíquicos dos adolescentes pode ser atribuída ao comportamento de seus pais, que agem eles próprios como adolescentes. Esses pais, na expressão criada pelo médico, estariam vivendo numa fase de "adultescência". Segundo uma pesquisa feita pelo IBOPE, a pedido do Conselho Federal de Psicologia, seu nome está em terceiro lugar como o autor de pesquisa e referência, antecedido por Freud (1° lugar) e Jung (2° lugar). Há três décadas trabalhando com adolescentes e conflitos familiares, Içami Tiba atualmente é um dos maiores especialistas nessa área no Brasil. Seu livro, Quem Ama, Educa! Formando cidadãos éticos chegou às livrarias em 2007. A nova versão, totalmente revista e atualizada, traz a visão do autor sobre a importância da educação dos pais na vida dos filhos. Marilena Chaui Marilena de Souza Chaui nasceu em Pindorama. São Paulo, em 04 de setembro de 1941. É professora de filosofia, e historiadora de filosofia brasileira. Filha do jornalista Nicolau Alberto Chaui, de origem árabe, e da professora Laura de Souza Chaui. Professora titular de Filosofia Política e História da Filosofia Moderna da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, é mestre em Merleau-Ponty e a crítica do humanismo, sob a orientação do professor Bento Prado de Almeida Ferraz Júnior. Doutora, com Introdução à leitura de Espinosa, sob a orientação da professora Gilda Rocha de Mello e Souza e livre docente de Filosofia em Espinosa e a questão da liberdade. Além de extensa produção acadêmica, Marilena também publicou livros paradidáticos de Filosofia, voltados sobretudo para o público jovem ou não especializado. Seu livro O que é Ideologia, ColeçãoPrimeiros Passos, foi selecionado pelo Ministério da Educação e Cultura como livro didático obrigatório na rede pública de ensino, tornando-se desta forma um best-seller com mais de cem mil exemplares vendidos, bastante acima da média de vendas dos livros não didáticos no Brasil. Foi Secretária Municipal de Cultura de São Paulo, de 1989 a 1992, durante a administração de Luiza Erundina. Para Marilena Chaui, a "classe média" brasileira é fascista 4 . Segundo ela, "(...) a classe média é uma abominação política, porque é fascista, é uma abominação ética porque é violenta e é uma abominação cognitiva porque é ignorante... PHILIPPE PERRENOUD Philippe Perrenoud nasceu na Suiça, em 1954. Doutor em Sociólogia e antropologia foi professor na Universidade de Genebra no campo do currículo, práticas pedagógicas e instituições de formação. Fundou e dirigiu o Laboratório de Pesquisa em Inovação na Formação e Educação (LIFE). É uma referência essencial para os educadores em virtude de suas ideias pioneiras sobre a profissionalização de professores e a avaliação de alunos. Para o autor, o sucesso e o fracasso escolar não são dependências únicas do ambiente escolar. Na sua visão, cada aprendizado deve ter como objetivo preparar os alunos para etapas subseqüentes do currículo escolar. Perrenoud questiona o objetivo da ida do aluno à escola: Esta deve ser fundamentada na mera aquisição de conhecimento ou no desenvolvimento de competências? Enfoca que o mundo do trabalho apóia-se na noção de competência e que a escola deve seguir estes passos com o intuito de modernizar-se e se inserir na corrente dos valores da economia de mercado. Vejamos as 10 competências necessárias à educação: • Organizar e dirigir situações de aprendizagem – Planejar projetos didáticos, envolver os alunos nessas atividades e saber lidar com erros e obstáculos. • Administrar a progressão das aprendizagens – Conhecer o nível e as possibilidades de desenvolvimento dos alunos, além de acompanhar sua evolução e estabelecer objetivos claros de aprendizagem. • Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação – Trabalhar com a heterogeneidade, oferecer acompanhamento adequado a alunos com grande dificuldade de aprendizagem e desenvolver o trabalho em equipe. • Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho – Instigar o desejo da aprendizagem nos alunos, integrá-los nas decisões sobre as aulas e oferecer a eles atividades opcionais. • Trabalhar em equipe – Elaborar projetos em equipe com a turma e com outros professores, trocar experiências e colaborar com outras atividades promovidas pela escola. • Participar da administração da escola – Elaborar e disseminar projetos ligados à instituição, além de incentivar os alunos a também participarem dessas atividades. • Informar e envolver os pais – Conversar, promover reuniões frequentes e envolver as famílias na construção do saber. • Utilizar as novas tecnologias – Conhecer as potencialidades didáticas de diferentes recursos tecnológicos. • Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão – Lutar contra preconceitos e discriminações, prevenir a violência e desenvolver o senso de responsabilidade. • Administrar sua própria formação continuada – Estabelecer um programa pessoal de formação continuada e participar de grupos de debate com colegas de profissão. Enfoca os termos: A pluridisciplinaridade diz respeito ao estudo de um objeto de uma mesma e única disciplina por várias disciplinas ao mesmo tempo; A interdisciplinaridade Ela diz respeito à transferência de métodos de uma disciplina para outra; A transdisciplinaridade, como o prefixo “trans” indica, diz respeito àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina; O saber sábio, quando aceito e estabelecido pela comunidade intelectual, fazer parte do acervo da humanidade, também deve ser transmitido para domínio dos futuros profissionais da área. Novas ferramentas para uma nova sala de aula O uso das novas tecnologias potencializa a ideia de pedagogia diferenciada, já que recursos como os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) e as plataformas de ensino adaptativo, por exemplo, configuram-se como meios indiscutíveis para atender aos alunos de maneira adequada. “A tecnologia nos mostra um ambiente diferenciado, extremamente atrativo e que possibilita desconstruir o espaço de sala de aula física e criar um ambiente virtual”. MARIO SÉRGIO CORTELLA Mario Sergio Cortella, nascido em Londrina/PR em 05 de Março de 1954. É Filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro. Tem Mestrado e Doutorado em Educação, professor-titular da PUC-SP (na qual atuou por 35 anos, 1977/2012), com docência e pesquisa na Pós-Graduação em Educação: Currículo (1997/2012) e no Departamento de Teologia e Ciências da Religião (1977/2007); Em 1989 concluiu seu mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sob a orientação do Prof. Dr. Moacir Gadotti, e em 1997, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Freire, conclui seu doutorado também em Educação pela PUC-SP. É professor-convidado da Fundação Dom Cabral (desde 1997) e ensinou na FGV-SP (1998/2010). Foi Secretário Municipal de Educação de São Paulo (1991-1992). Foi membro-conselheiro do Conselho Técnico Científico da Educação Básica da CAPES/MEC (2008/2010). Fez o programa "Diálogos Impertinentes" na TV PUC, no Canal Universitário. Mário Cortella tem várias obras publicadas no campo da Filosofia e da Educação. É autor, entre outras obras, de: A Escola e o Conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos;Nos Labirintos da Moral, com Yves de La Taille; Educação e Esperança; Não Nascemos Prontos!; Viver em Paz para Morrer em Paz: Paixão, Sentido e Felicidade. Assim como seu mestre Paulo Freire, Mário Cortella entende que a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda; enxerga na educação muitas saídas para problemas da sociedade. Porém, critica o fato de inúmeras famílias transferirem sua responsabilidade para as instituições escolares. Ele fala ainda da questão escola pública versus particular e como a educação está vinculada à ética, mídia, religião e tecnologia. GABRIEL CHALITA Gabriel Benedito Isaac Chalita nasceu em Cachoeira Paulista, aos 30 de abril de 1969. É advogado, jurista, professor,escritor e político brasileiro. Gabriel Chalita publicou seu primeiro livro aos 12 anos de idade. Concluiu os estudos de bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1994, e de Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia Ciências e Letras de Lorena, em 1989. Defendeu a tese "A Sedução no Discurso em Tribunais de Júri", obtendo o grau de Doutor em Comunicação e Semiótica e Direito, na PUC-SP. É autor de mais de 60 livros , entre eles: "Educação: a solução está no afeto", "Os Dez Mandamentos da Ética", "Pedagogia do Amor", "Cartas entre Amigos". Atualmente Chalita é professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, professor do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU e Membro de Conselho Editorial da Revista Profissão Mestre. É membro da União Brasileira de Escritores da Academia Paulista de Letras e recentemente foi eleito por unanimidade na Academia Brasileira de Educação. (Pesquisa e elaboração: Professor Romildo Alves – Técnico em Contabilidade; Professor Graduado pela PUC/MG; Pós-Graduado em Psicanálise Clínica) TRABALHO Nome: .................................................................................................................................................................... Data: ........./.........../................ Semestre: .......... e-mail/face ou tel.: ................................................................ • Leia a apostila com atenção, escolha 5 teóricos da educação e escreva resumidamente em poucas palavras a teoria de cada um deles, apontando qual delas é a melhor para aplicar na educação de hoje e justifique sua resposta.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

FILOSOFIA MEDIEVAL: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA

Mil anos. Foi esse o período aproximado que denominamos como idade medieval, da queda do império romano no século V até o século XV. Com o início do renascimento foram desenvolvidas duas correntes filosóficas distintas: A filosofia patrística e a filosofia escolástica, ambas possuíam concepções religiosas, porém com diferentes abordagens. Filosofia Patrística (século I ao VII): a filosofia desenvolvida nessa época teve como objetivo consolidar o papel da igreja e propagar os ideais do cristianismo. Baseadas nas Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João, a escola patrística advogou a favor da igreja e propagou diversos conceitos cristãos como o pecado original, a criação do mundo por Deus, ressureição de juízo final. Filosofia da Escolástica (séc. IX ao séc. XV): nesse período ocorreu uma retomada de muitos princípios filosóficos gregos. A grande preocupação da igreja era aliar a razão e a ciência aos ideais da igreja católica. Nesse contexto, surgiu a teologia que foi uma ciência que buscava explicar racionalmente a existência de Deus, da alma, do céu e inferno e as relações entre homem, razão e fé. Apesar das contribuições ideológicas e em alguns aspectos científicos, especialmente na geometria, aritmética, música, astronomia entre outras, a filosofia patrística e escolástica se diferencia das demais correntes de pensamento pelo fato de não aceitar verdades que poderiam, porventura, contrariar dogmas religiosos e os demais pressupostos cristãos. Pelo seu caráter em alguns aspectos manipulador, a filosofia medieval não costuma receber muita atenção de indivíduos engajados na busca científica da existência humana e do próprio universo. TRABALHO DE FILOSOFIA Nome Completo: ................................................................................................................................................ Data: .......... ⁄...............⁄................... Série: ..... Turma: ................................................. N°......... 1- Quantos anos foi aproximadamente o período considerado como Idade Média? 2- De que século até qual o século marcou o início e o fim da Idade Média? 3- Com o início do renascimento foram desenvolvidas quantas correntes filosóficas distintas? 4- Quais são as correntes desenvolvidas neste período? 5- A Filosofia Patrística foi em qual período? 6- A filosofia desenvolvida nessa época teve qual objetivo? 7- A escola patrística advogou a favor da igreja e propagou diversos conceitos cristãos. Quais? 8- A Filosofia da Escolástica (séc. IX ao séc. XV): nesse período ocorreu o quê? 9- Qual era a grande preocupação da igreja? 10- Nesse contexto, surgiu o quê? 11- A teologia foi uma ciência que buscava o quê? 12- Apesar das .................................................. e em alguns ............................................................, especialmente na geometria, ..................................................., música, ................................... entre outras, a filosofia ................................................................ se diferencia das demais correntes de pensamento pelo fato de não aceitar .............................. que poderiam, porventura, contrariar .............................................. e os demais pressupostos cristãos.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A FILOSOFIA DE SÓCRATES = O MÉTODO DIALÓGICO

Sócrates nasceu em Atenas, em 470 a.C. e morreu em 399 a.C. Era filho de um escultor e de uma obstetriz. Não fundou nenhuma escola, como muitos outros filósofos. Realizou seus ensinamentos em locais públicos (nos ginásios, nas praças públicas, etc,). Exerceu um imenso fascínio sobre os jovens e sobre os homens de todas as idades, o que lhe custou inúmeras aversões e inimizades. Sócrates é considerado o maior filósofo de todos os tempos e o divisor da filosofia. São celebres suas frases: “Sei que nada sei” e “Conheça a ti mesmo”. Sócrates disse assim, por considerar que muitas pessoas diziam saber de tudo e percebeu que muitas pessoas não se conheciam. Sócrates não escreveu nada, considerando que sua mensagem fosse transmitida pela palavra viva, através do diálogo e da “oralidade dialética”. A Descoberta da Essência do Homem Os naturalistas procuraram responder as questões sobre a natureza. Sócrates, por sua vez concentrou definitivamente seu interesse sobre o homem. Ele procurou responder qual é a realidade última do homem, realizando com isso uma revolução no pensamento de sua época, principalmente no tradicional quadro de valores. Sócrates e o Conceito de Liberdade Para Sócrates, o verdadeiro homem livre é aquele que sabe dominar os seus instintos e o homem escravo é aquele que, não sabendo dominar seus instintos, torna-se vítima deles. Sócrates e o Conceito de Felicidade Sócrates dizia que a felicidade não pode vir das coisas exteriores do corpo, mas somente da alma, porque esta é a sua essência. Para ele, quem é virtuoso é feliz, ao passo que o malvado e o injusto é infeliz. Ele afirma que o homem pode ser feliz em qualquer que sejam as circunstâncias em que lhe cabe viver e qualquer que seja a situação no além. O homem é o verdadeiro artífice de sua própria felicidade ou infelicidade. Trabalho de Filosofia Nome Completo: ................................................................................... Data: ....../....../........... Série: .... Turma: ........................... Nº: ..... 1- Caracterizar o nascimento do filósofo Sócrates. 2- Onde Sócrates realizou seus ensinamentos? 3- O que significa dizer que Sócrates exerceu um imenso fascínio sobre as pessoas de todas as idades? 4- Citar as duas frases célebres de Sócrates, comentando sobre seus significados. 5- Comente sobre as virtudes de que fala Sócrates. 6- Sócrates afirma que ninguém erra por sua própria vontade. Quem faz o mal, faz por ignorância do bem. Dê sua opinião. 7- Qual é o verdadeiro homem livre para Sócrates? 8- Qual é o homem escravo Sócrates? 9- Na sua opinião, a liberdade existe? Explique 10- Dê sua opinião, a felicidade existe? Justifique sua resposta. 11- Comente sobre o conceito de felicidade apresentado por Sócrates. 12- Para Sócrates, o homem pode ser feliz qualquer que sejam as circunstâncias em que lhe cabe viver e qualquer que seja a situação no além. O homem é o verdadeiro artífice de sua própria felicidade ou infelicidade. Comente e dê sua opinião.

domingo, 5 de novembro de 2017

O PENSAMENTO POLÍTICO DE ARISTÓTELES

Considerado por alguns como o maior pensador de todos os tempos, Aristóteles nasceu no ano de 385 a.C., em Estagiros, pequena cidade da Trácia, fundada por colonos gregos. Nicómaco, seu pai, era médico pessoal do rei Amintas II e consideravam-no como um dos homens mais sábios e cultos na profissão. É natural que Aristóteles dele tenha herdado não apenas alguns conhecimentos de medicina mas também o gosto pela observação direta das coisas que evidencia nas suas obras. Seguiu em Atenas as lições de Platão na Academia. Afastou-se no entanto do mestre para seguir o seu próprio caminho. Ficou célebre a frase que se lhe atribui a justificar a ruptura: "Sou amigo de Platão, mas ainda mais da verdade". Aliás, quando, mais tarde, já preceptor de Alexandre, foi por este interrogado sobre quem tinham sido os seus mestres, pôde responder com certo orgulho: "Foram as próprias coisas que me instruíram e nunca me ensinaram a mentir". É enorme a obra que nos legou e em que se condensa praticamente todo o saber humano do seu tempo. Ao analisá-la, não se pode deixar de ficar impressionado com a vastidão enciclopédica dos seus conhecimentos, com o seu rigor lógico e a sua profundidade metafísica, que fizeram que os historiadores da cultura pudessem falar de um "milagre grego". Tratado da Política é uma das obras que nos dão bem a medida do gênio de Aristóteles, que nela não só esboça uma filosofia sistemática do Estado, mas lança também as bases daquilo a que hoje chamamos o Direito Constitucional, encarado já nos seus vários aspectos: histórico, nacional, geral e comparado. 1. A obra A Política de Aristóteles, embora talvez surpreendentemente, é um dos grandes clássicos da filosofia política, e em que pulsa o gênio aristotélico da apreensão global de uma realidade. Adquiriu esse estatuto apesar de ser um texto incompleto e provisório, com imperfeições, repetições e remissões obscuras, e redigido a partir de uma primeira versão destinada ao ensino oral. Mas foi nesta sua obra genuína que o filósofo verteu o essencial de mais de quarenta anos de investigações que repercutem a sua concepção ampla de ciência política como filosofia das coisas humanas. O estatuto da Política surpreende menos se pensarmos que as propostas que nela emergem são a culminância de investigações presentes em obras, entretanto perdidas e noutras que permaneceram. Entre as obras perdidas relevantes contam-se os quatro livros Da Justiça e os dois sobre o Político, sugeridos pelos diálogos de Platão; os tratados Alexandre ou a colonização e o Da Monarquia, preciosos para avaliar melhor a relação do autor com Alexandre Magno, e a desconfiança perante a criação de uma monarquia mundial, das 158 constituições do mundo helênicas, recolhidas pelos discípulos do Liceu, perderam-se todas exceto a Constituição de Atenas, escrita pelo punho de Aristóteles, possivelmente como modelo de redação do corpus. Por outro lado, a Política pode, e deve ser comparada, com obras que permaneceram e que expõem o papel arquitetônico da ciência política no conjunto do saber, tais como a Metafísica e o conjunto das Éticas (a Nicómaco, a Eudemo e Magna Moralia), remanescentes de tratados (como o Protréptico) e correspondência vária. Tal como chegou até nós pela tradição manuscrita, a Política, mais que um tratado, é uma coleção de formulações, destinadas a servir de base à exposição oral. A crítica minuciosa - e em curso - estabeleceu indubitavelmente que os oito livros da Política não resultaram de um impulso criativo único. Aristóteles foi membro da Academia Platônica desde 367 a. C., quando com dezessete anos chegou a Atenas vindo da longínqua cidade natal de Estagira, até à morte de Platão em 348 a.C. Após ensinar três anos em Assos e dois em Mitilene, foi tutor do príncipe Alexandre. Regressado a Atenas em 335 a.C. aí criou, e ensinou, no Liceu. Abandonou a cidade em 323ª.C. "para evitar um segundo crime contra a filosofia", e morreu o ano seguinte em Calcis, na ilha de Eubeia. Nos trinta anos que decorrem entre os primeiros e os últimos livros, o discurso reflete a tensão entre duas orientações, a um tempo divergentes e conciliantes, das investigações de Aristóteles: as experiências da vida criativa racional, inculcadas pela Academia platônica, e o estudo da multiplicidade das manifestações do ser. Em política, tratava-se de confrontar o bem supremo com os regimes da cidade-estado que estava a ser ultrapassada pela monarquia mundial. Tratando-se de obra não sistemática, e sem o fulgor imaginativo das construções platônicas que tanto impressionaram autores como Cícero e Agostinho, apagou-se a repercussão imediata da Política no mundo antigo - uma vez extinta a palavra que a animava - até a tradição hermenêutica a reavivar. A partir do comentário de Andrônico de Rodes, undécimo escolarca do Liceu, no séc. I a.C., e em particular do comentário de Alexandre de Afrodísias no final do séc. II d.C., Aristóteles tornou-se a base de todas as escolas de filosofia política no mundo inter cultural da Idade Média - árabe, judaica e cristã; a polis é o domínio de atualização da natureza humana; para a compreender temos que compreender a natureza do homem que a forma. Os grandes medievais como Avicena, Averróes, Maimónides, João de Salisbúria, Marsílio de Pádua e, sobretudo, Tomás de Aquino, iniciaram aqui perspectivas inovadoras. A recepção escolástica criou a impressão de um pensador sistemático, impressão reforçada pelos humanistas do séc. XVI que exageraram a dissociação entre Aristóteles e Platão. Após o eclipse iluminista do aristotelismo, esse preconceito assumiu a forma de crença num autor que se libertara das dependências idealistas platonizantes. A situação agravou-se com traduções infiéis da Política que visaria estudar o "estado ideal", dois anacronismos que, juntos, são muito perigosos. Os historiadores da filosofia especularam sobre a eventual evolução do jovem Aristóteles, para o realismo da maturidade que ultrapassaria o idealismo platônico inicial; quando idealismo e realismo como concepções sistemáticas da filosofia fizeram o seu caminho até à edição, a tradição romântica oitocentista chegou a reordenar a Política, numa pretensa seqüência prístina dos tratados. Entretanto, a confusão ideológica persistente do séc. XX apresentou leituras diversas e contraditórias da obra: Aristóteles foi apodado de liberal, conservador, fascista, monárquico, republicano, defensor da classe média, defensor da aristocracia, xenófobo, e democrático. Não será difícil ao séc. XXI fazer melhor. Como é regra geral, a simples leitura dos textos originais desfaz a maior parte dos equívocos hermenêuticas. A Política é uma obra unitária na qual convergem oito tratados relativamente independentes cuja datação aproximada e concatenação ficaram estabelecidas na interpretação clássica de Werner Jaeger, de 1928. No essencial, a seqüência dos oito livros foi determinada pelo próprio Aristóteles no parágrafo final da Ética a Nicómaco: "Primeiro, procuraremos rever o que foi dito pelos nossos predecessores que investigaram este assunto. Depois, com base na nossa recolha de constituições, consideraremos o que preserva e o que destrói as cidades bem como as respectivas constituições e quais são as causas de que umas sejam bem governadas e outras não. Estudadas estas questões, podemos compreender melhor qual a melhor constituição, como cada uma deve ser ordenada e de que leis e costumes carece". Se respeitarmos esta intenção, tornam-se mais claros os arranjos sucessivos introduzidos na Política. Na forma atual, resulta de dois estratos cronologicamente distintos. No mais antigo, formado pelos Livros II, III, VII e VIII, transparece a preocupação de descrever o melhor regime de acordo com critérios derivados de considerações sobre o bem. A melhor cidade será aquela em que for possível a felicidade obtida pela vida criativa da razão. À felicidade individual deve corresponder a cidade feliz. Nesta problemática platônica, Aristóteles introduz a nova metodologia: em vez da construção discursiva de uma cidade paradigmática que não existe na história, surge a tensão entre os critérios da cidade melhor e os regimes políticos atualmente existentes; a forma da cidade melhor tem que ser procurada na experiência política imanente. Esta linha de investigação, que ocupou longamente Aristóteles e os discípulos do Liceu está na base do segundo estrato de livros: o inventário dos regimes permite apurar as condições limitadoras da ação política e as possibilidades de aperfeiçoar a legislação. Os livros IV, V e VI descrevem os regimes constitucionais do mundo helênico, com base no imenso material recolhido. De forma por vezes prolixa, acumulam-se detalhes sobre os regimes de cidades e colônias da península Grega, Ásia Menor, Magna Grécia, e bacia do Mediterrâneo. Pormenores como a referência ao assassinato de Filipe da Macedônia em 336 a.C., em Atenas, ajuda a datar este segundo conjunto de livros. É possível que o livro V - sobre as revoluções - seja uma interposição posterior entre o IV e o VI. Com a redação do livro I como introdução geral, ficou completo o tratado da Política, designado por acromático, ou esotérico, por ser para ensino oral e que comporta os oito livros seguintes: I - A natureza da cidade e os seus elementos; II - A crítica das constituições; III - A teoria da cidadania e tipos de regime; IV - A pluralidade de regimes constitucionais; V - A teoria das revoluções; VI - Democracias e oligarquias; VII - A felicidade e o regime melhor; VIII - A educação dos jovens. 2. A natureza da cidade A finalidade da obra é introduzida pela consideração de que cada cidade é uma comunidade política estabelecida em ordem a um bem. A cidade visa o bem maior porque abrange outras comunidades menores e porque possui uma auto-suficiência que as comunidades maiores não alcançam. A metodologia utilizada é a de análises e sínteses sucessivas que, tomadas isoladamente, aparecem como outras tantas simplificações e complicações mas que, vistas em conjunto, compõem um puzzle intelectual cujo desenho é sugerido pela finalidade presente em cada peça. A primeira análise aborda as partes estáticas da comunidade política. A componente inicial é a família ou casa com as relações entre marido e esposa, pais e filhos, senhores e servos. A sua finalidade é satisfazer as carências elementares quotidianas. A aldeia resulta da reunião de várias famílias ou casas; é regida por modelos derivados do poder paterno e satisfaz carências mais complexas. A cidade, enfim, resulta da associação de várias freguesias, e é uma comunidade superior que constitui o fim por natureza para o qual tendem as anteriores associações; caracteriza-se pela auto-suficiência e por promover uma vida boa; possui um poder político, (e já não paternal), cuja natureza visa libertar o indivíduo dos modos deficientes e incompletos de associação, abaixo ou acima do nível de plena realização da polis. A política é libertadora, contexto que surge a mais célebre das fórmulas da obra: "o homem é, por natureza, um ser vivo político. As categorias deste pórtico da obra - natureza, finalidade, felicidade, bem, homem, cidade, ser vivo - tocam o centro da filosofia de Aristóteles. Uma das maneiras de aceder ao centro, é seguir o desenrolar da teorização do processo de busca do fundamento nas obras de Aristóteles. Se considerarmos o termo para expressar o fundamento procurado, necessitamos de categorias causais, ou etiológicas para abordar a vida política. Se privilegiarmos a finalidade, carecemos de categorias teleológicas; se for arché, de categorias arqueológicas do princípio. Mas quer abordemos a existência do homem político procurando causas, princípios, ou finalidades, deparamo-nos sempre com o fundamento de que participa a razão humana. É necessário ter presente esta perspectiva global de Aristóteles; a natureza de qualquer realidade seja criatura viva, instrumento ou comunidade, deve ser procurada num fundamento, apresentado como causa, princípio ou finalidade. A natureza do indivíduo humano só é realizável através da comunidade social e política. O indivíduo isolado torna-se insociável e apolítico, comportando-se "como um deus ou uma besta". A polis é, em parte, um processo biológico, em parte um processo da liberdade humana. O homem não é um animal gregário, mas um animal político porque a comunidade assenta no discernimento do bem e do mal. E ao afirmar que "quem primeiro a estabeleceu foi causa de grandes benefícios", Aristóteles situa a evolução da cidade no quadro da história. O impulso inicial do fundador e o processo político do legislador são tão decisivos quanto o processo orgânico de crescimento da cidade. A metafísica das causas, dos princípios e das finalidades não impede a livre intervenção do sujeito humano. Na análise inicial da seqüência casa-aldeia-cidade, Aristóteles anuncia a intenção de analisar as componentes da cidade segundo as relações entre marido e esposa, pais e filhos, senhores e servos, mas restringe-se a estas últimas. Aristóteles aceita a escravatura e considera-a mesmo desejável para os que são escravos por natureza. Desde o nascimento, uns estão destinados por natureza a serem regidos, outros a reger; uns nascem livres, outros são escravos por natureza. Condena, porém, a existência de escravos por convenção, resultantes de contrato ou conquista. Justifica a escravatura natural pela suposta incapacidade de certos homens se governarem a si mesmos; os escravos por natureza devem submeter-se ao governo do senhor no interesse deste e de si próprios. Contudo, o poder conferido pela força não confere o direito de escravizar prisioneiros de guerra, e menos ainda é lícito escravizar Gregos; o povo helênico é, por natureza, livre. Em paralelo com afirmações anteriores da Ética a Nicómaco (EN,1161b3) alega ainda a necessidade econômica: o escravo é um "instrumento animado" que maneja instrumentos inanimados. Tais afirmações sobre a escravatura são chocantes e mesmo indignas, na medida em que pretendem conciliar a existência da escravatura com uma idéia de natureza humana universal; noutros tempos, foram aproveitadas como justificação política. E, contudo, não nos podemos permitir ser sentimentais neste tema. A categoria social de escravatura é recorrente na história; a ausência de liberdades (de circulação, de opinião, de reunião, de escolha) nos países comunistas antes de 1989, convertia a esmagadora maioria dos habitantes em escravos por convenção. Convém, ainda, assinalar que a condenação ética do escravo por convenção e a aceitação do escravo por natureza era um dilema significativo para o Aristóteles que, por testamento, libertou os seus próprios escravos. A problemática inovadora da economia no Livro I, tem por objeto a riqueza doméstica embora os preceitos da "lei ou administração da casa", também se apliquem à cidade, pois se dirigem ao pai de família e ao político. A economia destina-se a produzir bens de consumo próprio; a crematística, ocupar-se de trocas por dinheiro, proporciona bens com vista ao lucro, exige a criação de dinheiro e funda-se na conveniência em facilitar as trocas. A forma de aquisição econômica de riqueza consiste em obter os bens necessários à vida com moderação e sobriedade. Mas se a economia tem um limite porque o seu fim não é aquisição ilimitada, já a aquisição crematística de bens é especulação. Surpreende esta avaliação moral da economia, decerto não está recordado dos motivos que levaram Adam Smith a investigar os meios de riqueza das nações em ordem a estabelecer os fins da economia, nem do debate, nas religiões cristã, islâmica e judaica, sobre o sentido da atividade econômica. O Livro II da Política transita da natureza estática da cidade para a sua atualização, apreciando programas visionários e constituições. Surge a grande crítica a Platão, bem como a Fáleas de Calcedónia e Hipodamo de Mileto; a avaliação dos regimes de Esparta, Creta e Cartago e das legislações de Sólon, Filolau, Carondas e Pítaco. Através das lições derivadas de críticas e encômios vários, Aristóteles insiste num problema muito claro: os habitantes da cidade têm que possuir uma certa unidade. Mas qual? E quanta? E como? O problema teórico é saber o que deve ser possuído em comum; se todas as coisas, se nenhumas, se algumas. O mínimo comum imediatamente aceitável é o território. O máximo comum, a ser liminarmente rejeitado, seria a posse comum de bens, mulheres e filhos como surge na intrigante proposta da República de Platão. A demorada crítica a Platão pode suscitar a impressão de uma oposição ao platonismo; não é o caso num discípulo da Academia que continua o essencial do platonismo. A primeira crítica contra a comunidade somática de mulheres e filhos é realizada em nome da liberdade. O excesso de unidade liquidaria a cidade, dependente da ação individual dos seus membros. "A igualdade na reciprocidade é a salvaguarda das cidades, tal como já foi referido na Ética, já que isto tem que ocorrer entre indivíduos livres e iguais". Outra razão para recusar a uniformização é a teoria da amizade, a força viva de cada sociedade. A amizade, também pode ter a conotação de amor e comunicação, é a substância do relacionamento humano e a dinâmica de todas as relações sociais duráveis, e de onde os governos retiram estabilidade. "Acreditamos que a amizade é o maior dos bens para as cidades". Cada indivíduo apresenta-se como o centro de uma rede de relações diversificadas. Se nada existe para preencher essas relações, a cidade perde capacidades. Ora a comunitarização das relações sexuais faz desaparecer o relacionamento saudável de pais e filhos, e as excelências humanas que eles geram. O terceiro argumento em prol do que chamaríamos, segundo Bergson, "sociedade aberta" é o da propriedade. "Existem duas coisas que fazem com que os seres humanos sintam solicitude e amizade exclusiva: a propriedade e a afeição". A propriedade comum dos bens é contrária ao amor próprio que irradia da individualidade para a propriedade privada. A regulamentação da propriedade deve permitir a cada um dispor de uma esfera de ação individual, sendo a desregulamentação a causa da maior parte das revoluções. Este ponto tem conseqüências programáticas evidentes. As causas das revoluções não residem na existência de propriedade privada mas no apetite ilimitado de riquezas, que deve ser "domesticado" pela educação. O conjunto das críticas à comunidade que Sócrates descreve na República é bem indicativo do realismo de Aristóteles. "Cada um pode imaginar hipóteses, mas deve evitar o impossível.". Esta impossibilidade não reside na descrição platônica da natureza do homem nem no sistema educativo proposto, mas precisamente nos meios imaginados por Platão que indicam falta de confiança no processo educativo e um radicalismo insustentável nas instituições. O excesso de uniformização da sociedade destrói a capacidade de atualizar as potencialidades humanas através da livre realização do bem. 3. A forma da cidade O Livro III sobre a teoria da cidadania é o centro de gravidade da Política. Na versão original, corresponderia ao primeiro tratado; na forma definitiva da obra, esta investigação sobre o domínio de ação do legislador, é mediadora entre a introdução à natureza da cidade, nos livros I e II, e as aplicações legislativas nos Livros IV, V e VI. Aristóteles introduz agora a cidade como um composto, uma multidão diversificada, de que cada cidadão é uma parte. A cidade é por Além da natureza da cidade, o legislador tem que conhecer a politeia, (regime, constituição, ordem constitucional, forma de governo, regime constitucional). Se a unidade política fosse apenas o resultado de um processo biológico, o teórico apenas teria que relatar o processo de crescimento, saudável ou doentio, e de corrupção. Mas a cidade-estado também resulta dos atos libertadores dos fundadores originais e dos fundadores permanentes que são os legisladores e os governantes, e os cidadãos que participam na vida política. A comunidade de cidadãos é comparada a uma comunidade de marinheiros numa embarcação. Em ambas ocorre uma divisão de funções, cuja combinação de dinamismo e ordem é necessária à segurança na viagem. Analogamente, os cidadãos, embora desiguais, têm como tarefa comum a segurança da comunidade. Quanto à pergunta sobre o que é um cidadão, Aristóteles procede por eliminação de critérios. A residência no território é critério insuficiente porque estrangeiros e escravos também a podem possuir. O direito de processar e ser processado judicialmente são insuficientes; pode ser assegurado a estrangeiros mediante tratado. A descendência materna ou paterna também não basta; coloca um problema de regressus ad infinitum; e os fundadores da cidade acabariam por não se enquadrar no critério. Assim, cidadão é, verdadeiramente, o que participa na vida política, através de funções deliberativas ou judiciais; e designa-se por cidade a multidão de tais cidadãos em número suficiente para alcançar a autarquia. Seguindo a concepção misógina corrente no mundo helênico, Aristóteles exclui da cidadania as mulheres, as crianças, os anciãos que ultrapassaram um limite de idade, os estrangeiros residentes (metecos) e os escravos. Esta listagem de exclusões mostra que Aristóteles tem dificuldades em criar um critério de cidadania. Aliás, acaba por admitir que a ascendência por via paterna é importante para se ser cidadão. A resposta não é teoricamente muito satisfatória, nem talvez fosse pretendida como tal. Aristóteles descobriu que, em ciência política, a noção de perfeição é singularmente vazia, sendo mais importante investigar de que modo a natureza comum do político se atualiza de modo diferente nas inúmeras variantes constitucionais. Esta nova problemática da tensão entre natureza da cidade e forma dos regimes políticos é a resposta teórica aos materiais de 158 constituições helênicas. Em vez de procurar fazer coincidir natureza e forma para obter uma "cidade ideal" - desejável, mas impossível de estabelecer - Aristóteles verifica que as imperfeições dos regimes resultam da falta de protagonismo dos cidadãos livres e iguais que deveriam constituir o grupo predominante na vida política. Esta preocupação é ética e política, e mesmo estética e religiosa, segundo os significados modernos dos termos. Se diferentes tipos humanos buscam a felicidade de diversos modos, forçosamente possuem diferentes formas de governo. Cada polis é uma multidão com tipos humanos extremamente diversificados; segundo Aristóteles apenas um pequeno grupo de indivíduos responsáveis (insistentemente designados por spoudaoi) atingirá uma estatura moral completa ou perfeita; outros serão bons cidadãos, sem serem forçosamente homens de bem: outros nem possuem os requisitos necessários para a cidadania, tal como os metecos. No grau inferior desta escala estarão os escravos por natureza. E a escala é ainda mais complicada devido a interferências de sexo, idade, profissão, posição econômica e destino pessoal, condições da sociedade e da civilização e fatores geográficos e étnicos. A variedade de tipos humanos resultante é enorme e mostra-nos uma sociedade pluralista. Para efeitos de descrição, podemos concentrar-nos nos dois pólos opostos desta escala social: o indivíduo responsável e o escravo (spoudaios e doulos). Aristóteles está consciente de uma aporia. Como pode a diferença de tipos humanos reconciliar-se com a idéia de unidade da natureza humana? Tendo o escravo a capacidade de virtude, como se distinguirá do homem livre? E se é humano, como pode deixar de ter razão? A sua solução reside na descrição de caracteres em termos de predominância de um dos componentes. A diferença entre seres humanos é de espécie, e não de grau nem de gênero. Aristóteles sustenta a igualdade da natureza humana, a par de diferenças de personalidade. A desigualdade evidente entre homem livre e escravo não significa uma diferença de natureza. A natureza é idêntica para todos devido à razão, mas a disposição interna desta é extraordinariamente diversa. O escravo por natureza é um caso de máximo afastamento das virtudes dianoéticas e éticas, e na mente misógina de Aristóteles, também as mulheres e crianças se afastam desta culminância. Quanto ao homem bom (spoudaios), Aristóteles segue a mesma metodologia de descrição do caráter em termos de predominância de um dos três componentes da alma: desejo, vontade e razão. Em Ética a Nicómaco, definira os três tipos de busca da felicidade que se caracterizam pela predominância respectiva do desejo, da ação e da contemplação criadora por parte do intelecto ativo do ser humano. Nas correntes filosóficas da época e na Academia em particular, existiam as pressões para desvalorizar a vida do desejo e para o filósofo se retirar da vida política. Era o que se verificava nas propostas de cínicos, cirenaicos e megáricos e no posterior sucesso das correntes estóico e epicurista. Mas, sem abdicar do primado da razão - científica, artística e mística - Aristóteles é resolutamente a favor da vida política, ou vida ativa, como meio de alcançar a felicidade. A cidade não existe apenas para viver; justifica-se se proporcionar uma vida do bem; caso contrário também poderia existir uma cidade de escravos, ou de animais. Quando um grupo realiza a excelência humana, deve tornar-se representativo da cidade e criar um regime político em que conflua a natureza e a melhor forma. O melhor regime será aquele em que o grupo governante exibir a excelência humana, em particular as virtudes éticas e dianoéticas em vários graus de atualização. A eudaimonia será alcançada mediante a vida ativa proporcionada pelas virtudes dianoéticas. Uma interpretação moralista diria que o fim do governo é tornar os homens virtuosos, subordinando a política à ética. Mas pelo contrário, para Aristóteles, é a ciência política, a ciência da conduta do homem em sociedade que engloba a ética, ciência da conduta individual do homem formado pelo nous. A Política de Aristóteles resume os preceitos finalistas e eudemonista da sua Ética: "Todos aspiram a viver bem e à felicidade. Toda a ação humana está orientada para o bem e para a felicidade que se define como criatividade da alma dirigida pela virtude perfeita. A virtude mais humana consiste na busca do bem e da felicidade". O homem atinge a felicidade através da virtude. Mas uma vez que as excelências ou virtudes humanas apenas são realizáveis na esfera da sociedade política, a cidade tem que preocupar com a virtude. A cidade não é apenas uma comunidade de lugar, nem um recinto amuralhado cujo fim seja evitar a injustiça e facilitar as trocas comerciais. O fim da comunidade política é assegurar aos cidadãos a vida boa. A vida boa é conforme a virtude, "Não só se associam os homens para viver, senão para viver bem caso contrário haveria cidades de escravos e de animais. E isto é impossível porque estes não participam da felicidade". Por "vida boa" não se deve entender abundância de bens materiais que caracteriza o que correntemente se chama a sociedade de consumo, ou mais vulgarmente, a boa vida. Os elementos apresentados sublinham que para viver bem "a cidade é uma comunidade de homens livres". Apesar de tudo, estas respostas parecem demasiado teóricas para resolver os problemas da vida política. Aristóteles tinha outras conclusões disponíveis para os seus silogismos, se escolhesse outros termos médios. Poderia, por exemplo, ter concebido um modo de existência semelhante ao das comunidades religiosas órficas ou das escolas filosóficas, que estavam a iniciar processos semelhantes ao que o cristianismo designaria por santificação da vida. Mas, além do anacronismo, tais propostas seriam consideradas perigosamente apolíticas por Aristóteles. Uma segunda possibilidade seria conceber a cidade-estado segundo o modelo da monarquia mundial presente na formação do império helênico, sob a hegemonia da Macedônia. Que sucederia se aparecesse um indivíduo ou um grupo de indivíduos superiores pelas virtudes? Aristóteles indica que se um homem destacasse acima de todos os outros, não deveria ser tratados segundo as regras correntes; seria "como um deus entre os homens", passagem que alguns interpretam como referida a Alexandre Magno, embora nada no texto o sugira. Sabemos que Aristóteles aprovava o plano de guerra defensiva de Alexandre, herdado de Filipe, contra as satrapias persas da Ásia Menor, a fim de preservar as cidades helênicas da zona. Mas discordou da transformação deste projeto em ofensiva para a conquista e criação de uma monarquia mundial. Tal império exigiria uma violência ou não aprovava. Noutro contexto, referindo explicitamente a identidade da felicidade com a atividade virtuosa, explora a hipótese de o poder supremo ser o mais excelente dos bens porquanto permite realizar ações nobres mas rejeita a hipótese: a excelência inicial seria perdida com a violência exercida para obter o poder. A vida ativa da cidade helênica de homens livres é, pois, o modelo definitivo de existência humana em sociedade. A antropologia e a ética clarificaram o significado da felicidade na dimensão pessoal que assenta no bem; analogamente, a melhor comunidade é a que proporciona a melhor vida para o indivíduo. A idéia teórica é convertida em critério para julgar a cidade e as categorias podem ser transferidas: o homem excelente tem o seu paralelo na idade excelente; o homem feliz na cidade feliz (polis eudaimon). A felicidade da cidade é alcançada quando os cidadãos estão treinados de modo a que todos os estratos da existência humana estejam desenvolvidos. Como Aristóteles tem um evidente orgulho helênico, e considera a Hélade como o centro do mundo (literalmente o umbigo, omphalos) e assim a pretende manter sem unificação política do mundo. De acordo com sua teoria da distribuição dos caracteres étnicos, combinam-se na identidade helênica o ânimo (thymos) típico dos povos da Europa e a habilidade dos povos da Ásia. Cada cidade-estado helênica deve ter um fim em si mesma e unificarem as suas partes sob a ação da vida ativa do indivíduo responsável. Pensar o indivíduo, a cidade e o divino sob o modelo da auto-suficiência, e no quadro do cosmos, é um modelo que melhor transmite a grandeza e os limites do próprio Aristóteles. 4. Natureza, forma e legislação Na análise empreendida nos três primeiros livros, Aristóteles recorreu a importantes distinções metodológicas. Após analisar a natureza da cidade nos livros I e II, a observação das evoluções constitucionais fê-lo criar a nova categoria de forma da cidade. No livro III, o regime (politeia ) adquiriu essa função de ser a forma da cidade perante a matéria que são os cidadãos. Contudo esta segunda relação levanta duas novas dificuldades. Por um lado existem indivíduos que pertencem, mas não participam na vida da cidade. São membros da cidade, mas não são cidadãos segundo a forma. Por outro lado, admitida a distinção entre o homem de bem e bom cidadão, só em circunstâncias excepcionais, poderia haver coincidência entre ambos. Para evitar a quebra da filosofia das coisas humanas, e a tensão entre ciência ética e ciência política cujas conseqüência prática seria entregar o governo aos expedientes sofísticos ou aos tiranos e remeter o indivíduo para a existência amorfa e apolítica - Aristóteles solicita ao legislador que se aproxime da natureza, através da legislação. É preciso a todo o custo sustentar a filosofia da cidade como a comunidade em que o homem pode realizar a sua natureza de modo pleno. O problema reside em saber se as categorias de Aristóteles descrevem este processo. As raízes das dificuldades são bem conhecidas: resultam da aplicação de categorias ontológicas, criadas para analisar a natureza aos problemas da existência humana, na dimensão da pessoa, da sociedade e da história. Forma e matéria foram categorias concebidas para definir entidades como organismos, artefatos, e a ação intencional; a forma é imposta à matéria num animal; o desenho é imposto pelo artesão ao material; a intenção é a forma imposta aos meios para alcançar um fim. De tal modo Aristóteles conhece as dificuldades de transformação das categorias em tópicos fora do âmbito original, que a sua exposição é o melhor guia de resolução das dificuldades. Se as categorias forem aplicadas a uma polis, a politeia será a forma e os cidadãos a matéria? Todos, então, deverão ser cidadãos? Ou sós os que participam no governo e votação? Numa tirania ou oligarquia seria impossível, porque os homens livres perdem o direito de votar ao contrário do que sucede em democracia. Admite que definir o cidadão como o participante no processo de decisão só vale em democracia, mas não insiste demasiado neste ponto. Quer reter o regime como a forma da cidade e os cidadãos como matéria. Mas surge, assim, o novo problema de uma cidade mudar de identidade cada vez que muda de regime e o caso perturbador de o homem de bem poder ser mau cidadão ou o bom cidadão cumpridor das leis, ser um indivíduo moralmente detestável. A tensão entre as exigências da ética e da política tornava-se inconfortável e a unidade da análise ético-político ficaria destruída. Mas apesar de tudo isto, Aristóteles não modificou o paradigma de análise. Porquê? Que motivos tinham para assim proceder? Aristóteles estava consciente que o regime constitucional (politeia) não pode ser construído como essência ou forma da sociedade porque não possui estatuto ontológico próprio; é apenas uma rede de instituições políticas que existe no tempo histórico. Acresce que Aristóteles expôs claramente que a forma política da cidade é apenas uma fase de um ciclo mais amplo constituído por realeza, aristocracia, oligarquia, tirania e democracia. A primeira exposição deste ciclo remonta a Heródoto; Platão conferiu-lhe um alcance geral para todas as cidades helênicas cujo decurso histórico se tornava assim uma unidade plausível de investigação. Ademais, o mundo helênico como unidade de civilização prolongava-se no passado até aos Aqueus, tal como narrado na epopéia da conquista de Tróia, e até Creta, através dos mitos atenienses de Teseu. Finalmente, o futuro imediato do mundo helênico estava marcado pela expansão Macedônia e pela conquista da Ásia por Alexandre. A independência das polis helênicas, comprometida pelas longas guerras civis que se sucederam à épica resistência contra as invasões persas, desaparecera em virtude da unificação Macedônia. Uma vez que estes dados eram óbvios, é preciso justificar por que razão Aristóteles não investigou na Política a seqüência que conduzia desde o regime até ao ciclo político, à nação helênica, à história grega e à comparação entre civilizações. A decisão de eleger a polis como a única unidade de inquérito depende do que lhe parecia relevante no seu conceito de ciência política e dentro da experiência helênica. Aristóteles é um filósofo: interessa-se pela estrutura e não pela história da sociedade. Admite um modelo proveniente das investigações históricas, mas insiste em articular a essência da polis. Isso é sustentável, desde que se admitam os pressupostos: a natureza do homem atualiza-se através do culto do bios theoretikos; a manifestação da humanidade do só é possível numa cidade-estado. Nenhum destes pressupostos aristotélicos é hoje admissível num quadro de referências muito mais diferenciado pelo cristianismo, pela modernidade, e também pelo anticristianismo e pela pós-modernidade. O erudito poderia ficaria satisfeito com este estado da questão; o filósofo e o legislador não. Se a constituição perfeita é realizável, então há todo o interesse em conhecer a estrutura empírica da cidade de modo à nela realizar a ordem perfeita. Para reconstruir a sociedade presente, exige-se o conhecimento da realidade política. E, contudo não se trata tanto da famigerada intervenção do "realismo" de Aristóteles a suprir um pretenso "idealismo"; é precisamente a decisão teórica de Aristóteles de cercear a investigação à cidade-estado segundo a natureza, que o obriga a efetuar a análise prática da forma ou regime constitucional. 5. A pluralidade dos regimes A partir do cap.6 do Livro III, é introduzido o exame dos tipos de ordem constitucional mediante uma nova definição de politeia: "Um regime pode ser definido como a organização da cidade no que se refere a diversas magistraturas e, sobretudo, as magistraturas supremas; em qualquer cidade, o elemento supremo (kyrion) é o governo, e o governo é o próprio regime". A parte determinante numa democracia será o povo, numa oligarquia o grupo dirigente, e assim sucessivamente. Um segundo critério de diferenciação entre regimes é o interesse comum (sympheron): "os regimes que se propõem atingir o interesse comum são retos, na perspectiva da justiça absoluta; os que apenas atendem aos interesses dos governantes são defeituosos e todos eles desviados dos regimes retos". Ao invés das constituições justas, as injustas apenas olham aos interesses particulares dos governantes. Da combinação destes dois princípios resulta a célebre classificação dos seis tipos de politeiai em duas séries de regimes justos e injustos. Aristóteles está consciente das limitações desta classificação jurídico-política de origem platônica, que não se coaduna à realidade política e corrige-o com a preocupação do concreto social e, especificamente, econômico. Em regra os ricos são poucos e os pobres muitos, sendo a democracia e a oligarquia os dois regimes mais freqüentes. Na prática, existe um terceiro grupo de indivíduos que intervém nos conflitos políticos - os virtuosos - sejam eles mais ricos ou mais pobres. Cada um destes três grupos funda a sua pretensão de governar a cidade num critério parcial de justiça; os pobres falam em nome da liberdade, os ricos devido à posição econômica, os virtuosos pelo desempenho da excelência: é inevitável o conflito político entre estas pretensões. Mas perante interpretações parciais, afinal o que é a justiça? Segundo Aristóteles, consiste na igualdade de tratamento para os iguais e no tratamento desigual para os que têm méritos desiguais. Quando um destes princípios parciais de justiça é aplicado isoladamente, cria conflitos: os possuidores de riquezas tendem a generalizar a sua desigualdade relativa; os que são iguais em liberdade de nascimento generalizam esta sua característica. O conflito decorrente entre ricos e pobre não pode ser resolvido em favor exclusivo de uma das partes, nem minorado por uma solução contratual. A visão ambiciosa de Aristóteles exige que a cidade seja mais do que uma associação fundada para a segurança e defesa e para a troca de bens. A cidade é uma comunidade de aldeias e de famílias, baseada na amizade entre seres humanos e a amizade apenas se alcança através da realização do supremo bem. A realização de ações dignas na cidade exige a participação dos indivíduos virtuosos; não é um luxo; é indispensável para contribuírem com as excelências de que a cidade carece. A fidelidade e a consistência do método de Aristóteles pode ser bem apreciada nesta elevação do problema politológico do conflito de classes - que ele reconhece - ao nível da consideração ontológica sobre os fins da existência humana. Uma vez que não existe uma solução final dos conflitos sociais, as soluções possíveis assentam no estabelecimento de uma ordem justa. O que é justo beneficia a cidade e cada cidadão. "A justiça é própria da cidade já que a justiça é a ordem da comunidade de cidadãos e consiste no discernimento do que é justo". A justiça deve presidir e regular as relações sociais entre os membros da cidade, de modo a conferir fundamento e coesão e à vida social. A justiça política (politikón dikaion) que é própria do homem articulado em sociedade tem dois aspectos: a obediência às leis, às quais se deve ajustar a conduta dos cidadãos: e o critério de igualdade (isonomia) não para todos, senão para os iguais, já que a desigualdade parece justa, e é, com efeito, não para todos, senão para os desiguais. Tal como a natureza impulsiona os seres humanos a agruparem-se em comunidade, as leis (nómoi) fundamentais também possuem uma origem na natureza. Aristóteles distingue entre leis escritas (oi kata gramata nomoi) visionadas e promulgadas pelo legislador; e leis não escritas ou consuetudinárias (kata to ethe); pronuncia-se pela superioridade das leis não escritas, mais seguras e fortes, porque a força da lei deriva do hábito e do costume e ganha vigor com o decorrer do tempo (diachronon plethos) (II,8, 1269ª20). A supremacia da lei resultante do tempo é fonte de força para a comunidade e de estabilidade da constituição. Por isso mesmo, é melhor ser governado por leis do que por homens, sempre sujeitos às paixões. Em termos atuais, estranhamos a referência da desigualdade, mas notamos que a base de idéia de justiça é a supremacia da lei, fundada na natureza. As dificuldades em encaixar estas novas peças de puzzle é resolvida pela apresentação das formas de regime político como fases de um processo histórico. Surge, assim, a célebre análise do ciclo das formas políticas. A realeza surgiu como forma primitiva de governo quando um homem preeminente em virtude impunha as suas qualidades de fundador da cidade com proveito comum. Quando este governo virtuoso fez crescer a prosperidade, surgiu um grupo de barões que não aceitavam submeter-se e que criaram uma república aristocrática. Quando esta classe de aristocracia degenerou e enriqueceu a expensas da população, surgiram oligarquias sem o sentido da honra. A concentração da riqueza nas mãos de um só indivíduo gerou a tirania. A tirania, enfim, cedeu o lugar aos regimes dominados pela plebe urbana, massas de homens livres apenas no nome, mas sem a virtude de saberem governar em democracia. Aliás, devido ao crescimento histórico da massa populacional, a democracia tornou-se a única constituição aceitável na área helênica. A apresentação dos tipos básicos de regime, o conflito de classes sociais e o ciclo de evolução dos regimes constituem três variantes de análise política que, por comodidade, podemos designar de constitucional, sociológica e histórica. Nenhuma delas é suficiente. A classificação político-jurídica de boas e más constituições falha devido ao critério insuficiente da observância das leis já que "as leis devem ser estabelecidas de acordo com o regime"; "as leis devem ser feitas segundo a constituição e não a constituição segundo as leis". Uma vez que a constituição depende dos diversos grupos sociais, torna-se necessário analisar o respectivo equilíbrio de forças. Contudo, estabelecida a exigência de equilíbrio entre as pretensões de vários grupos para impedir a instabilidade e a revolução, a análise é inconcludente porque não situa a evolução da cidade. A classificação histórica acrescenta o ciclo político da evolução provável dos regimes políticos; mas é evidente que o processo de deterioração e corrupção da virtude dos fundadores pode - e deve - ser contrariado pela intervenção justa e oportuna dos legisladores. A estes três princípios acrescentam-se outros tais como condições geográficas, acidentes históricos, o caráter e o número da população. Atinge-se, assim, uma pluralidade de formas constitucionais que ultrapassa em muito os seis originais, e que faz jus ao gênio aristotélico de inventariarão dos materiais empíricos. Seria empobrecedor unificar os diversos tipos de análise num só, ou eleger um como determinante. Uma vez mais assistimos ao trabalho da enteléquia. Aristóteles não articula a finalidade para onde se encaminha a análise porque isso seria antecipar indevidamente a contribuição das particularidades investigadas, mas em por isso esse telos deixa de ficar patente e luminoso através dos dados aduzidos; neste caso, é o espetáculo aparentemente zoológico da pluralidade de constituições que forma o objeto da recolha pelo Liceu e de que os Livros IV, V e VI dão uma antevisão. 6. Os vários regimes ideais A coexistência de princípios gerais e materiais empíricos exigem critérios de classificação. Como, por seu turno, estes critérios dependem de princípios de apreciação do que é melhor para a cidade, o problema do regime melhor não se pode reduzir a uma fórmula política definitiva. Desta interação entre elementos paradigmáticos e pragmáticos que percorre toda a obra, Aristóteles extrai um programa muito claro, no início do Livro IV. Compete à ciência política examinar, sucessivamente, "a melhor forma de regime em absoluto"; a "forma melhor tendo em conta as circunstâncias"; "a forma de regime que se estabelece segundo um pressuposto"; e "a forma de regime que melhor convém ao conjunto de todas as cidades". A fim de cumprir este ambicioso programa nos livros IV, V e VI que correspondem à elaboração tardia da Política e à última década da sua vida, Aristóteles introduz um novo método analítico para distinguir mais do que as seis formas de regime. Compara a cidade a um animal com vários órgãos, em número definido, mas formatos diversos. Analogamente, cada cidade possui conjuntos variáveis de um determinado número de funções necessárias. As funções necessárias à cidade são as de agricultores, trabalhadores manuais, mercadores, artesãos, militares, juizes e membros da assembléia, magistrados, e ricos proprietários. Como são possíveis diversas combinatórias destas funções, os números de regimes a analisar é muito extenso. Após a introdução do novo esquema abstrato, seguem-se considerações concretas. Em primeiro lugar, duas destas funções podem surgir no mesmo indivíduo; é possível ser simultaneamente artesão e deliberados, guerreiro e magistrado: rico e pobre ao mesmo tempo é que é impossível. Como riqueza e pobreza são as partes eminentes (malista) da cidade em relação a outras menos determinantes, oligarquia e democracias tornam-se os regimes mais eminentes e em função dos quais todos os outros devem ser analisados. O debate sobre estes dois regimes ocupa a melhor parte do Livro IV e todo o Livro VI, embora também sejam tratadas as realezas, aristocracia, regime constitucional. Todo o Livro V estuda as revoltas e as revoluções com o duplo objetivo de conhecer o fenômeno revolucionário e os meios de preservar a estabilidade. As revoluções resultam do agravamento de incidentes mínimos. Entre as suas causas contam-se ressentimentos, insolência, medo, desprezo, intriga, ação de demagogos; mas todas estas causas, algo psicológicas, se deixam reconduzir à desigualdade de condições sociais e à parcialidade no exercício da justiça por parte dos governantes. "A melhor forma de regime em absoluto" é apresentada através de uma redefinição do regime aristocrático, já debatida no Livro III. O essencial da aristocracia é a "identidade absoluta entre homem bom e bom cidadão". Todos os regimes políticos se tornam deficientes relativamente à aristocracia como a melhor constituição (orthotatos). Existe uma pseudo-aristocracia em que a escolha segundo a riqueza ou o nascimento substitui o critério da meritocracia. Os regimes aristocráticos ou permanecem pouco acessíveis ou aproximam-se dos chamados regimes constitucionais. Uma vez que, de acordo com os princípios desenvolvidos na Ética, a vida feliz decorre conforme à virtude, e a virtude é um justo meio (mesotes). Segue-se que a melhor vida é uma média que cada indivíduo possa atingir e o melhor regime deve refletir esta mediania. Tal regime que "melhor convém ao conjunto de todas as cidades" ajudaria a resolver os conflitos sociais entre ricos e pobres. Em todas as cidades encontramos um estrato social com uma quantidade média de posses. Se acrescentarmos que a riqueza excessiva gera a insolência e a pobreza gera a criminalidade e malícia; e que a amizade apenas cresce entre os que são iguais em qualidades; estão reunidos todos os elementos para o legislador confiar na classe média como o bastão mais seguro da cidade. Mesmo que tenha de atuar num regime que não seja imediatamente favorável - oligárquico ou democrático - o legislador procurará favorecer a classe média. Para Aristóteles não se tratava apenas de uma recomendação teórica; era um dado comprovado historicamente e com repercussão direta na sua vida. Na década iniciada em 350 a.C. Hermias de Atarneus elevara-se da condição humilde até à situação de tirano, sob a proteção persa. Entrando em contacto com os platônicos Erasmo e Corisco da vizinha cidade de Scepsis, acabou por seguir-lhes o conselho, transformou o regime tirânico em moderado, concedendo liberdades à classe média. Quando Aristóteles saiu de Atenas em 347 a.C, dirigiu-se para Assos, entretanto concedida aos conselheiros platônicos. Aí casou com Pítias, sobrinha e filha adotiva de Hermias. O êxito deste levou a que várias cidades se submeteram e a esfera de influência helênica na região alargou-se, a ponto de os Persas se sentirem ameaçados. Hermias foi atraído a uma armadilha em Susa e torturado para confessar os segredos de relações diplomáticas com a Macedónia. Dídimo deixou registradas as últimas palavras do governante antes de ser crucificado. "Digam aos meus amigos e companheiros (pros tous philous kai hetairous) que nada fiz que desmerecesse a filosofia", um breve, mas grandioso tributo. A autenticidade do episódio e a sua importância decisiva para Aristóteles são comprovadas pelo hino à Virtude que depois, corajosamente, escreveu em Atenas, em tempos de impopularidade da aliança Macedônica, e em que revestem de formas poéticas estes fatos históricos bem conhecidos. As condições de Atarneus, contudo, eram excepcionais. Como a classe média é pequena, impõem-se as oligarquias e as democracias. Em parte nenhuma existem "cem homens bons e bem-nascidos" que possam executar a política de moderação que convém à classe media. E a mais importante recomendação pragmática de Aristóteles adquire o som mais de um lamento do que um programa. Os livros VII e VIII reafirmam que o melhor regime é o que permite a mais plena atualização da natureza humana com estabilidade política. Após breve exposição da teoria dos bens, da felicidade, das partes da alma, da auto-suficiência e de outros pontos de filosofia já referidos, Aristóteles introduz o estudo inovador das choregiai, os condicionalismos materiais dentro dos quais o legislador deve agir. Se as condições de população, território, localização e caráter natural forem insatisfatórias à partida - território e população excessivas ou escassas, economia desregulada, caráter servil do povo - nem o melhor legislador pode agir bem. Deve procurar, pois, a quantidade de população necessária à auto-suficiência; território com autarquia agrícola e facilmente defensável; localização com proximidade ao mar mas não tanto que o influxo de estrangeiros através de porto descaracterize a cidade; quanto ao caráter, o dos helenos parece ser o mais adequado. Para voltar a propor o melhor regime político, a polis é redefinida como um conjunto (systasis) do qual nem todos os componentes são considerados partes, e embora todos sejam indispensáveis à sua existência. A cidade carece de quem a alimente, defenda, administre, governe, negocie. Mas como a cidade é uma associação de indivíduos semelhantes em busca da vida melhor, e como a atualização da natureza humana não é possível para todos, nem todos podem partilhar na associação de iguais. Na cidade melhor, os cidadãos membros da associação governante devem ter o lazer necessário para desempenhar os cargos de modo excelente. Por isso, guerreiros, oficiais e sacerdotes devem possuir a maior porção da propriedade. Os ricos possuem muita propriedade, mas esta é um instrumento (organon, 1264b8-25) e, mesmo que inclua seres vivos, não é parte da cidade. Será isto "fascismo"? Ou oligarquia dos virtuosos? Ou platonismo às avessas? Para avaliar Aristóteles a mais de vinte e três séculos de distância é preciso ter presente que o seu problema teórico é o de reconhecer o regime melhor. Como proporcionar o quadro político para a manifestação das excelências humanas? Onde existe um grupo humano suficientemente grande para estabelecer esse regime? Não existem os "cem homens capazes", nem Aristóteles está a sugerir uma teoria da conquista do poder e do golpe revolucionário. A recomendação da classe média era vital. Aceita que só a democracia urbana pode ter estabilidade em época de proliferação das massas. Mas esta necessidade histórica não substitui um critério de apreciação, aliás, para bem da própria democracia. No cap.7 de Livro VI começam as reflexões sobre educação que ocupam todo o curto Livro VIII, interrompido no debate sobre a educação musical. O contexto serve para reiterar o princípio da complementaridade entre natureza e cultura. De fato, se a existência da cidade depende de circunstâncias materiais externas, também depende do esforço educativo a institucionalizar. A finalidade educativa é a formação de homens livres com excelências éticas e dianoéticas. Um dado é certo: os saberes são liberais porque são libertadores. Daqui emerge a questão da separação entre negócio (ascholia) e ócio (schole). Os negócios existem em função do lazer, a guerra em função da paz e as coisas necessárias em função das coisas nobres. A educação não deve servir só o necessário e o útil, nem só a guerra, como em Esparta. Além disso, a educação não é um jogo que visa relaxar e divertir após o trabalho; deve preparar o homem para as atividades criadoras da vida ativa. Mesmo os jogos das crianças devem ser antecipações das futuras atividades criativas. Após as recomendações sobre o ensino da música, o manuscrito incompleto nada nos diz sobre os demais saberes liberais a ensinar: leitura e escrita, ginástica, e desenho. Fica incompleto o programa educativo que deveria atuar sobre as pré-condições étnicas e psicológicas da população, de modo a realizar a ordem política. 7. A ciência política na escala das ciências e na vida A Política é um verdadeiro puzzle intelectual que só a tradição política helênica global ajuda a resolver. Mas ao longo dos meandros da obra, Aristóteles nunca perde de vista a coincidência entre o ponto de partida e o ponto de chegada: a política é a atualização da natureza humana. Pelo caminho, fica o campo extensíssimo da ação humana, delimitado pela teoria antropológica no início da Ética (Livro I) e pela descrição do melhor regime no final de Política. e cujo tratamento exige uma filosofia das coisas humanas. O procedimento desta philosophia peri ta anthropina, é descritivo e valorativo: para compreender a unidade política da cidade-estado, é preciso compreender o homem que dela faz parte; e se tivermos noção de atualização da natureza humana podemos ter critérios para julgar o valor da cidade-estado. Assim se compreende que o texto da Política que chegou à posteridade constitua a segunda parte de uma ciência política (episteme politike) cuja primeira parte é a Ética. A Ética estuda o que é o bem supremo, a partir do conhecimento da natureza humana e procurando saber em que consiste a felicidade (eudaimonia). A finalidade da ciência política é estudar o bem humano na vida política a eudaimonia da polis é mais completa que a do indivíduo. Em paralelo com as finalidades últimas da vida humana - prazer, poder e razão - Aristóteles distingue entre ciências teóricas, ou sobre a razão; ciências produtivas que visam às técnicas de bem-estar; e ciências práticas entre as quais se contam a Política cujo objeto é o interesse comum e governo da cidade; a Economia, que é ciência da administração da casa e da família; e a Ética, que é a ciência da conduta do indivíduo formado. A ciência práticas analisa desde a ação dos fundadores de cidade até anarquia de multidão; desde a excelência da razão até à psicologia de massas, geridas através de desejo, temor e cupidez. E só hoje, numa época de plena constituição das ciências humanas, podemos recuperar a evidente universalidade do empreendimento aristotélico que lançou as bases do que chamamos Direito Constitucional, Economia, Teoria da História, Antropologia, Psicologia Social, Sociologia, Relações Internacionais, Ciências Militares. Neste momento fundaste da filosofia prática - a ciência do agir público do homem ser racional (zoon noun echon) que se realiza na vida da cidade - a filosofia política ocupa o topo da hierarquia das ciências prática porque o seu objeto engloba todas as ordens sociais e atividades humanas e seus critérios servem para ler, avaliar e influenciar a vida política. Bibliografia Leitura, resumo e retirada de tópicos: INTRODUÇÃO à Política de Aristóteles Edição Bilíngüe, Lisboa, VEGA, 1998 pp.17-38 Mendo Castro Henriques. A Política de Aristóteles, Texto integral, MARTIN CLARET, 2002 , Torrieri Guimarães.