sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A FILOSOFIA DE ARISTÓTELES Aristóteles nasceu em Estagira, na Grécia, em 384 a.C. Seu pai, chamado Nicômaco, era um corajoso médico, tendo servido ao Rei Amintas, da Macedônia. Sua vida pode ser dividida em 3 fases: a primeira compreende o período em que foi discípulo de Platão; a segunda, período em que foi preceptor de soberanos; a terceira, período em que fundou e dirigiu sua escola Peripatética. Aristóteles dizia que o homem é um ser eminentemente social. É também um “animal” racional. É um “animal” político, constituído de tal modo que, por sua própria natureza, foi criado para viver com os outros em sociedade politicamente estruturada. Aristóteles identificava a condição de “animal político” do homem com o estado próprio de outros animais, como as abelhas e as formigas, que desejando e evitando as mesmas coisas e voltando suas ações para fins comuns, se agregam espontaneamente. Aristóteles formulou também os princípios de Ato e Potência. Ato é aquilo que já está sendo. Potência é a possibilidade de vir a ser. Em Deus não existe potência. Ele é Ato Puro. As obras de Aristóteles influenciaram os estudiosos de todos os tempos. Suas idéias são apreciadas até hoje, sobretudo a metafísica e a lógica. Morreu em 322 a.C. em Atenas. THOMAS HOBBES E A TEORIZAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTO Thomas Hobbes nasceu em Malmesbury, Inglaterra, em 1588. A mãe deu-o à luz prematuramente, devido ao terror que lhe causou a notícia da chegada da “armada invencível”, de modo que, em sua autobiografia ele afirmava que sua mãe, junto com ele havia dado a luz ao seu irmão gêmeo, o medo. Thomas Hobbes tinha aversão por Aristóteles e não gostava da posição defendida por ele sobre o homem e sua comparação feita com os animais. Para ele, cada homem é diferente dos outros homens. Cada homem é um átomo de egoísmo. O homem não é de modo algum ligado aos outros homens por um consenso espontâneo como o dos animais. Existem entre os homens motivos de contendas, invejas, ódios e sedições, que não existe entre os outros animais. Os animais não percebem defeitos em sua sociedade, ao passo que o homem os percebe, querendo introduzir contínuas novidades, que constituem causas de guerras e discórdias. Os animais não têm a palavra, que nos homens é frequentemente uma trombeta de guerra e sedição. A condição em que os homens se encontram naturalmente é uma condição de guerra de todos contra todos. Cada qual tende a se apropriar de tudo aquilo que necessita para a sua própria sobrevivência e conservação. Para Hobbes, “homo homini lupus”: “o homem é o lobo do homem”. Morreu em dezembro de 1679, com 91 anos de idade. Trabalho de Filosofia Nome: ................................................................................................................................................................................ Data: ..../..../....... Série: .... Turma: .... Nº .... e-mail: ............................................................................................. 1-Em quantas fases pode ser dividida a vida de Aristóteles? Explique. 2-Comente as afirmações de Aristóteles: a) O homem é um ser eminentemente social. b) O homem é também um animal racional. 3 -Aristóteles identificava a condição de animal político do homem com as abelhas e as formigas, que desejando e evitando as mesmas coisas e voltando suas ações para fins comuns, se agregam espontaneamente. Comente. 4 -Thomas Hobbes dizia que no homem o bem público difere do bem privado. O que é considerado como bem público e bem privado? 5 - Comente as frases: a) A condição em que os homens se encontram é uma condição de guerra de todos contra todos. b) O homem é o lobo do homem. 6 - Fazer um paralelo entre a Filosofia de Aristóteles e a Filosofia de Thomas Hobbes, identificando: a) Pontos semelhantes na filosofia dos dois filósofos. b) Pontos diferentes entre os dois pensadores. 7-Você concorda com o pensamento de Aristóteles ou com Thomas Hobbes? Porquê? 8-Nos dias de hoje, qual é o pensamento mais presente, o de Aristóteles ou o de Thomas Hobbes? Justifique. 9- Na sua opinião, qual das duas filosofias é mais correta para a aplicação na vida diária? 10- Que sinais da Filosofia de Aristóteles e de Thomas Hobbes podemos perceber no mundo de hoje? Cite 2 exemplos de cada um.
THOMAS HOBBES E A TEORIZAÇÃO DO ESTADO ABSOLUTO Thomas Hobbes nasceu em Malmesbury, Inglaterra, em 1588. A mãe deu-o à luz prematuramente, devido ao terror que lhe causou a notícia da chegada da “armada invencível”, de modo que, em sua autobiografia ele afirmava que sua mãe, junto com ele havia dado a luz ao seu irmão gêmeo, o medo. Thomas Hobbes tinha aversão por Aristóteles e não gostava da posição defendida por ele sobre o homem e sua comparação feita com os animais. Para ele, cada homem é diferente dos outros homens. Cada homem é um átomo de egoísmo. O homem não é de modo algum ligado aos outros homens por um consenso espontâneo como o dos animais. Existem entre os homens motivos de contendas, invejas, ódios e sedições, que não existe entre os outros animais. Os animais não percebem defeitos em sua sociedade, ao passo que o homem os percebe, querendo introduzir contínuas novidades, que constituem causas de guerras e discórdias. Os animais não têm a palavra, que nos homens é frequentemente uma trombeta de guerra e sedição. A condição em que os homens se encontram naturalmente é uma condição de guerra de todos contra todos. Cada qual tende a se apropriar de tudo aquilo que necessita para a sua própria sobrevivência e conservação. Para Hobbes, “homo homini lupus”: “o homem é o lobo do homem”. Morreu em dezembro de 1679, com 91 anos de idade. Trabalho nº 1 1- Caracterizar o nascimento do filósofo Thomas Hobbes. 2- Thomas Hobbes tinha aversão por Aristóteles e não gostava da posição defendida por ele sobre o homem. Qual é a comparação que Aristóteles fazia entre o homem e os animais? 3- Como Thomas Hobbes caracterizava o homem? 4- Do ponto de vista do estrago de bens públicos, qual é o nome que podemos dar para o termo sedição. 5- Thomas Hobbes dizia que no homem o bem público difere do bem privado. O que é considerado como bem público e bem privado? 6- Comente as frases: a) A condição em que os homens se encontram é uma condição de guerra de todos contra todos. b) O homem é um átomo de egoísmo. c) Cada pessoa tende a se apropriar de tudo aquilo que necessita para a sua própria sobrevivência e conservação. d) O homem é o lobo do homem. Trabalho nº 2 Fazer um paralelo entre a Filosofia de Aristóteles e a Filosofia de Thomas Hobbes, identificando: a) Pontos semelhantes na filosofia dos dois filósofos. b) Pontos diferentes entre os dois pensadores. c) Você concorda com o pensamento de Aristóteles ou com Thomas Hobbes? Porquê? d) Nos dias de hoje, qual é o pensamento mais presente, o de Aristóteles ou o de Thomas Hobbes? Justifique. e) Na sua opinião, qual das duas filosofias é mais correta para a aplicação na vida diária? f) Que sinais da Filosofia de Aristóteles e de Thomas Hobbes podemos perceber no mundo de hoje? Cite 2 exemplos de cada um.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

A FELICIDADE E AS ESCOLHAS

Em nosso cotidiano, ouvimos falar constantemente sobre o tema da felicidade. Muitas pessoas afirmam que desejam ser felizes, que querem alcançar a felicidade, ou que estão infelizes. Isso nos leva a refletir sobre as seguintes questões: a felicidade é um conceito objetivo ou subjetivo? Existe "a" felicidade ou cada um tem seu conceito sobre o que é ser feliz? Frente a estas dúvidas, a tendência é tentar negar a existência da felicidade. Perigosa tentação, pois às vezes é mais fácil negar a felicidade do que aceitar que ela existe e reconhecer que não a possuímos... Estamos frente a uma situação limite... pouco discutida e que quase não é refletida em nosso cotidiano corrido... Você já parou para pensar sobre o que é a felicidade? Você já se perguntou um dia por que todo mundo a deseja ou acredita na sua existência? Desde a Grécia Antiga os filósofos já se ocupavam sobre a questão da felicidade. Em especial, um grande filósofo chamado Aristóteles já postulava importantes considerações sobre esse tema. Segundo ele, todas as coisas que existem tendem para um fim. O homem, por sua vez, também existe para uma finalidade: “ser feliz”. Nesse sentido, Aristóteles constata que existe um grande consenso entre os homens: “todos querem ser felizes”; mas também há um grande descenso entre eles: “O que é a Felicidade?”. Como o próprio autor afirma em sua obra Ética a Nicômaco: “Todos estão de acordo e dizem ser o fim do homem a felicidade e identificam o bem viver e o bem agir com o ser feliz. Diferem, porém, quanto ao que seja a felicidade, o homem limitado não a concebe da mesma forma que o sábio”. Sendo assim, nem todos os homens compreendem a felicidade de maneira semelhante. Para resolver esse dilema, Aristóteles afirma que o homem verdadeiramente feliz é aquele que age segundo sua própria natureza, isto é, que age racionalmente e visa ser virtuoso, visto que para esse filósofo grego, a essência do homem é sua razão, pois todos tendem ao saber. Mas qual é de fato a nossa natureza? Muitos dizem que somos seres essencialmente bons, outros dizem que somos naturalmente maus e egoístas. Mas podemos acreditar também que somos seres inacabados... incompletos... que ao invés de nascerem com uma essência pré-estabelecida, buscam construir esta suposta essência na própria existência, na vida real, no cotidiano. Assim sendo, podemos ser tanto anjos como demônios. Nossa natureza depende de nossas escolhas, e devido a isso, nossa felicidade também dependerá delas. É o que afirma o filósofo francês Jean-Paul Sarte em sua obra “O Existencialismo é um Humanismo” : “Se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço é o de pôr todo homem no domínio que ele é, de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens”. Dessa maneira, eliminando uma natureza pré-definida que nos dirá o que é ser feliz, podemos analisar uma outra perspectiva sobre o tema, afirmando que a felicidade se encontra na forma como fazemos nossas escolhas, ou seja, encarando a vida da maneira como ela realmente se apresenta, vivendo-a intensamente com responsabilidade. Ora, encarar a vida tal como ela se apresenta não é tarefa fácil. Somos seres jogados na existência e estamos condenados a fazer escolhas. Cada possibilidade de existência assumida significa a renúncia de outro modo de vida. Dessa maneira, podemos acertar ou errar, ganhar ou perder. Tudo depende de nossas escolhas. A angústia é a disposição emocional que nos acompanha neste drama da existência. Como então ser feliz em uma realidade tão dura como essa? A felicidade não é uma disposição emocional. Ser feliz não é estar sempre alegre. O sofrimento e a angústia também fazem parte da vida e da própria felicidade. Se tudo na vida fosse só alegria, as pessoas não dariam real valor a felicidade... Às vezes, é preciso chorar para sabermos o quanto é bom sorrir... é preciso sentir saudades para saber o quanto gostamos de alguém... Às vezes, quando temos tudo, nada parece ter valor. A vida é constante movimento, ela é um antes, um durante e um depois. Por isso, devemos viver o momento, sem deixar de olhar para nosso passado e nos projetar para o futuro. Os momentos difíceis são parte integrante da vida e deles não podemos escapar. No entanto, estes momentos são necessários para que possamos valorizar os acontecimentos felizes e encontrarmos a felicidade. É partindo desse ponto de vista, que o filósofo Karl Jaspers ressalta: "Os problemas e conflitos podem ser a fonte de uma derrota, uma limitação para a nossa potencialidade, mas também podem dar lugar a uma maior compreensão da vida e o nascimento de uma unidade que se fortalece com o tempo." Frente a estes pontos de vista, esse artigo chega a conclusão de que a felicidade não deve ser entendida como um objetivo ditado por uma essência pré-definida existente no homem, ou como um sentimento. A felicidade pode ser entendida como a própria vida sendo vivida de maneira intensa e responsável nas próprias escolhas do dia-a-dia, seja nas alegrias ou nos sofrimentos, buscando sempre tirar um aprendizado para aquilo que ocorre conosco. Como afirma Erich Fromm: “buscar a felicidade é como caçar borboletas: quanto mais você tenta, mais ela foge. No entanto, se você deixar a borboleta voar e se preocupar com outras coisas, ela pode até pousar em seus ombros”. Responda 1 - Quais são os principais problemas filosóficos levantados logo ao início do texto a respeito do tema da felicidade? 2 - Desde que período os filósofos tratam do tema da felicidade e o qual o principal filósofo a abordar este tema? 3 - O que Aristóteles afirmava em relação à finalidade última do homem? 4 - Qual a principal divergência entre os homens quando o assunto é a busca pela felicidade? 5 - O que Aristóteles afirma em relação ao homem verdadeiramente feliz? 6 - Para Aristóteles qual a essência do homem? 7 - O que o texto afirma em relação à natureza humana? 8 - O que o filósofo Sartre afirma sobre a responsabilidade? 9 - Procure explicar o que é felicidade e como a felicidade pode se relacionar com as angústias, as escolhas e problemas encontrados no percurso da existência. 10 – Porque se diz que existe uma relação histórica entre felicidade e Filosofia? 11 – O que é a felicidade para você? Em que situações concretas de sua vida você experimentou esse estado? 12 – De acordo com o seu livro ´FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA`´ Cite 04 fontes da felicidade. 13 – Explique como: a) usar o poder da vontade; b) controlar pensamentos e paixões; c )compreender o amor ao destino; d) eliminar ou moderar os desejos. 14 – Você acha que uma pessoa pode ser plenamente feliz quando busca apenas sua felicidade individual? 15 – Você é feliz? Explique!

sábado, 12 de agosto de 2017

SOFISTAS

SOFISTAS Por Willyans Maciel Mestre em Filosofia (UFPR, 2013) Bacharel em Filosofia (UFPR, 2010) Conforme nos reporta Platão, a profissão de sofista foi criada por Protágoras, discípulo de Demócrito. Sofistas foram um tipo especifico de professor na Grécia antiga e no império romano, que deveriam ensinar a arete, termo grego que traduz o conceito de "excelência" ou "virtude", aplicado a áreas como música, política, matemática e atleticismo. Entre os principais sofistas conhecidos estão Protágoras, Górgias, Pródico, Hípias, Trasímaco, Antifonte e Crátilo. O termo "sofista" tem sua origem no idioma grego, a partir da palavra "sophistēs", derivada de "sophia" e "sophos", significando "sabedoria" e "sábio" respectivamente. O termo Sophistēs foi originalmente utilizado por Homero, para descrever alguém habilidoso em uma determinada atividade. Com o tempo a palavra passou a designar a sabedoria nos assuntos tipicamente humanos, em oposição aos assuntos da natureza, até chegar a designar um tipo especifico de profissional, o sofista. Embora os sofistas não sejam considerados filósofos pela tradição, sua importância se dá na medida em que estão entre os primeiros a desafiar a ideia de que a sabedoria seria recebida dos deuses, baseando-se na hipótese de que, assim como nas atividades físicas, a prática da virtude, por meio da retórica e da oratória, poderia melhorar os estudantes, tornando-os mais sábios e virtuosos. O foco de seus ensinamentos era prático, direcionado a estratégias de argumentação e oratória, para que os estudantes atingissem o ápice da excelência em suas atividades, independente de quais fossem estas atividades. Como os sofistas são conhecidos por meio das criticas de seus oponentes, alguns elementos de suas posições são difíceis de se confirmar. Uma das principais criticas aos sofistas era a de que sua posição baseava-se apenas em verossimilhança, quando um argumento parece verdadeiro, mesmo que não o seja. O objetivo dos sofistas seria, pela visão de filósofos como Aristóteles, apenas o de vencer o debate, sem preocupar-se com a busca pela verdade. Por esta razão, a expressão "sofisma" existe hoje para identificar uma argumentação rebuscada, porém sem fundamentação sólida. Como foi o primeiro sofista, a posição relativista atribuída a Protágoras é normalmente identificada como a posição geral que iniciou o movimento, que se tornaria a profissão de sofista. Protágoras é lembrado pela controvérsia acerca de sua afirmação "o homem é a medida de todas as coisas", aparentemente manifestando uma forma de relativismo, o que era repudiado por filósofos como Platão e Aristóteles, seus maiores críticos. Como aconteceu com a maioria dos filósofos pré-socráticos, as citações de Protágoras sobreviveram sem o contexto no qual foram apresentadas, o que mantém abertas as possibilidades de interpretações diferentes. Uma destas interpretações possíveis para a afirmação de Protágoras é a de que o uso da palavra "chremata", significando "coisas usadas", ao invés da palavra mais geral "onta", que significaria "entidades", para se referir ao que é traduzido como "coisas", indica que Protágoras não falava da realidade objetiva do mundo como um todo, mas daquelas coisas especificas dos seres humanos. Desta forma entende-se que os sofistas não davam atenção a busca pela compreensão da natureza, do universo e da origem dos objetos do mundo, pois concentravam seus esforços na demonstração de que seriam capazes de tornar os estudantes melhores nas atividades humanas que poderiam auxiliá-los a prosperar na sociedade grega. Era comum que sofistas viajassem em grupos pelas cidades gregas e romanas, para assim poderem realizar elaborados discursos e acalorados debates públicos, demonstrando suas habilidades na expectativa de atrair estudantes para suas escolas. Em particular, nobres, homens de estado e jovens que pudessem pagar pelos estudos. Os sofistas foram muito criticados por Platão e Aristóteles por só ensinarem aos que podiam pagar pela educação. Referências bibliográficas: ALBERGARIA, Bruno. Histórias do Direito: Evolução das Leis, Fatos e Pensamentos. Atlas, 2011. Aristóteles. Metafísica. Porto Alegre: Globo, 1969. KERFERD, G. B., O movimento sofista, trad. Margarida Oliva, Edições Loyola, São Paulo, 2003. PLATÃO, Protágoras, trad. Carlos Alberto Nunes, Ed. UFPA, 2002. SMITH, William. "Philola'us". Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology. ed. (1870). TRABALHO DE FILOSOFIA SOBRE O TEXTO: SOFISTAS Nome: ................................................................................................................................................................. Data: ....../......../.............. Série: ... Turma: ............ Turno: .............................. Nº .... 1- De acordo com o texto, a profissão de sofista foi criado por quem? 2- Quem foram os sofistas? 3- Citar o nome de 4 dos principais sofistas. 4- Originalmente, o termo sofista foi utilizado por quem? No inicio, qual é o sentido que o termo sofista adquiriu? 5- Com o tempo a palavra passou a designar a ........................................................................................, em oposição aos assuntos da ..............................................., até chegar a designar um ...................................................................................................., o sofista. 6- Embora os sofistas não sejam considerados filósofos pela tradição, como se deu sua importância? 7- Qual era o foco do ensinamento dos sofistas? 8- Qual era o objetivo dos sofistas, de acordo com o pensamento de filósofos como Aristóteles? 9- Citar a frase de Protágoras, bastante repudiada por alguns dos filósofos oponentes e dê a sua opinião sobre a frase. 10- De acordo com o texto de Willyans Maciel Mestre em Filosofia, qual é o sentido da expressão sofista, nos dias de hoje?

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

HUMANISMO RENASCENTISTA

O Humanismo Renascentista representa um movimento intelectual e filosófico que se desenvolveu durante o período do Renascimento (séculos XV e XVI). O antropocentrismo (homem no centro do mundo) foi o principal conceito em que esteve apoiado o pensamento filosófico da época. Na literatura, o humanismo representa uma fase de transição entre o trovadorismo e o classicismo, ou ainda, a segunda época medieval. Renascimento Vale lembrar que o Renascimento foi um movimento artístico e filosófico que teve início no século XV na Itália e que aos poucos, foi se espalhando pelo continente europeu. Com a queda do sistema feudal, que fora impulsionado com a formação de uma nova classe social (a burguesia) bem como a intensificação do comércio, o renascimento surge para suprir diversas lacunas. Nesse sentido, a expansão do cientificismo (Copérnico, Galileu, Kepler, Newton, etc.) veio confrontar diversos dogmas da Igreja Católica, que aos poucos, foi perdendo seus fiéis, sobretudo com a reforma protestante. Junto a isso, o antropocentrismo renascentista vem substituir o teocentrismo medieval. É um período importante de transformações sociais, culturais, políticas e econômicas, as quais influenciaram a mentalidade da época. Saiba tudo sobre o Renascimento com a leitura dos artigos: • Renascimento: Características e Contexto Histórico • Fases do Renascimento • Características do Renascimento • Artistas do Renascimento Reforma Protestante A reforma protestante, que teve início em no século XVI, representou um movimento de reforma religiosa e que alterou a estrutura eclesiástica da Igreja Católica. Martinho Lutero foi o precursor do movimento com as 95 teses que escreveu rechaçando algumas práticas apregoadas pela Igreja, por exemplo, a venda de indulgências. Esse movimento se espalhou por diversas partes da Europa. Em resposta, surge o movimento católico da Contrarreforma. Resumo: Filosofia Humanista O humanismo foi um movimento intelectual que se manifestou nas artes e na filosofia. Os filósofos humanistas tinham o objetivo de trazer à tona questões relacionadas com o universo humano, alijando-se definitivamente do pensamento teocêntrico da época anterior, a Idade Média. Trata-se, portanto, do rompimento de paradigmas, buscando assim, uma nova forma de enxergar o mundo. Em resumo, o humanismo renascentista representou a evolução do pensamento humano, a partir de diversos questionamentos realizados pelos filósofos da época. Com a evolução do cientificismo, bem como da corrente empirista, a verdade passou a emanar não somente de Deus, mas também dos seres humanos, que pensam e refletem sobre sua condição no mundo. Na área da educação, a expansão de diversas escolas e universidades foram essenciais para a difusão do humanismo renascentista, o qual proporcionou a inclusão de disciplinas como a filosofia, línguas, literatura, artes, humanidades e ciências e assim, a expansão do humanismo pela Europa. A invenção da Imprensa no século XV pelo alemão Johannes Gutemberg, foi fundamental para divulgar o conhecimento, facilitando o acesso a diversas obras humanistas. Individualismo O individualismo foi uma das principais características do humanismo renascentista, uma vez que trouxe à tona questões relacionadas com a individualidade do ser humano, bem como de suas emoções. Dessa forma, o ser humano é colocado no centro do mundo e a partir daí, é destacada sua importância como agente de mudanças, dotado, portanto, de inteligência. Nesse ínterim, e alijado dos valores medievais calcados na religião, o homem humanista é individual e está pronto para fazer suas escolhas no mundo (livre-arbítrio). Torna-se assim, um ser humano crítico. Principais Filósofos e Intelectuais Humanistas • Francesco Petrarca • Giovanni Boccaccio • Erasmo de Roterdã • Michel de Montaigne • Giovanni Pico della Mirandola • Marsílio Ficino • Gasparino Barzizza • Francesco Barbaro • Jorge de Trebizonda • Guarino de Verona • Domenico Capranica • Teodoro Gaza • Matteo Corsini • Niccolò Niccoli • Poggio Bracciolini Características do Humanismo • Antropocentrismo • Cientificismo • Racionalismo • Empirismo • Antiguidade Clássica • Valorização do ser humano

O RENASCIMENTO

O Renascimento foi um movimento cultural, econômico e político que surgiu na Itália do século XIV, se consolidou no século XV e se estendeu até o século XVII por toda a Europa. Inspirado nos valores da Antiguidade Clássica e gerado pelas modificações estruturais da sociedade, resultou na reformulação total da vida medieval, dando início à Idade Moderna. Origem do Renascimento Florença, a cidade italiana considerada "Berço do Renascimento" O Renascimento originou-se na Itália, devido ao florescimento de cidades como Veneza, Gênova, Florença, Roma e outras Elas enriqueceram com o desenvolvimento do comércio no Mediterrâneo dando origem a uma rica burguesia mercantil que, em seu processo de afirmação social, se dedicou às artes, juntamente com alguns príncipes e papas. Cultura Renascentista A cultura renascentista teve quatro características marcantes, a saber: • Racionalismo - os renascentistas estavam convictos de que a razão era o único caminho para se chegar ao conhecimento, e que tudo podia ser explicado pela razão e pela ciência. • Experimentalismo - para eles, todo conhecimento deveria ser demonstrado através da experiência científica. • Individualismo - nasceu da necessidade do homem conhecer a si próprio, buscando afirmar a sua própria personalidade, mostrar seus talentos, atingir a fama e satisfazer suas ambições, através da concepção de que o direito individual estava acima do direito coletivo. • Antropocentrismo - colocando o homem como a suprema criação de Deus e como centro do universo. O Humanismo Renascentista O humanismo foi um movimento de glorificação do homem e da natureza humana, que surgiu na Itália em meados do século XIV. O homem, a obra mais perfeita do Criador, era capaz de compreender, modificar e até dominar a natureza. O pensamento humanista provocou uma reforma no ensino das universidades, com a introdução de disciplinas como poesia, história e filosofia. Os humanistas buscavam interpretar o cristianismo, utilizando escritos de autores da Antiguidade, como Platão. O estudo dos textos antigos despertou o gosto pela pesquisa histórica e pelo conhecimento das línguas clássicas como o latim e o grego. A partir do século XIV, ao mesmo tempo que os renascentistas se dedicavam ao estudo das línguas clássicas, diferentes dialetos davam origem às línguas nacionais. Gestado nessa época, o humanismo se tornou referência para muitos pensadores nos séculos seguintes, inclusive para os filósofos iluministas do século XVIII. Renascimento Literário O Renascimento deu origem a grandes gênios da literatura, entre eles: • Dante Alighieri: escritor italiano autor do grande poema "Divina Comédia". • Maquiavel: autor de "O Príncipe", obra precursora da ciência política onde o autor dá conselhos aos governadores da época. • Shakespeare: considerado um dos maiores dramaturgos de todos os tempos. Abordou em sua obra os conflitos humanos nas mais diversas dimensões: pessoais, sociais, políticas. Escreveu comédias e tragédias, como "Romeu e Julieta", "Macbeth", "A Megera Domada", "Otelo" e várias outras. • Miguel de Cervantes: autor espanhol da obra "Dom Quixote", uma crítica contundente da cavalaria medieval. • Luís de Camões: teve destaque na literatura renascentista em Portugal, sendo autor do grande poema épico "Os Lusíadas". Renascimento Artístico No século XVI, o principal centro de arte renascentista passou a ser Roma.Os principais artistas plásticos do renascimento foram: Leonardo da Vinci: Matemático, físico, anatomista, inventor, arquiteto, escultor e pintor, ele foi um gênio absoluto. A Mona Lisa e A Última Ceia são suas obras primas. Rafael Sanzio: foi um mestre da pintura, famoso pela doçura de suas madonas. AMadona do Prado foi considerada a mais perfeita. Madona do Prado Michelangelo: artista italiano cuja obra foi marcada pelo humanismo. Além de pintor foi um dos maiores escultores do Renascimento. Entre suas obras destacam-se a Pietá, David, O teto da Capela Sistina, A Criação de Adão e O Juízo Final. Renascimento Científico O Renascimento foi marcado por importantes descobertas científicas, notadamente nos campos da astronomia, da física, da medicina, da matemática e da geografia. O polonês Nicolau Copérnico, que negou a teoria geocêntrica defendida pela Igreja, ao afirmar que "a terra não é o centro do universo, mas simplesmente um planeta que gira em torno do Sol". Galileu Galilei descobriu os anéis de Saturno, as manchas solares, os satélites de Júpiter. Perseguido e ameaçado pela Igreja, Galileu foi obrigado a negar publicamente suas ideias e descobertas. Na medicina os conhecimentos avançaram com trabalhos e experiências sobre circulação sanguínea, métodos de cauterização e princípios gerais de anatomia.

Revolução Científica do século XVII

Um dos acontecimentos mais importantes da Idade Moderna é a Revolução Científica do século XVII, operada sobretudo pela grande figura de Galileu Galilei. Acima, quadro representando o julgamento de Galileu a propósito da tese referente ao movimento da Terra em torno do Sol O que entendemos hoje por “ciência” remete a um conjunto de fatores, mas os principais são: 1) aplicação técnica (o que chamamos de tecnologia) e 2) formulação teórica. Essa concepção de ciência começou a ser elaborada desde o fim da Idade Média, mas só atingiu sua primeira configuração sólida no século XVII, principalmente com GalileuGalilei. Esse momento da história do pensamento científico é chamado por alguns pesquisadores de Revolução Científica do século XVII. Para se entender o motivo de o século XVII ter sido tão revolucionário para a história do pensamento científico (tal como foi o século XX com a mecânicaquântica), é necessário saber o que se entendia por “ciência” até então e quais foram os elementos que apareceram na Modernidade e que contribuíram para tal revolução. Pois bem, na Grécia Antiga e durante uma boa parte da Idade Média, a ciência (que os gregos denominavam de episteme) era um tipo de conhecimento voltado para a descrição dos fenômenos terrestres e para a identificação da relação entre eles e os fenômenos de ocorrência nas esferas celestes, ou o “cosmos harmônico”. Havia ainda a preocupação com a relação entre esses fenômenos com os princípios metafísicos, dispostos sob os conceitos de “substância”, “ato”, “potência”, “acidente”, entre outros. A partir da Alta Idade Média, mas, sobretudo, nos séculos XV e XVI, quando emergiu na Europa o Renascimento Cultural, uma nova concepção de mundo ou de “cosmos” passou a surgir. Essa nova concepção, nos termos em que o historiador da ciência Alexandre Koyré se expressa, não é mais aquela do “cosmos harmônico e fechado” das esferas celestes, elaborado por Aristóteles, mas o Universo Infinito, que seria explicado por Kepler, Galileu, Titcho Brahe e Newton. O universo encarado como algo que pode ser explicado, e mais, explicado matematicamente, era algo completamente radical para a época. O papel de Galileu na sistematização dessa concepção revolucionária foi decisivo, já que ele foi um dos primeiros a aperfeiçoar instrumentos técnicos, como o telescópio, para melhor observação dos fenômenos. Foi Galilei também que deu um novo rumo às pesquisas sobre o movimento, com a elaboração da lei da inércia, e recuperou as teses de Copérnico sobre a translação terrestre. Essa última investida de Galileu comprometeu-o, já que, católico, teve que explicar sua teoria a um tribunal da Inquisição (ver imagem no topo). A junção entre observação, experimentação e formulação de uma explicação teórica e matemática — explicação essa que pode resultar na construção de artefatos tecnológicos capazes de medir e calcular o fluxo dos fenômenos naturais e também manipular a própria natureza, constitui o alicerce da ciência moderna, que se forjou sob o signo da Revolução Científica do século XVII.

Silogismo

O silogismo determina um argumento ou um raciocínio dedutivo, o qual é formado por três proposições que estão interligadas. Na filosofia, o silogismo é uma doutrina pertencente à lógica aristotélica e que está baseada na dedução. Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) utilizou esse método nos estudos da argumentação lógica. A teoria do silogismo foi apresentada por ele na sua obra “Analytica Priora” (Primeiros Analíticos). Você Sabia? Do grego, o termo silogismo (syllogismos) significa “conclusão” ou “inferência”. Exemplos de Silogismo Exemplo 1: Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Sócrates é mortal. Exemplo 2: Todo brasileiro é sul-americano. Todo nordestino é brasileiro. Logo, todo nordestino é sul-americano. Exemplo 3: Todo político é mentiroso. José é político. Logo, José é mentiroso. Composição do Silogismo Aristotélico A primeira e a segunda proposições são chamadas de premissas e a última é a conclusão: • Premissa Maior (P1): declaratória, donde todo M é P. • Premissa Menor (P2): indicativa, donde S é M. • Conclusão: a união das duas primeiras premissas, é possível deduzir a terceira proposição, donde S é P. Termos do Silogismo O silogismo é constituído de três termos: • Termo Maior: também chamado de extremo maior, ele surge na premissa maior, sendo o termo predicado da conclusão. É representado por P. • Termo Menor: também chamado de extremo menor, ele surge na premissa menor, sendo o termo sujeito da conclusão. É representado por S. • Termo Médio: ele aparece em ambas as premissas, entretanto, não aparece na conclusão. É representado por M. Falso Silogismo A falácia é considerada um “falso silogismo” uma vez que ela é inválida na construção de silogismo categóricos. Sendo assim, a falácia trata-se de um argumento enganoso, uma ideia equivocada ou uma crença falsa. Exemplo: Todos os cisnes não são negros. Alguns pássaros são cisnes. Logo, todos os pássaros não são negros. Para que as proposições acima sejam consideradas um silogismo, a conclusão deveria ser: Alguns pássaros não são negros. Isso porque a conclusão do silogismo sempre segue a premissa negativa ou particular, e nesse caso, “alguns”. Regras para Construção do Silogismo Devemos ter em conta que existem algumas regras para a construção do silogismo categórico, ou seja, para que eles sejam válidos e não caiam no problema da falácia. Em relação aos termos do silogismo temos: 1. Os três termos (maior, menor e médio) utilizados para a construção de um silogismo devem ter o mesmo sentido: Todo leão é um mamífero. Algumas pessoas são de leão. Logo, algumas pessoas são mamíferos. Nesse caso, o termo “leão” foi utilizado em dois sentidos: o animal e o signo. Não é válido esse silogismo pois contém quatro termos: leão (animal); leão (signo); mamíferos e pessoas. 2. Na conclusão de um silogismo, o termo médio não aparece, somente o termo maior e o menor: Nenhum canídeo é felino. Todo canídeo é carnívoro. Logo, este canídeo não é carnívoro felino. Assim, o exemplo acima não é um silogismo e sim uma falácia formal. 3. Em toda sua extensão, o termo médio deve aparecer pelo menos uma vez: Todas as frutas são vegetais. Todas as verduras são vegetais. Logo, todas as verduras são frutas. Nesse caso de falácia formal, temos que os vegetais (como fruta ou verduras) são uma parte da extensão total dos vegetais. 4. Na conclusão do silogismo, os termos maior e menor não podem surgir com uma extensão maior que nas premissas: Todo ato violento é condenável. Muitos seres humanos cometem atos violentos. Logo, todos os seres humanos são condenáveis. Nesse caso, a conclusão do silogismo deveria ser: Muitos seres humanos são condenáveis. Em relação as proposições do silogismo, temos: 5. Quando um silogismo apresenta duas premissas afirmativas, a conclusão deverá ser afirmativa também: Todos os felinos são mamíferos. Todos os mamíferos são vertebrados. Logo, alguns vertebrados não são felinos. Nesse exemplo, a conclusão do silogismo deveria ser: Alguns vertebrados são felinos. 6. Quando um silogismo apresenta duas premissas negativas, não se pode concluir nada: Nenhuma mãe é insensível. Algumas mulheres não são mães. Logo, algumas mulheres são insensíveis. Nesse caso de falácia formal, tem-se uma conclusão injustificada e portanto não é um silogismo. 7. Quando um silogismo apresenta duas premissas particulares não é possível concluir nada: Alguns vendedores não são honestos. Alguns brasileiros são vendedores. Logo, alguns brasileiros não são honestos. Temos acima um exemplo que viola a regra de silogismo, a partir de uma prova inconclusiva. 8. A conclusão de um silogismo sempre seguirá a parte mais fraca, ou seja, a premissa negativa e/ou particular: Todos os gatos não são brancos. Alguns felinos são gatos. Logo, todos os felinos não são brancos. No exemplo acima, a conclusão do silogismo deveria ser: Alguns felinos não são brancos. Tipos de Silogismo Segundo o Silogismo Aristotélico, há dois tipos de silogismo: • Silogismo Dialético: baseado em juízos hipotéticos ou incertos. Nesse caso, o silogismo é usado nos estudos da retórica e da persuasão e refere-se as opiniões. • Silogismo Científico: baseado em argumentos científicos, os quais contêm o valor de verdade seja nas premissas e nas conclusões. Silogismo Jurídico Na área do direito, o silogismo é utilizado como ferramenta para conclusão de fatos. Esse tipo de silogismo é classificado em: • Apresentação da premissa maior • Apresentação dos fatos • Conclusão pela legislação Exemplo de silogismo jurídico: Matar alguém é crime e o assassino deve ser punido. Joana matou alguém. Logo, Joana deve ser punida.

Teocentrismo

O Teocentrismo (do grego, theos "Deus" e kentron "centro", que significa literalmente "Deus como centro do mundo") é a doutrina calcada nos preceitos da Bíblia, donde Deus seria o fundamento de tudo e responsável por todas as coisas. Esse pensamento vigorou durante o período da Idade Média, e torna-se oposto à doutrina posterior, o antropocentrismo bem como ao humanismo renascentista, cujo foco está sobre o homem como o centro mundo. Destarte, o teocentrismo esteve focado sobretudo na valorização do pensamento sagrado de forma que o prazer era visto como pecado. Assim, o desejo divino sobrepõe-se à vontade e racionalidade humana. Sem espanto, o Teocentrismo Medieval representou a relação entre o divino (religião) e os cidadãos do medievo, ou seja, a existência de uma única verdade, inspirada em Cristo e nos preceitos da Bíblia. Foi dessa maneira, refutando ideias científicas e empiristas, que a religião e consequentemente Deus, permaneceu durante séculos como a figura central e salvadora, presente na mentalidade da população, bem como nos aspectos sociais, políticas, culturais e econômicos da época. Vale ressaltar que durante o período da Idade Média (século V ao século XV), a Igreja detinha grande poder ao lado da Nobreza, as quais acreditavam numa única verdade e controlavam a vida da população seja no âmbito cultural ou político. Diante disso, os indivíduos que criticassem ou questionassem os dogmas da Igreja, eram tratados como “filhos do diabo”, merecedores de castigos ou até mesmo a morte. Diante dessa mentalidade teocêntrica que vigorou durante séculos na Europa, a Igreja e a religião detinham grande poder e assim, eram centrais na vida do povo. No entanto, muitas pesquisas cientificas desenvolvidas na época, tornaram-se fundamentais para a mudança da mentalidade europeia, donde a mais conhecida é o Heliocentrismo de Copérnico (1473-1543). O modelo matemático do astrônomo e matemático polonês Copérnico, apresentado em 1514, desenvolvia uma nova teoria cuja Terra girava em torno do sol, que por sua vez estaria no centro do sistema solar, ao mesmo tempo que refutava o modelo geocêntrico defendido pela Igreja, levando assim a muitas inquietações do ser. Além do heliocentrismo, a crise da Idade Média e da Igreja já despontava e com ela se aproximava uma nova mentalidade e ânsia da população europeia. Um dos grandes exemplos de incertezas e ao mesmo tempo de ambição humana, foi o período dasgrandes navegações, cujos países ibéricos foram os precursores das conquistas realizadas além mar, desenvolvendo o comércio, bem como o surgimento da burguesia. Note que junto à isso, a Reforma Protestante (1517) de Martinho Lutero, refutava e questionava diversas ações desenvolvidas pela Igreja como a venda de indulgências e a autoridade eclesiástica. Assim, aos poucos a população foi tomando consciência e se abrindo mais para as questões relativas ao ser, o que levou ao fortalecimento do renascimento cultural (século XIV a XVI), e consequentemente do humanismo italiano (século XV e XVI), deixando de lado a visão teocêntrica de mundo. Para os humanistas, essa visão unilateral desenvolvida na Idade Média e ressaltada pelo teocentrismo, esteve relacionada a um grande período do retrocesso artístico, intelectual e filosófico, denominado por eles de “Idade das Trevas”, em referência ao obscurantismo do do medievo. Para saber mais: Idade Média, Igreja Medieval, Antropocentrismo, Humanismo, Renascimento

Geocentrismo

Desde os tempos mais antigos, o universo causa curiosidade e especulações nos seres humanos. Um dos temas mais debatidos ao longo da história foi a organização do Sistema Solar, sobre o qual foram geradas diversas pesquisas, observações e teorias científicas e religiosas. Como surgiu a teoria do Geocentrismo? Na Grécia Antiga, por volta de 350 a.C., Aristóteles passou a idealizar a teoria de que a Terra estaria no centro do universo, e de que todas as outras esferas girariam ao redor dela. Muito tempo se passou e então no século II d.C, o astrônomo e matemático Claudio Ptolomeu, não apenas reforçou a teoria de Aristóteles, como elaborou a teoria Geocêntrica – teoria que defendia plenamente a ideia de que a Terra se encontrava no centro do universo. Terra como centro do Universo Ainda, segundo Ptolomeu, a Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno giravam ao redor da Terra, nessa ordem. Ele também acreditava que cada planeta girava ao longo de um pequeno círculo, o qual chamou de epiciclo. Assim, cada planeta teria um epiciclo próprio, e o centro de cada epiciclo se moveria em um ciclo maior, o qual ficaria um pouco afastado da Terra. Dessa forma, durante toda a Idade Média, acreditou-se e defendeu-se o Sistema Geocêntrico. Não apenas os estudiosos, mas também a Igreja Católica durante ao menos 1400 anos apoiou Ptolomeu. A tradição árabe prega que Ptolomeu, uma das grandes celebridades de sua época, faleceu aos 78 anos de idade, deixando seus conhecimentos e teorias astronômicas em um tratado de treze volumes chamado Almagesto, o qual abordava o Geocentrismo e muitas outras teorias. Contestação final Quatorze séculos depois, apareceu um homem chamado Nicolau Copérnico, que passou a contestar o geocentrismo. Ele elaborou a teoria do Heliocentrismo, no qual defendia que a Terra, assim como os outros planetas, movia-se ao redor do Sol, e que ele era o real centro do Sistema Solar. A Igreja Católica não aceitou sua teoria, que posteriormente foi comprovada e aperfeiçoada por Kepler, Isaac Newton e Galileu Galilei. Hoje, a teoria do Heliocentrismo é amplamente aceita e defendida pela comunidade científica.

Geocentrismo e Heliocentrismo

Geocentrismo e Heliocentrismo Um dos temas que proporcionou muitos debates ao longo da história foi a dinâmica do Sistema Solar. O interesse em compreender os movimentos dos corpos celestes gerou muitas observações, pesquisas e teorias religiosas e científicas sobre esse fenômeno. Por volta de 350 a.C., na Grécia antiga, Aristóteles desenvolveu uma teoria que defendia a ideia de que a Terra era o centro do universo e nove esferas ficavam girando em torno dela. Posteriormente, no século II d.C., o matemático e astrônomo Claudio Ptolomeu reforçou esse pensamento e elaborou a teoria Geocêntrica, também chamada de sistema ptolomaico. Sistematização do modelo Geocêntrico Segundo essa teoria, a Terra está no centro do Sistema Solar, e os demais astros orbitam ao redor dela ao longo de um círculo (epiciclo). Conforme o geocentrismo, cada astro se movimenta com velocidade distinta, cuja ordem de proximidade da Terra é a seguinte: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Esse modelo de Sistema Solar foi defendido pela Igreja Católica durante mais de 1.400 anos, visto que apresentava aspectos de passagens bíblicas. A teoria heliocêntrica já vinha sendo desenvolvida durante o século III a.C., através de observações do astrônomo grego Aristarco de Samos. No entanto, somente no século XVI d.C. foi que Nicolau Copérnico sistematizou uma teoria que contrapunha o modelo geocêntrico, sendo denominado heliocentrismo. Nicolau Copérnico Nicolau Copérnico (1473 – 1543), considerado o fundador da astronomia moderna, nasceu na Polônia e desenvolveu conhecimentos nos campos da matemática, geografia e astronomia. Sua teoria heliocêntrica afirmava que a Terra e os demais planetas se moviam ao redor de um ponto vizinho ao Sol, sendo, este, o verdadeiro centro do Sistema Solar. A alternância entre dias e noites é uma consequência do movimento que a Terra realiza sobre seu próprio eixo, denominado movimento de rotação. Rapidamente, a Igreja Católica se opôs à teoria heliocêntrica, e Copérnico só autorizou a divulgação de seus dados matemáticos que comprovavam a teoria após sua morte, pois temia ser condenado por heresia pela Igreja Católica. Posteriormente, Galileu Galilei, durante o século XVII, reforçou a teoria heliocêntrica através de observações com lunetas holandesas. Como consequência de seu “atrevimento”, Galileu foi julgado pelo tribunal da Inquisição, tendo como opção negar sua teoria ou ser queimado na fogueira da Inquisição. Sem muitas alternativas, sua teoria foi negada. Porém, o heliocentrismo foi sendo aperfeiçoado por cientistas e astrônomos como Michael Maestlin, Johannes Kepler e Isaac Newton, e, atualmente, é a teoria mais aceita pela comunidade científica. A Igreja Católica, por sua vez, só aceitou esse modelo de Sistema Solar em 1922.

ANTROPOCENTRISMO

O Antropocentrismo (do grego, anthropos "humano" e kentron "centro" que significa homem no centro) é um conceito, oposto ao Teocentrismo, que ressalta a importância do homem como um ser dotado de inteligência e, portanto, livre para realizar suas ações no mundo. Em outras palavras, o antropocentrismo é uma doutrina filosófica ou ciência do ser humano, de forma que o homem representa a figura central, sendo responsável por suas ações (seja cultural, social, histórica e filosófica) bem como a principal referência para o entendimento do mundo. Diferença entre Teocentrismo e Antropocentrismo Por oposição, o Teocentrismo (Deus no centro do mundo) está relacionado à religião, cujas coisas são assim porque Deus as colocou dessa forma no mundo. Sem hipótese de questionamento científico, o teocentrismo foi um conceito muito difundido durante a Idade Média donde a religião possuía um lugar de centralidade na vida da população. No entanto, com o humanismo renascentista e outras transformações pelo qual passou a Europa no século XV e XVI (grandes navegações, invenção da imprensa, reforma protestante, declínio do sistema feudal, surgimento da burguesia, cientificismo, etc.), o antropocentrismo surge como medida de inspiração aos estudiosos (filósofos e artistas), os quais tinham o intuito de trazer à tona questões baseadas no cientificismo empirista. Diante dessa mudança de mentalidade e rompimento de paradigmas em relação à época anterior, surge um homem racional, crítico e questionador com sua própria realidade, responsável portanto pelos seus pensamentos e ações no mundo. Assim, nesse momento, o antropocentrismo representou a passagem do feudalismo ao capitalismo mercantil, ou ainda, da passagem da Idade Média para Idade Moderna. Nesse sentido, diversos campos do conhecimento cultivaram essa nova visão de mundo, pautada no ser humano, na natureza e na sociedade, tal qual as artes em geral (literatura, pintura, escultura, musica, etc) bem como a filosofia. Foi nessa época que os humanistas incentivaram a inclusão de disciplinas no universo acadêmico, importantes para o desenvolvimento dessa nova mentalidade: filosofia, línguas, literatura, artes humanidades e ciências. Vale destacar que Deus não foi deixado de lado totalmente, pois o “divino” ainda fazia parte da vida das pessoas, no entanto, passou a não ser a única coisa verdadeira, baseada na bíblia. De tal modo, a verdade estaria intimamente relacionada à racionalidade humana (razão) a qual designaria a dádiva enviada pelo senhor, ou seja, algo divino que deveria ser explorado diante do poder do homem como imagem e semelhança de Deus. Essa independência humana de Deus levou o ser humano a refletir, criar, difundir e produzir conhecimento, e dessa forma, às grandes descobertas científicas, bem como à evolução do pensamento humano.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

SÓCRATES E OS FILÓSOFOS SOCRÁTICOS

A FILOSOFIA DE SÓCRATES Sócrates nasceu em Atenas, em 470 a.C. e morreu em 399 a.C. Era filho de um escultor e de uma obstetriz. Não fundou nenhuma escola, como muitos outros filósofos. Realizou seus ensinamentos em locais públicos (nos ginásios, nas praças públicas, etc,). Exerceu um imenso fascínio sobre os jovens e sobre os homens de todas as idades, o que lhe custou inúmeras aversões e inimizades. Sócrates é considerado o maior filósofo de todos os tempos e o divisor da filosofia. São celebres suas frases: “Sei que nada sei” e “Conheça a ti mesmo”. Sócrates disse assim, por considerar que muitas pessoas diziam saber de tudo e percebeu que muitas pessoas não se conheciam. Sócrates não escreveu nada, considerando que sua mensagem fosse transmitida pela palavra viva, através do diálogo e da “oralidade dialética”. A Descoberta da Essência do Homem Os naturalistas procuraram responder as questões sobre a natureza. Sócrates, por sua vez concentrou definitivamente seu interesse sobre o homem. Ele procurou responder qual é a realidade última do homem, realizando com isso uma revolução no pensamento de sua época, principalmente no tradicional quadro de valores. Sócrates e o Conceito de Liberdade Para Sócrates, o verdadeiro homem livre é aquele que sabe dominar os seus instintos e o homem escravo é aquele que, não sabendo dominar seus instintos, torna-se vítima deles. Sócrates e o Conceito de Felicidade Sócrates dizia que a felicidade não pode vir das coisas exteriores do corpo, mas somente da alma, porque esta é a sua essência. Para ele, quem é virtuoso é feliz, ao passo que o malvado e o injusto é infeliz. Ele afirma que o homem pode ser feliz em qualquer que sejam as circunstâncias em que lhe cabe viver e qualquer que seja a situação no além. O homem é o verdadeiro artífice de sua própria felicidade ou infelicidade. Trabalho nº 1 Nome: ................................................................................................... Data: ....../....../.......... Série: .......... Turma: ..... Nº : ...... 1- Caracterizar o nascimento do filósofo Sócrates. 2- Onde Sócrates realizou seus ensinamentos? 3- O que significa dizer que Sócrates exerceu um imenso fascínio sobre as pessoas de todas as idades? 4- Citar as duas frases célebres de Sócrates, comentando sobre seus significados. 5- Defina os termos: palavra viva, diálogo e oralidade dialética. 6- Comente sobre o quadro de valores apresentado por Sócrates e dê sua opinião. 7- Comente sobre as virtudes de que fala Sócrates. 8- Sócrates afirma que ninguém erra por sua própria vontade. Quem faz o mal, faz por ignorância do bem. Dê sua opinião. 9- Qual é o verdadeiro homem livre e o homem escravo para Sócrates. 10- Comente sobre o conceito de felicidade apresentado por Sócrates. 11- Na sua opinião, a liberdade e a felicidade existem. Dê sua opinião. 12- Para Sócrates, o homem pode ser feliz qualquer que sejam as circunstâncias em que lhe cabe viver e qualquer que seja a situação no além. O homem é o verdadeiro artífice de sua própria felicidade ou infelicidade. Comente e dê sua opinião. A FILOSOFIA DE PLATÃO Platão nasceu em Atenas, em 428 a.C. seu nome verdadeiro era Aristocles. Platão é um apelido que derivou de seu vigor físico, da extensão de sua testa larga. Em grego, platos significa amplitude, largueza ou extensão. Discípulo de Crátilo, posteriormente foi discípulo de Sócrates. Freqüentou a escola de Sócrates para melhor se preparar para a vida através da filosofia. Entretanto, os acontecimentos orientaram sua vida em outra direção. Desde cedo ele viu na vida política o seu próprio ideal: nascimento, inteligência, aptidões pessoais, tudo o levava para essa direção. Com a morte de Sócrates, seu desgosto com a política alcançou o máximo de sua expressão e ele se convenceu de que melhor seria se afastar da vida política. Depois de inúmeras viagens, em 360 a.C. Platão retornou a Atenas e fundou sua academia. Sua autobiografia revela sua proximidade com os pitagóricos, tanto que em sua academia lia-se uma inscrição que dizia: “aqui não entra quem não souber matemática”. Sua filosofia se caracteriza na descoberta do supra-sensível. Para Platão só podemos chegar ao conhecimento das coisas através de recordações de coisas que já aconteceram. Nosso conhecimento é apenas uma recordação porque nossa alma já habitou o mundo das idéias, no qual contemplou as coisas em si. As coisas foram esquecidas e vão sendo relembradas gradualmente na medida que vão tendo contato com as coisas materiais. Para Platão o conhecimento acontece através de 4 graus. Dois estão no mundo sensível e dois estão no mundo inteligível: 1- Eikasia – apreensão de imagens. 2- Pistis – percepção das coisas sensíveis. 3- Dianóia – conhecimento das entidades matemáticas. 4- Noésis – conhecimento da idéia pura. Existe um ponto fundamental de cuja formulação dependem por inteiro a nova disposição de todos os problemas e o novo clima da filosofia. Platão empreendeu aquilo que ele mesmo denominou de a “segunda navegação”. Na antiga linguagem dos homens do mar, segunda navegação se dizia daquela que se realizava quando, cessando o vento e não funcionando mais as velas, se recorria aos remos. Na linguagem platônica, a primeira navegação simbolizava o percurso da filosofia realizado sob o impulso do vento da filosofia naturalista. Platão foi o fundador da metafísica ocidental. Com ele a filosofia atingiu uma de suas expressões mais elevadas, a ponto de Montaigne afirmar: “Queiram agitar e sacudir Platão, cada qual, orgulhando de se apossar dele, coloca-o do lado que quiser”. TRABALHO Nome: ............................................................................................................. Data: ....../....../.......... Série: .......... Turma: ..... Nº : ...... 1- Caracterizar o nascimento do filósofo Platão. 2- Qual era seu nome verdadeiro. 3- De onde derivou o apelido Platão. 4- Em grego, platos significa o quê. 5- Inicialmente Platão foi discípulo de quem. 6- Posteriormente foi discípulo de quem. 7- Com que objetivo Platão freqüentou a Escola de Sócrates. 8- Complete: Entretanto, os............................................ orientaram sua ..................... em outra ............................................. 9- Continue Completando: Desde ............ ele .................na vida ......................... o seu próprio ideal. 10- Quais as qualidades que Platão apresentava para a vida política. 11- Que acontecimento desgostou Platão da vida política. 12- Quantos anos tinha Platão quando realizou suas inúmeras viagens, retornou a Atenas e fundou sua academia. 13- A autobiografia de Platão revela sua proximidade com quem. 14- Qual foi a inscrição colocada na porta de sua academia. 15- O que significa dizer que a filosofia de Platão se caracteriza na descoberta do supra-sensível. 16- Para Platão o conhecimento acontece através de quantos graus. Como estão distribuídos. 17- Dê o significado das palavras gregas: Eikasia, Pistis, Dianóia e Noésis. 18- Na antiga linguagem dos homens do mar, o que significava segunda navegação. 19- Na linguagem platônica, o que simbolizava a primeira navegação. 20- O que o filósofo Montaigne afirmou sobre Platão. A FILOSOFIA DE ARISTÓTELES Aristóteles nasceu em Estagira, na Grécia, em 384 a.C. Seu pai, chamado Nicômaco, era um corajoso médico, tendo servido ao Rei Amintas, da Macedônia. Sua vida pode ser dividida em 3 fases: a primeira compreende o período em que foi discípulo de Platão; a segunda, período em que foi preceptor de soberanos; a terceira, período em que fundou e dirigiu sua escola Peripatética. Aristóteles dizia que o homem é um ser eminentemente social. É também um “animal” racional. É um “animal” político, constituído de tal modo que, por sua própria natureza, foi criado para viver com os outros em sociedade politicamente estruturada. Aristóteles identificava a condição de “animal político” do homem com o estado próprio de outros animais, como as abelhas e as formigas, que desejando e evitando as mesmas coisas e voltando suas ações para fins comuns, se agregam espontaneamente. Aristóteles formulou também os princípios de Ato e Potência. Ato é aquilo que já está sendo. Potência é a possibilidade de vir a ser. Em Deus não existe potência. Ele é Ato Puro. As obras de Aristóteles influenciaram os estudiosos de todos os tempos. Suas idéias são apreciadas até hoje, sobretudo a metafísica e a lógica. Morreu em 322 a.C. em Atenas. Trabalho nº 1 1- Caracterizar o nascimento de Aristóteles. 2- Em quantas fases pode ser dividida a vida de Aristóteles? Explique. 3- Comente as afirmações de Aristóteles: a) O homem é um ser eminentemente social. b) O homem é também um animal racional. c) O homem é um animal político, constituído de tal modo que, por sua própria natureza, foi feito para viver com os outros em sociedade politicamente estruturada. 4- Aristóteles identificava a condição de animal político do homem com as abelhas e as formigas, que desejando e evitando as mesmas coisas e voltando suas ações para fins comuns, se agregam espontaneamente. Justifique. 5- Comente: a) “No homem existe a possibilidade de vir a ser”. b) “Em Deus não existe potência. Ele é ato puro”. 6- As idéias de Aristóteles são apreciadas até hoje, sobretudo a ........................................... e a ...................................... O PENSAMENTO POLÍTICO DE ARISTÓTELES Introdução Considerado por alguns como o maior pensador de todos os tempos, Aristóteles nasceu no ano de 385 a.C., em Estagiros, pequena cidade da Trácia, fundada por colonos gregos. Nicómaco, seu pai, era médico pessoal do rei Amintas II e consideravam-no como um dos homens mais sábios e cultos na profissão. É natural que Aristóteles dele tenha herdado não apenas alguns conhecimentos de medicina mas também o gosto pela observação direta das coisas que evidencia nas suas obras. Seguiu em Atenas as lições de Platão na Academia. Afastou-se no entanto do mestre para seguir o seu próprio caminho. Ficou célebre a frase que se lhe atribui a justificar a ruptura: "Sou amigo de Platão, mas ainda mais da verdade". Aliás, quando, mais tarde, já preceptor de Alexandre, foi por este interrogado sobre quem tinham sido os seus mestres, pôde responder com certo orgulho: "Foram as próprias coisas que me instruíram e nunca me ensinaram a mentir". É enorme a obra que nos legou e em que se condensa praticamente todo o saber humano do seu tempo. Ao analisá-la, não se pode deixar de ficar impressionado com a vastidão enciclopédica dos seus conhecimentos, com o seu rigor lógico e a sua profundidade metafísica, que fizeram que os historiadores da cultura pudessem falar de um "milagre grego". Tratado da Política é uma das obras que nos dão bem a medida do gênio de Aristóteles, que nela não só esboça uma filosofia sistemática do Estado, mas lança também as bases daquilo a que hoje chamamos o Direito Constitucional, encarado já nos seus vários aspectos: histórico, nacional, geral e comparado. 1. A obra A Política de Aristóteles, embora talvez surpreendentemente, é um dos grandes clássicos da filosofia política, e em que pulsa o gênio aristotélico da apreensão global de uma realidade. Adquiriu esse estatuto apesar de ser um texto incompleto e provisório, com imperfeições, repetições e remissões obscuras, e redigido a partir de uma primeira versão destinada ao ensino oral. Mas foi nesta sua obra genuína que o filósofo verteu o essencial de mais de quarenta anos de investigações que repercutem a sua concepção ampla de ciência política como filosofia das coisas humanas. O estatuto da Política surpreende menos se pensarmos que as propostas que nela emergem são a culminância de investigações presentes em obras, entretanto perdidas e noutras que permaneceram. Entre as obras perdidas relevantes contam-se os quatro livros Da Justiça e os dois sobre o Político, sugeridos pelos diálogos de Platão; os tratados Alexandre ou a colonização e o Da Monarquia, preciosos para avaliar melhor a relação do autor com Alexandre Magno, e a desconfiança perante a criação de uma monarquia mundial, das 158 constituições do mundo helênicas, recolhidas pelos discípulos do Liceu, perderam-se todas exceto a Constituição de Atenas, escrita pelo punho de Aristóteles, possivelmente como modelo de redação do corpus. Por outro lado, a Política pode, e deve ser comparada, com obras que permaneceram e que expõem o papel arquitetônico da ciência política no conjunto do saber, tais como a Metafísica e o conjunto das Éticas (a Nicómaco, a Eudemo e Magna Moralia), remanescentes de tratados (como o Protréptico) e correspondência vária. Tal como chegou até nós pela tradição manuscrita, a Política, mais que um tratado, é uma coleção de formulações, destinadas a servir de base à exposição oral. A crítica minuciosa - e em curso - estabeleceu indubitavelmente que os oito livros da Política não resultaram de um impulso criativo único. Aristóteles foi membro da Academia Platônica desde 367 a. C., quando com dezessete anos chegou a Atenas vindo da longínqua cidade natal de Estagira, até à morte de Platão em 348 a.C. Após ensinar três anos em Assos e dois em Mitilene, foi tutor do príncipe Alexandre. Regressado a Atenas em 335 a.C. aí criou, e ensinou, no Liceu. Abandonou a cidade em 323ª.C. "para evitar um segundo crime contra a filosofia", e morreu o ano seguinte em Calcis, na ilha de Eubeia. Nos trinta anos que decorrem entre os primeiros e os últimos livros, o discurso reflete a tensão entre duas orientações, a um tempo divergentes e conciliantes, das investigações de Aristóteles: as experiências da vida criativa racional, inculcadas pela Academia platônica, e o estudo da multiplicidade das manifestações do ser. Em política, tratava-se de confrontar o bem supremo com os regimes da cidade-estado que estava a ser ultrapassada pela monarquia mundial. Tratando-se de obra não sistemática, e sem o fulgor imaginativo das construções platônicas que tanto impressionaram autores como Cícero e Agostinho, apagou-se a repercussão imediata da Política no mundo antigo - uma vez extinta a palavra que a animava - até a tradição hermenêutica a reavivar. A partir do comentário de Andrônico de Rodes, undécimo escolarca do Liceu, no séc. I a.C., e em particular do comentário de Alexandre de Afrodísias no final do séc. II d.C., Aristóteles tornou-se a base de todas as escolas de filosofia política no mundo inter cultural da Idade Média - árabe, judaica e cristã; a polis é o domínio de atualização da natureza humana; para a compreender temos que compreender a natureza do homem que a forma. Os grandes medievais como Avicena, Averróes, Maimónides, João de Salisbúria, Marsílio de Pádua e, sobretudo, Tomás de Aquino, iniciaram aqui perspectivas inovadoras. A recepção escolástica criou a impressão de um pensador sistemático, impressão reforçada pelos humanistas do séc. XVI que exageraram a dissociação entre Aristóteles e Platão. Após o eclipse iluminista do aristotelismo, esse preconceito assumiu a forma de crença num autor que se libertara das dependências idealistas platonizantes. A situação agravou-se com traduções infiéis da Política que visaria estudar o "estado ideal", dois anacronismos que, juntos, são muito perigosos. Os historiadores da filosofia especularam sobre a eventual evolução do jovem Aristóteles, para o realismo da maturidade que ultrapassaria o idealismo platônico inicial; quando idealismo e realismo como concepções sistemáticas da filosofia fizeram o seu caminho até à edição, a tradição romântica oitocentista chegou a reordenar a Política, numa pretensa seqüência prístina dos tratados. Entretanto, a confusão ideológica persistente do séc. XX apresentou leituras diversas e contraditórias da obra: Aristóteles foi apodado de liberal, conservador, fascista, monárquico, republicano, defensor da classe média, defensor da aristocracia, xenófobo, e democrático. Não será difícil ao séc. XXI fazer melhor. Como é regra geral, a simples leitura dos textos originais desfaz a maior parte dos equívocos hermenêuticas. A Política é uma obra unitária na qual convergem oito tratados relativamente independentes cuja datação aproximada e concatenação ficaram estabelecidas na interpretação clássica de Werner Jaeger, de 1928. No essencial, a seqüência dos oito livros foi determinada pelo próprio Aristóteles no parágrafo final da Ética a Nicómaco: "Primeiro, procuraremos rever o que foi dito pelos nossos predecessores que investigaram este assunto. Depois, com base na nossa recolha de constituições, consideraremos o que preserva e o que destrói as cidades bem como as respectivas constituições e quais são as causas de que umas sejam bem governadas e outras não. Estudadas estas questões, podemos compreender melhor qual a melhor constituição, como cada uma deve ser ordenada e de que leis e costumes carece". Se respeitarmos esta intenção, tornam-se mais claros os arranjos sucessivos introduzidos na Política. Na forma atual, resulta de dois estratos cronologicamente distintos. No mais antigo, formado pelos Livros II, III, VII e VIII, transparece a preocupação de descrever o melhor regime de acordo com critérios derivados de considerações sobre o bem. A melhor cidade será aquela em que for possível a felicidade obtida pela vida criativa da razão. À felicidade individual deve corresponder a cidade feliz. Nesta problemática platónica, Aristóteles introduz a nova metodologia: em vez da construção discursiva de uma cidade paradigmática que não existe na história, surge a tensão entre os critérios da cidade melhor e os regimes políticos atualmente existentes; a forma da cidade melhor tem que ser procurada na experiência política imanente. Esta linha de investigação, que ocupou longamente Aristóteles e os discípulos do Liceu está na base do segundo estrato de livros: o inventário dos regimes permite apurar as condições limitadoras da ação política e as possibilidades de aperfeiçoar a legislação. Os livros IV, V e VI descrevem os regimes constitucionais do mundo helênico, com base no imenso material recolhido. De forma por vezes prolixa, acumulam-se detalhes sobre os regimes de cidades e colônias da península Grega, Ásia Menor, Magna Grécia, e bacia do Mediterrâneo. Pormenores como a referência ao assassinato de Filipe da Macedônia em 336 a.C., em Atenas, ajuda a datar este segundo conjunto de livros. É possível que o livro V - sobre as revoluções - seja uma interposição posterior entre o IV e o VI. Com a redação do livro I como introdução geral, ficou completo o tratado da Política, designado por acromático, ou esotérico, por ser para ensino oral e que comporta os oito livros seguintes: I - A natureza da cidade e os seus elementos; II - A crítica das constituições; III - A teoria da cidadania e tipos de regime; IV - A pluralidade de regimes constitucionais; V - A teoria das revoluções; VI - Democracias e oligarquias; VII - A felicidade e o regime melhor; VIII - A educação dos jovens. 2. A natureza da cidade A finalidade da obra é introduzida pela consideração de que cada cidade é uma comunidade política estabelecida em ordem a um bem. A cidade visa o bem maior porque abrange outras comunidades menores e porque possui uma auto-suficiência que as comunidades maiores não alcançam. A metodologia utilizada é a de análises e sínteses sucessivas que, tomadas isoladamente, aparecem como outras tantas simplificações e complicações mas que, vistas em conjunto, compõem um puzzle intelectual cujo desenho é sugerido pela finalidade presente em cada peça. A primeira análise aborda as partes estáticas da comunidade política. A componente inicial é a família ou casa com as relações entre marido e esposa, pais e filhos, senhores e servos. A sua finalidade é satisfazer as carências elementares quotidianas. A aldeia resulta da reunião de várias famílias ou casas; é regida por modelos derivados do poder paterno e satisfaz carências mais complexas. A cidade, enfim, resulta da associação de várias freguesias, e é uma comunidade superior que constitui o fim por natureza para o qual tendem as anteriores associações; caracteriza-se pela auto-suficiência e por promover uma vida boa; possui um poder político, (e já não paternal), cuja natureza visa libertar o indivíduo dos modos deficientes e incompletos de associação, abaixo ou acima do nível de plena realização da polis. A política é libertadora, contexto que surge a mais célebre das fórmulas da obra: "o homem é, por natureza, um ser vivo político. As categorias deste pórtico da obra - natureza, finalidade, felicidade, bem, homem, cidade, ser vivo - tocam o centro da filosofia de Aristóteles. Uma das maneiras de aceder ao centro, é seguir o desenrolar da teorização do processo de busca do fundamento nas obras de Aristóteles. Se considerarmos o termo para expressar o fundamento procurado, necessitamos de categorias causais, ou etiológicas para abordar a vida política. Se privilegiarmos a finalidade, carecemos de categorias teleológicas; se for arché, de categorias arqueológicas do princípio. Mas quer abordemos a existência do homem político procurando causas, princípios, ou finalidades, deparamo-nos sempre com o fundamento de que participa a razão humana. É necessário ter presente esta perspectiva global de Aristóteles; a natureza de qualquer realidade seja criatura viva, instrumento ou comunidade, deve ser procurada num fundamento, apresentado como causa, princípio ou finalidade. A natureza do indivíduo humano só é realizável através da comunidade social e política. O indivíduo isolado torna-se insociável e apolítico, comportando-se "como um deus ou uma besta". A polis é, em parte, um processo biológico, em parte um processo da liberdade humana. O homem não é um animal gregário, mas um animal político porque a comunidade assenta no discernimento do bem e do mal. E ao afirmar que "quem primeiro a estabeleceu foi causa de grandes benefícios", Aristóteles situa a evolução da cidade no quadro da história. O impulso inicial do fundador e o processo político do legislador são tão decisivos quanto o processo orgânico de crescimento da cidade. A metafísica das causas, dos princípios e das finalidades não impede a livre intervenção do sujeito humano. Na análise inicial da seqüência casa-aldeia-cidade, Aristóteles anuncia a intenção de analisar as componentes da cidade segundo as relações entre marido e esposa, pais e filhos, senhores e servos, mas restringe-se a estas últimas. Aristóteles aceita a escravatura e considera-a mesmo desejável para os que são escravos por natureza. Desde o nascimento, uns estão destinados por natureza a serem regidos, outros a reger; uns nascem livres, outros são escravos por natureza. Condena, porém, a existência de escravos por convenção, resultantes de contrato ou conquista. Justifica a escravatura natural pela suposta incapacidade de certos homens se governarem a si mesmos; os escravos por natureza devem submeter-se ao governo do senhor no interesse deste e de si próprios. Contudo, o poder conferido pela força não confere o direito de escravizar prisioneiros de guerra, e menos ainda é lícito escravizar Gregos; o povo helênico é, por natureza, livre. Em paralelo com afirmações anteriores da Ética a Nicómaco (EN,1161b3) alega ainda a necessidade econômica: o escravo é um "instrumento animado" que maneja instrumentos inanimados. Tais afirmações sobre a escravatura são chocantes e mesmo indignas, na medida em que pretendem conciliar a existência da escravatura com uma idéia de natureza humana universal; noutros tempos, foram aproveitadas como justificação política. E, contudo, não nos podemos permitir ser sentimentais neste tema. A categoria social de escravatura é recorrente na história; a ausência de liberdades (de circulação, de opinião, de reunião, de escolha) nos países comunistas antes de 1989, convertia a esmagadora maioria dos habitantes em escravos por convenção. Convém, ainda, assinalar que a condenação ética do escravo por convenção e a aceitação do escravo por natureza era um dilema significativo para o Aristóteles que, por testamento, libertou os seus próprios escravos. A problemática inovadora da economia no Livro I, tem por objeto a riqueza doméstica embora os preceitos da "lei ou administração da casa", também se apliquem à cidade, pois se dirigem ao pai de família e ao político. A economia destina-se a produzir bens de consumo próprio; a crematística, ocupar-se de trocas por dinheiro, proporciona bens com vista ao lucro, exige a criação de dinheiro e funda-se na conveniência em facilitar as trocas. A forma de aquisição econômica de riqueza consiste em obter os bens necessários à vida com moderação e sobriedade. Mas se a economia tem um limite porque o seu fim não é aquisição ilimitada, já a aquisição crematística de bens é especulação. Surpreende esta avaliação moral da economia, decerto não está recordado dos motivos que levaram Adam Smith a investigar os meios de riqueza das nações em ordem a estabelecer os fins da economia, nem do debate, nas religiões cristã, islâmica e judaica, sobre o sentido da atividade econômica. O Livro II da Política transita da natureza estática da cidade para a sua atualização, apreciando programas visionários e constituições. Surge a grande crítica a Platão, bem como a Fáleas de Calcedónia e Hipodamo de Mileto; a avaliação dos regimes de Esparta, Creta e Cartago e das legislações de Sólon, Filolau, Carondas e Pítaco. Através das lições derivadas de críticas e encômios vários, Aristóteles insiste num problema muito claro: os habitantes da cidade têm que possuir uma certa unidade. Mas qual? E quanta? E como? O problema teórico é saber o que deve ser possuído em comum; se todas as coisas, se nenhumas, se algumas. O mínimo comum imediatamente aceitável é o território. O máximo comum, a ser liminarmente rejeitado, seria a posse comum de bens, mulheres e filhos como surge na intrigante proposta da República de Platão. A demorada crítica a Platão pode suscitar a impressão de uma oposição ao platonismo; não é o caso num discípulo da Academia que continua o essencial do platonismo. A primeira crítica contra a comunidade somática de mulheres e filhos é realizada em nome da liberdade. O excesso de unidade liquidaria a cidade, dependente da ação individual dos seus membros. "A igualdade na reciprocidade é a salvaguarda das cidades, tal como já foi referido na Ética, já que isto tem que ocorrer entre indivíduos livres e iguais". Outra razão para recusar a uniformização é a teoria da amizade, a força viva de cada sociedade. A amizade, também pode ter a conotação de amor e comunicação, é a substância do relacionamento humano e a dinâmica de todas as relações sociais duráveis, e de onde os governos retiram estabilidade. "Acreditamos que a amizade é o maior dos bens para as cidades". Cada indivíduo apresenta-se como o centro de uma rede de relações diversificadas. Se nada existe para preencher essas relações, a cidade perde capacidades. Ora a comunitarização das relações sexuais faz desaparecer o relacionamento saudável de pais e filhos, e as excelências humanas que eles geram. O terceiro argumento em prol do que chamaríamos, segundo Bergson, "sociedade aberta" é o da propriedade. "Existem duas coisas que fazem com que os seres humanos sintam solicitude e amizade exclusiva: a propriedade e a afeição". A propriedade comum dos bens é contrária ao amor próprio que irradia da individualidade para a propriedade privada. A regulamentação da propriedade deve permitir a cada um dispor de uma esfera de ação individual, sendo a desregulamentação a causa da maior parte das revoluções. Este ponto tem conseqüências programáticas evidentes. As causas das revoluções não residem na existência de propriedade privada mas no apetite ilimitado de riquezas, que deve ser "domesticado" pela educação. O conjunto das críticas à comunidade que Sócrates descreve na República é bem indicativo do realismo de Aristóteles. "Cada um pode imaginar hipóteses, mas deve evitar o impossível.". Esta impossibilidade não reside na descrição platônica da natureza do homem nem no sistema educativo proposto, mas precisamente nos meios imaginados por Platão que indicam falta de confiança no processo educativo e um radicalismo insustentável nas instituições. O excesso de uniformização da sociedade destrói a capacidade de atualizar as potencialidades humanas através da livre realização do bem. 3. A forma da cidade O Livro III sobre a teoria da cidadania é o centro de gravidade da Política. Na versão original, corresponderia ao primeiro tratado; na forma definitiva da obra, esta investigação sobre o domínio de ação do legislador, é mediadora entre a introdução à natureza da cidade, nos livros I e II, e as aplicações legislativas nos Livros IV, V e VI. Aristóteles introduz agora a cidade como um composto, uma multidão diversificada, de que cada cidadão é uma parte. A cidade é por Além da natureza da cidade, o legislador tem que conhecer a politeia, (regime, constituição, ordem constitucional, forma de governo, regime constitucional). Se a unidade política fosse apenas o resultado de um processo biológico, o teórico apenas teria que relatar o processo de crescimento, saudável ou doentio, e de corrupção. Mas a cidade-estado também resulta dos atos libertadores dos fundadores originais e dos fundadores permanentes que são os legisladores e os governantes, e os cidadãos que participam na vida política. A comunidade de cidadãos é comparada a uma comunidade de marinheiros numa embarcação. Em ambas ocorre uma divisão de funções, cuja combinação de dinamismo e ordem é necessária à segurança na viagem. Analogamente, os cidadãos, embora desiguais, têm como tarefa comum a segurança da comunidade. Quanto à pergunta sobre o que é um cidadão, Aristóteles procede por eliminação de critérios. A residência no território é critério insuficiente porque estrangeiros e escravos também a podem possuir. O direito de processar e ser processado judicialmente são insuficientes; pode ser assegurado a estrangeiros mediante tratado. A descendência materna ou paterna também não basta; coloca um problema de regressus ad infinitum; e os fundadores da cidade acabariam por não se enquadrar no critério. Assim, cidadão é, verdadeiramente, o que participa na vida política, através de funções deliberativas ou judiciais; e designa-se por cidade a multidão de tais cidadãos em número suficiente para alcançar a autarquia. Seguindo a concepção misógina corrente no mundo helênico, Aristóteles exclui da cidadania as mulheres, as crianças, os anciãos que ultrapassaram um limite de idade, os estrangeiros residentes (metecos) e os escravos. Esta listagem de exclusões mostra que Aristóteles tem dificuldades em criar um critério de cidadania. Aliás, acaba por admitir que a ascendência por via paterna é importante para se ser cidadão. A resposta não é teoricamente muito satisfatória, nem talvez fosse pretendida como tal. Aristóteles descobriu que, em ciência política, a noção de perfeição é singularmente vazia, sendo mais importante investigar de que modo a natureza comum do político se atualiza de modo diferente nas inúmeras variantes constitucionais. Esta nova problemática da tensão entre natureza da cidade e forma dos regimes políticos é a resposta teórica aos materiais de 158 constituições helênicas. Em vez de procurar fazer coincidir natureza e forma para obter uma "cidade ideal" - desejável, mas impossível de estabelecer - Aristóteles verifica que as imperfeições dos regimes resultam da falta de protagonismo dos cidadãos livres e iguais que deveriam constituir o grupo predominante na vida política. Esta preocupação é ética e política, e mesmo estética e religiosa, segundo os significados modernos dos termos. Se diferentes tipos humanos buscam a felicidade de diversos modos, forçosamente possuem diferentes formas de governo. Cada polis é uma multidão com tipos humanos extremamente diversificados; segundo Aristóteles apenas um pequeno grupo de indivíduos responsáveis (insistentemente designados por spoudaoi) atingirá uma estatura moral completa ou perfeita; outros serão bons cidadãos, sem serem forçosamente homens de bem: outros nem possuem os requisitos necessários para a cidadania, tal como os metecos. No grau inferior desta escala estarão os escravos por natureza. E a escala é ainda mais complicada devido a interferências de sexo, idade, profissão, posição econômica e destino pessoal, condições da sociedade e da civilização e fatores geográficos e étnicos. A variedade de tipos humanos resultante é enorme e mostra-nos uma sociedade pluralista. Para efeitos de descrição, podemos concentrar-nos nos dois pólos opostos desta escala social: o indivíduo responsável e o escravo (spoudaios e doulos). Aristóteles está consciente de uma aporia. Como pode a diferença de tipos humanos reconciliar-se com a idéia de unidade da natureza humana? Tendo o escravo a capacidade de virtude, como se distinguirá do homem livre? E se é humano, como pode deixar de ter razão? A sua solução reside na descrição de caracteres em termos de predominância de um dos componentes. A diferença entre seres humanos é de espécie, e não de grau nem de gênero. Aristóteles sustenta a igualdade da natureza humana, a par de diferenças de personalidade. A desigualdade evidente entre homem livre e escravo não significa uma diferença de natureza. A natureza é idêntica para todos devido à razão, mas a disposição interna desta é extraordinariamente diversa. O escravo por natureza é um caso de máximo afastamento das virtudes dianoéticas e éticas, e na mente misógina de Aristóteles, também as mulheres e crianças se afastam desta culminância. Quanto ao homem bom (spoudaios), Aristóteles segue a mesma metodologia de descrição do caráter em termos de predominância de um dos três componentes da alma: desejo, vontade e razão. Em Ética a Nicómaco, definira os três tipos de busca da felicidade que se caracterizam pela predominância respectiva do desejo, da ação e da contemplação criadora por parte do intelecto ativo do ser humano. Nas correntes filosóficas da época e na Academia em particular, existiam as pressões para desvalorizar a vida do desejo e para o filósofo se retirar da vida política. Era o que se verificava nas propostas de cínicos, cirenaicos e megáricos e no posterior sucesso das correntes estóico e epicurista. Mas, sem abdicar do primado da razão - científica, artística e mística - Aristóteles é resolutamente a favor da vida política, ou vida ativa, como meio de alcançar a felicidade. A cidade não existe apenas para viver; justifica-se se proporcionar uma vida do bem; caso contrário também poderia existir uma cidade de escravos, ou de animais. Quando um grupo realiza a excelência humana, deve tornar-se representativo da cidade e criar um regime político em que conflua a natureza e a melhor forma. O melhor regime será aquele em que o grupo governante exibir a excelência humana, em particular as virtudes éticas e dianoéticas em vários graus de atualização. A eudaimonia será alcançada mediante a vida ativa proporcionada pelas virtudes dianoéticas. Uma interpretação moralista diria que o fim do governo é tornar os homens virtuosos, subordinando a política à ética. Mas pelo contrário, para Aristóteles, é a ciência política, a ciência da conduta do homem em sociedade que engloba a ética, ciência da conduta individual do homem formado pelo nous. A Política de Aristóteles resume os preceitos finalistas e eudemonista da sua Ética: "Todos aspiram a viver bem e à felicidade. Toda a ação humana está orientada para o bem e para a felicidade que se define como criatividade da alma dirigida pela virtude perfeita. A virtude mais humana consiste na busca do bem e da felicidade". O homem atinge a felicidade através da virtude. Mas uma vez que as excelências ou virtudes humanas apenas são realizáveis na esfera da sociedade política, a cidade tem que preocupar com a virtude. A cidade não é apenas uma comunidade de lugar, nem um recinto amuralhado cujo fim seja evitar a injustiça e facilitar as trocas comerciais. O fim da comunidade política é assegurar aos cidadãos a vida boa. A vida boa é conforme a virtude, "Não só se associam os homens para viver, senão para viver bem caso contrário haveria cidades de escravos e de animais. E isto é impossível porque estes não participam da felicidade". Por "vida boa" não se deve entender abundância de bens materiais que caracteriza o que correntemente se chama a sociedade de consumo, ou mais vulgarmente, a boa vida. Os elementos apresentados sublinham que para viver bem "a cidade é uma comunidade de homens livres". Apesar de tudo, estas respostas parecem demasiado teóricas para resolver os problemas da vida política. Aristóteles tinha outras conclusões disponíveis para os seus silogismos, se escolhesse outros termos médios. Poderia, por exemplo, ter concebido um modo de existência semelhante ao das comunidades religiosas órficas ou das escolas filosóficas, que estavam a iniciar processos semelhantes ao que o cristianismo designaria por santificação da vida. Mas, além do anacronismo, tais propostas seriam consideradas perigosamente apolíticas por Aristóteles. Uma segunda possibilidade seria conceber a cidade-estado segundo o modelo da monarquia mundial presente na formação do império helênico, sob a hegemonia da Macedônia. Que sucederia se aparecesse um indivíduo ou um grupo de indivíduos superiores pelas virtudes? Aristóteles indica que se um homem destacasse acima de todos os outros, não deveria ser tratados segundo as regras correntes; seria "como um deus entre os homens", passagem que alguns interpretam como referida a Alexandre Magno, embora nada no texto o sugira. Sabemos que Aristóteles aprovava o plano de guerra defensiva de Alexandre, herdado de Filipe, contra as satrapias persas da Ásia Menor, a fim de preservar as cidades helênicas da zona. Mas discordou da transformação deste projeto em ofensiva para a conquista e criação de uma monarquia mundial. Tal império exigiria uma violência ou não aprovava. Noutro contexto, referindo explicitamente a identidade da felicidade com a atividade virtuosa, explora a hipótese de o poder supremo ser o mais excelente dos bens porquanto permite realizar ações nobres mas rejeita a hipótese: a excelência inicial seria perdida com a violência exercida para obter o poder. A vida ativa da cidade helênica de homens livres é, pois, o modelo definitivo de existência humana em sociedade. A antropologia e a ética clarificaram o significado da felicidade na dimensão pessoal que assenta no bem; analogamente, a melhor comunidade é a que proporciona a melhor vida para o indivíduo. A idéia teórica é convertida em critério para julgar a cidade e as categorias podem ser transferidas: o homem excelente tem o seu paralelo na idade excelente; o homem feliz na cidade feliz (polis eudaimon). A felicidade da cidade é alcançada quando os cidadãos estão treinados de modo a que todos os estratos da existência humana estejam desenvolvidos. Como Aristóteles tem um evidente orgulho helênico, e considera a Hélade como o centro do mundo (literalmente o umbigo, omphalos) e assim a pretende manter sem unificação política do mundo. De acordo com sua teoria da distribuição dos caracteres étnicos, combinam-se na identidade helênica o ânimo (thymos) típico dos povos da Europa e a habilidade dos povos da Ásia. Cada cidade-estado helênica deve ter um fim em si mesma e unificarem as suas partes sob a ação da vida ativa do indivíduo responsável. Pensar o indivíduo, a cidade e o divino sob o modelo da auto-suficiência, e no quadro do cosmos, é um modelo que melhor transmite a grandeza e os limites do próprio Aristóteles. 4. Natureza, forma e legislação Na análise empreendida nos três primeiros livros, Aristóteles recorreu a importantes distinções metodológicas. Após analisar a natureza da cidade nos livros I e II, a observação das evoluções constitucionais fê-lo criar a nova categoria de forma da cidade. No livro III, o regime (politeia ) adquiriu essa função de ser a forma da cidade perante a matéria que são os cidadãos. Contudo esta segunda relação levanta duas novas dificuldades. Por um lado existem indivíduos que pertencem, mas não participam na vida da cidade. São membros da cidade, mas não são cidadãos segundo a forma. Por outro lado, admitida a distinção entre o homem de bem e bom cidadão, só em circunstâncias excepcionais, poderia haver coincidência entre ambos. Para evitar a quebra da filosofia das coisas humanas, e a tensão entre ciência ética e ciência política cujas conseqüência prática seria entregar o governo aos expedientes sofísticos ou aos tiranos e remeter o indivíduo para a existência amorfa e apolítica - Aristóteles solicita ao legislador que se aproxime da natureza, através da legislação. É preciso a todo o custo sustentar a filosofia da cidade como a comunidade em que o homem pode realizar a sua natureza de modo pleno. O problema reside em saber se as categorias de Aristóteles descrevem este processo. As raízes das dificuldades são bem conhecidas: resultam da aplicação de categorias ontológicas, criadas para analisar a natureza aos problemas da existência humana, na dimensão da pessoa, da sociedade e da história. Forma e matéria foram categorias concebidas para definir entidades como organismos, artefatos, e a ação intencional; a forma é imposta à matéria num animal; o desenho é imposto pelo artesão ao material; a intenção é a forma imposta aos meios para alcançar um fim. De tal modo Aristóteles conhece as dificuldades de transformação das categorias em tópicos fora do âmbito original, que a sua exposição é o melhor guia de resolução das dificuldades. Se as categorias forem aplicadas a uma polis, a politeia será a forma e os cidadãos a matéria? Todos, então, deverão ser cidadãos? Ou sós os que participam no governo e votação? Numa tirania ou oligarquia seria impossível, porque os homens livres perdem o direito de votar ao contrário do que sucede em democracia. Admite que definir o cidadão como o participante no processo de decisão só vale em democracia, mas não insiste demasiado neste ponto. Quer reter o regime como a forma da cidade e os cidadãos como matéria. Mas surge, assim, o novo problema de uma cidade mudar de identidade cada vez que muda de regime e o caso perturbador de o homem de bem poder ser mau cidadão ou o bom cidadão cumpridor das leis, ser um indivíduo moralmente detestável. A tensão entre as exigências da ética e da política tornava-se inconfortável e a unidade da análise ético-político ficaria destruída. Mas apesar de tudo isto, Aristóteles não modificou o paradigma de análise. Porquê? Que motivos tinham para assim proceder? Aristóteles estava consciente que o regime constitucional (politeia) não pode ser construído como essência ou forma da sociedade porque não possui estatuto ontológico próprio; é apenas uma rede de instituições políticas que existe no tempo histórico. Acresce que Aristóteles expôs claramente que a forma política da cidade é apenas uma fase de um ciclo mais amplo constituído por realeza, aristocracia, oligarquia, tirania e democracia. A primeira exposição deste ciclo remonta a Heródoto; Platão conferiu-lhe um alcance geral para todas as cidades helênicas cujo decurso histórico se tornava assim uma unidade plausível de investigação. Ademais, o mundo helênico como unidade de civilização prolongava-se no passado até aos Aqueus, tal como narrado na epopéia da conquista de Tróia, e até Creta, através dos mitos atenienses de Teseu. Finalmente, o futuro imediato do mundo helênico estava marcado pela expansão Macedônia e pela conquista da Ásia por Alexandre. A independência das polis helênicas, comprometida pelas longas guerras civis que se sucederam à épica resistência contra as invasões persas, desaparecera em virtude da unificação Macedônia. Uma vez que estes dados eram óbvios, é preciso justificar por que razão Aristóteles não investigou na Política a seqüência que conduzia desde o regime até ao ciclo político, à nação helênica, à história grega e à comparação entre civilizações. A decisão de eleger a polis como a única unidade de inquérito depende do que lhe parecia relevante no seu conceito de ciência política e dentro da experiência helênica. Aristóteles é um filósofo: interessa-se pela estrutura e não pela história da sociedade. Admite um modelo proveniente das investigações históricas, mas insiste em articular a essência da polis. Isso é sustentável, desde que se admitam os pressupostos: a natureza do homem atualiza-se através do culto do bios theoretikos; a manifestação da humanidade do só é possível numa cidade-estado. Nenhum destes pressupostos aristotélicos é hoje admissível num quadro de referências muito mais diferenciado pelo cristianismo, pela modernidade, e também pelo anticristianismo e pela pós-modernidade. O erudito poderia ficaria satisfeito com este estado da questão; o filósofo e o legislador não. Se a constituição perfeita é realizável, então há todo o interesse em conhecer a estrutura empírica da cidade de modo à nela realizar a ordem perfeita. Para reconstruir a sociedade presente, exige-se o conhecimento da realidade política. E, contudo não se trata tanto da famigerada intervenção do "realismo" de Aristóteles a suprir um pretenso "idealismo"; é precisamente a decisão teórica de Aristóteles de cercear a investigação à cidade-estado segundo a natureza, que o obriga a efetuar a análise prática da forma ou regime constitucional. 5. A pluralidade dos regimes A partir do cap.6 do Livro III, é introduzido o exame dos tipos de ordem constitucional mediante uma nova definição de politeia: "Um regime pode ser definido como a organização da cidade no que se refere a diversas magistraturas e, sobretudo, as magistraturas supremas; em qualquer cidade, o elemento supremo (kyrion) é o governo, e o governo é o próprio regime". A parte determinante numa democracia será o povo, numa oligarquia o grupo dirigente, e assim sucessivamente. Um segundo critério de diferenciação entre regimes é o interesse comum (sympheron): "os regimes que se propõem atingir o interesse comum são retos, na perspectiva da justiça absoluta; os que apenas atendem aos interesses dos governantes são defeituosos e todos eles desviados dos regimes retos". Ao invés das constituições justas, as injustas apenas olham aos interesses particulares dos governantes. Da combinação destes dois princípios resulta a célebre classificação dos seis tipos de politeiai em duas séries de regimes justos e injustos. Aristóteles está consciente das limitações desta classificação jurídico-política de origem platônica, que não se coaduna à realidade política e corrige-o com a preocupação do concreto social e, especificamente, econômico. Em regra os ricos são poucos e os pobres muitos, sendo a democracia e a oligarquia os dois regimes mais freqüentes. Na prática, existe um terceiro grupo de indivíduos que intervém nos conflitos políticos - os virtuosos - sejam eles mais ricos ou mais pobres. Cada um destes três grupos funda a sua pretensão de governar a cidade num critério parcial de justiça; os pobres falam em nome da liberdade, os ricos devido à posição econômica, os virtuosos pelo desempenho da excelência: é inevitável o conflito político entre estas pretensões. Mas perante interpretações parciais, afinal o que é a justiça? Segundo Aristóteles, consiste na igualdade de tratamento para os iguais e no tratamento desigual para os que têm méritos desiguais. Quando um destes princípios parciais de justiça é aplicado isoladamente, cria conflitos: os possuidores de riquezas tendem a generalizar a sua desigualdade relativa; os que são iguais em liberdade de nascimento generalizam esta sua característica. O conflito decorrente entre ricos e pobre não pode ser resolvido em favor exclusivo de uma das partes, nem minorado por uma solução contratual. A visão ambiciosa de Aristóteles exige que a cidade seja mais do que uma associação fundada para a segurança e defesa e para a troca de bens. A cidade é uma comunidade de aldeias e de famílias, baseada na amizade entre seres humanos e a amizade apenas se alcança através da realização do supremo bem. A realização de ações dignas na cidade exige a participação dos indivíduos virtuosos; não é um luxo; é indispensável para contribuírem com as excelências de que a cidade carece. A fidelidade e a consistência do método de Aristóteles pode ser bem apreciada nesta elevação do problema politológico do conflito de classes - que ele reconhece - ao nível da consideração ontológica sobre os fins da existência humana. Uma vez que não existe uma solução final dos conflitos sociais, as soluções possíveis assentam no estabelecimento de uma ordem justa. O que é justo beneficia a cidade e cada cidadão. "A justiça é própria da cidade já que a justiça é a ordem da comunidade de cidadãos e consiste no discernimento do que é justo". A justiça deve presidir e regular as relações sociais entre os membros da cidade, de modo a conferir fundamento e coesão e à vida social. A justiça política (politikón dikaion) que é própria do homem articulado em sociedade tem dois aspectos: a obediência às leis, às quais se deve ajustar a conduta dos cidadãos: e o critério de igualdade (isonomia) não para todos, senão para os iguais, já que a desigualdade parece justa, e é, com efeito, não para todos, senão para os desiguais. Tal como a natureza impulsiona os seres humanos a agruparem-se em comunidade, as leis (nómoi) fundamentais também possuem uma origem na natureza. Aristóteles distingue entre leis escritas (oi kata gramata nomoi) visionadas e promulgadas pelo legislador; e leis não escritas ou consuetudinárias (kata to ethe); pronuncia-se pela superioridade das leis não escritas, mais seguras e fortes, porque a força da lei deriva do hábito e do costume e ganha vigor com o decorrer do tempo (diachronon plethos) (II,8, 1269ª20). A supremacia da lei resultante do tempo é fonte de força para a comunidade e de estabilidade da constituição. Por isso mesmo, é melhor ser governado por leis do que por homens, sempre sujeitos às paixões. Em termos atuais, estranhamos a referência da desigualdade, mas notamos que a base de idéia de justiça é a supremacia da lei, fundada na natureza. As dificuldades em encaixar estas novas peças de puzzle é resolvida pela apresentação das formas de regime político como fases de um processo histórico. Surge, assim, a célebre análise do ciclo das formas políticas. A realeza surgiu como forma primitiva de governo quando um homem preeminente em virtude impunha as suas qualidades de fundador da cidade com proveito comum. Quando este governo virtuoso fez crescer a prosperidade, surgiu um grupo de barões que não aceitavam submeter-se e que criaram uma república aristocrática. Quando esta classe de aristocracia degenerou e enriqueceu a expensas da população, surgiram oligarquias sem o sentido da honra. A concentração da riqueza nas mãos de um só indivíduo gerou a tirania. A tirania, enfim, cedeu o lugar aos regimes dominados pela plebe urbana, massas de homens livres apenas no nome, mas sem a virtude de saberem governar em democracia. Aliás, devido ao crescimento histórico da massa populacional, a democracia tornou-se a única constituição aceitável na área helênica. A apresentação dos tipos básicos de regime, o conflito de classes sociais e o ciclo de evolução dos regimes constituem três variantes de análise política que, por comodidade, podemos designar de constitucional, sociológica e histórica. Nenhuma delas é suficiente. A classificação político-jurídica de boas e más constituições falha devido ao critério insuficiente da observância das leis já que "as leis devem ser estabelecidas de acordo com o regime"; "as leis devem ser feitas segundo a constituição e não a constituição segundo as leis". Uma vez que a constituição depende dos diversos grupos sociais, torna-se necessário analisar o respectivo equilíbrio de forças. Contudo, estabelecida a exigência de equilíbrio entre as pretensões de vários grupos para impedir a instabilidade e a revolução, a análise é inconcludente porque não situa a evolução da cidade. A classificação histórica acrescenta o ciclo político da evolução provável dos regimes políticos; mas é evidente que o processo de deterioração e corrupção da virtude dos fundadores pode - e deve - ser contrariado pela intervenção justa e oportuna dos legisladores. A estes três princípios acrescentam-se outros tais como condições geográficas, acidentes históricos, o caráter e o número da população. Atinge-se, assim, uma pluralidade de formas constitucionais que ultrapassa em muito os seis originais, e que faz jus ao gênio aristotélico de inventariarão dos materiais empíricos. Seria empobrecedor unificar os diversos tipos de análise num só, ou eleger um como determinante. Uma vez mais assistimos ao trabalho da enteléquia. Aristóteles não articula a finalidade para onde se encaminha a análise porque isso seria antecipar indevidamente a contribuição das particularidades investigadas, mas em por isso esse telos deixa de ficar patente e luminoso através dos dados aduzidos; neste caso, é o espetáculo aparentemente zoológico da pluralidade de constituições que forma o objeto da recolha pelo Liceu e de que os Livros IV, V e VI dão uma antevisão. 6. Os vários regimes ideais A coexistência de princípios gerais e materiais empíricos exigem critérios de classificação. Como, por seu turno, estes critérios dependem de princípios de apreciação do que é melhor para a cidade, o problema do regime melhor não se pode reduzir a uma fórmula política definitiva. Desta interação entre elementos paradigmáticos e pragmáticos que percorre toda a obra, Aristóteles extrai um programa muito claro, no início do Livro IV. Compete à ciência política examinar, sucessivamente, "a melhor forma de regime em absoluto"; a "forma melhor tendo em conta as circunstâncias"; "a forma de regime que se estabelece segundo um pressuposto"; e "a forma de regime que melhor convém ao conjunto de todas as cidades". A fim de cumprir este ambicioso programa nos livros IV, V e VI que correspondem à elaboração tardia da Política e à última década da sua vida, Aristóteles introduz um novo método analítico para distinguir mais do que as seis formas de regime. Compara a cidade a um animal com vários órgãos, em número definido, mas formatos diversos. Analogamente, cada cidade possui conjuntos variáveis de um determinado número de funções necessárias. As funções necessárias à cidade são as de agricultores, trabalhadores manuais, mercadores, artesãos, militares, juizes e membros da assembléia, magistrados, e ricos proprietários. Como são possíveis diversas combinatórias destas funções, os números de regimes a analisar é muito extenso. Após a introdução do novo esquema abstrato, seguem-se considerações concretas. Em primeiro lugar, duas destas funções podem surgir no mesmo indivíduo; é possível ser simultaneamente artesão e deliberados, guerreiro e magistrado: rico e pobre ao mesmo tempo é que é impossível. Como riqueza e pobreza são as partes eminentes (malista) da cidade em relação a outras menos determinantes, oligarquia e democracias tornam-se os regimes mais eminentes e em função dos quais todos os outros devem ser analisados. O debate sobre estes dois regimes ocupa a melhor parte do Livro IV e todo o Livro VI, embora também sejam tratadas as realezas, aristocracia, regime constitucional. Todo o Livro V estuda as revoltas e as revoluções com o duplo objetivo de conhecer o fenômeno revolucionário e os meios de preservar a estabilidade. As revoluções resultam do agravamento de incidentes mínimos. Entre as suas causas contam-se ressentimentos, insolência, medo, desprezo, intriga, ação de demagogos; mas todas estas causas, algo psicológicas, se deixam reconduzir à desigualdade de condições sociais e à parcialidade no exercício da justiça por parte dos governantes. "A melhor forma de regime em absoluto" é apresentada através de uma redefinição do regime aristocrático, já debatida no Livro III. O essencial da aristocracia é a "identidade absoluta entre homem bom e bom cidadão". Todos os regimes políticos se tornam deficientes relativamente à aristocracia como a melhor constituição (orthotatos). Existe uma pseudo-aristocracia em que a escolha segundo a riqueza ou o nascimento substitui o critério da meritocracia. Os regimes aristocráticos ou permanecem pouco acessíveis ou aproximam-se dos chamados regimes constitucionais. Uma vez que, de acordo com os princípios desenvolvidos na Ética, a vida feliz decorre conforme à virtude, e a virtude é um justo meio (mesotes). Segue-se que a melhor vida é uma média que cada indivíduo possa atingir e o melhor regime deve refletir esta mediania. Tal regime que "melhor convém ao conjunto de todas as cidades" ajudaria a resolver os conflitos sociais entre ricos e pobres. Em todas as cidades encontramos um estrato social com uma quantidade média de posses. Se acrescentarmos que a riqueza excessiva gera a insolência e a pobreza gera a criminalidade e malícia; e que a amizade apenas cresce entre os que são iguais em qualidades; estão reunidos todos os elementos para o legislador confiar na classe média como o bastão mais seguro da cidade. Mesmo que tenha de atuar num regime que não seja imediatamente favorável - oligárquico ou democrático - o legislador procurará favorecer a classe média. Para Aristóteles não se tratava apenas de uma recomendação teórica; era um dado comprovado historicamente e com repercussão direta na sua vida. Na década iniciada em 350 a.C. Hermias de Atarneus elevara-se da condição humilde até à situação de tirano, sob a proteção persa. Entrando em contacto com os platônicos Erasmo e Corisco da vizinha cidade de Scepsis, acabou por seguir-lhes o conselho, transformou o regime tirânico em moderado, concedendo liberdades à classe média. Quando Aristóteles saiu de Atenas em 347 a.C, dirigiu-se para Assos, entretanto concedida aos conselheiros platônicos. Aí casou com Pítias, sobrinha e filha adotiva de Hermias. O êxito deste levou a que várias cidades se submeteram e a esfera de influência helênica na região alargou-se, a ponto de os Persas se sentirem ameaçados. Hermias foi atraído a uma armadilha em Susa e torturado para confessar os segredos de relações diplomáticas com a Macedónia. Dídimo deixou registradas as últimas palavras do governante antes de ser crucificado. "Digam aos meus amigos e companheiros (pros tous philous kai hetairous) que nada fiz que desmerecesse a filosofia", um breve, mas grandioso tributo. A autenticidade do episódio e a sua importância decisiva para Aristóteles são comprovadas pelo hino à Virtude que depois, corajosamente, escreveu em Atenas, em tempos de impopularidade da aliança Macedônica, e em que revestem de formas poéticas estes fatos históricos bem conhecidos. As condições de Atarneus, contudo, eram excepcionais. Como a classe média é pequena, impõem-se as oligarquias e as democracias. Em parte nenhuma existem "cem homens bons e bem-nascidos" que possam executar a política de moderação que convém à classe media. E a mais importante recomendação pragmática de Aristóteles adquire o som mais de um lamento do que um programa. Os livros VII e VIII reafirmam que o melhor regime é o que permite a mais plena atualização da natureza humana com estabilidade política. Após breve exposição da teoria dos bens, da felicidade, das partes da alma, da auto-suficiência e de outros pontos de filosofia já referidos, Aristóteles introduz o estudo inovador das choregiai, os condicionalismos materiais dentro dos quais o legislador deve agir. Se as condições de população, território, localização e caráter natural forem insatisfatórias à partida - território e população excessivas ou escassas, economia desregulada, caráter servil do povo - nem o melhor legislador pode agir bem. Deve procurar, pois, a quantidade de população necessária à auto-suficiência; território com autarquia agrícola e facilmente defensável; localização com proximidade ao mar mas não tanto que o influxo de estrangeiros através de porto descaracterize a cidade; quanto ao caráter, o dos helenos parece ser o mais adequado. Para voltar a propor o melhor regime político, a polis é redefinida como um conjunto (systasis) do qual nem todos os componentes são considerados partes, e embora todos sejam indispensáveis à sua existência. A cidade carece de quem a alimente, defenda, administre, governe, negocie. Mas como a cidade é uma associação de indivíduos semelhantes em busca da vida melhor, e como a atualização da natureza humana não é possível para todos, nem todos podem partilhar na associação de iguais. Na cidade melhor, os cidadãos membros da associação governante devem ter o lazer necessário para desempenhar os cargos de modo excelente. Por isso, guerreiros, oficiais e sacerdotes devem possuir a maior porção da propriedade. Os ricos possuem muita propriedade, mas esta é um instrumento (organon, 1264b8-25) e, mesmo que inclua seres vivos, não é parte da cidade. Será isto "fascismo"? Ou oligarquia dos virtuosos? Ou platonismo às avessas? Para avaliar Aristóteles a mais de vinte e três séculos de distância é preciso ter presente que o seu problema teórico é o de reconhecer o regime melhor. Como proporcionar o quadro político para a manifestação das excelências humanas? Onde existe um grupo humano suficientemente grande para estabelecer esse regime? Não existem os "cem homens capazes", nem Aristóteles está a sugerir uma teoria da conquista do poder e do golpe revolucionário. A recomendação da classe média era vital. Aceita que só a democracia urbana pode ter estabilidade em época de proliferação das massas. Mas esta necessidade histórica não substitui um critério de apreciação, aliás, para bem da própria democracia. No cap.7 de Livro VI começam as reflexões sobre educação que ocupam todo o curto Livro VIII, interrompido no debate sobre a educação musical. O contexto serve para reiterar o princípio da complementaridade entre natureza e cultura. De fato, se a existência da cidade depende de circunstâncias materiais externas, também depende do esforço educativo a institucionalizar. A finalidade educativa é a formação de homens livres com excelências éticas e dianoéticas. Um dado é certo: os saberes são liberais porque são libertadores. Daqui emerge a questão da separação entre negócio (ascholia) e ócio (schole). Os negócios existem em função do lazer, a guerra em função da paz e as coisas necessárias em função das coisas nobres. A educação não deve servir só o necessário e o útil, nem só a guerra, como em Esparta. Além disso, a educação não é um jogo que visa relaxar e divertir após o trabalho; deve preparar o homem para as atividades criadoras da vida ativa. Mesmo os jogos das crianças devem ser antecipações das futuras atividades criativas. Após as recomendações sobre o ensino da música, o manuscrito incompleto nada nos diz sobre os demais saberes liberais a ensinar: leitura e escrita, ginástica, e desenho. Fica incompleto o programa educativo que deveria atuar sobre as pré-condições étnicas e psicológicas da população, de modo a realizar a ordem política. 7. A ciência política na escala das ciências e na vida A Política é um verdadeiro puzzle intelectual que só a tradição política helênica global ajuda a resolver. Mas ao longo dos meandros da obra, Aristóteles nunca perde de vista a coincidência entre o ponto de partida e o ponto de chegada: a política é a atualização da natureza humana. Pelo caminho, fica o campo extensíssimo da ação humana, delimitado pela teoria antropológica no início da Ética (Livro I) e pela descrição do melhor regime no final de Política. e cujo tratamento exige uma filosofia das coisas humanas. O procedimento desta philosophia peri ta anthropina, é descritivo e valorativo: para compreender a unidade política da cidade-estado, é preciso compreender o homem que dela faz parte; e se tivermos noção de atualização da natureza humana podemos ter critérios para julgar o valor da cidade-estado. Assim se compreende que o texto da Política que chegou à posteridade constitua a segunda parte de uma ciência política (episteme politike) cuja primeira parte é a Ética. A Ética estuda o que é o bem supremo, a partir do conhecimento da natureza humana e procurando saber em que consiste a felicidade (eudaimonia). A finalidade da ciência política é estudar o bem humano na vida política a eudaimonia da polis é mais completa que a do indivíduo. Em paralelo com as finalidades últimas da vida humana - prazer, poder e razão - Aristóteles distingue entre ciências teóricas, ou sobre a razão; ciências produtivas que visam às técnicas de bem-estar; e ciências práticas entre as quais se contam a Política cujo objeto é o interesse comum e governo da cidade; a Economia, que é ciência da administração da casa e da família; e a Ética, que é a ciência da conduta do indivíduo formado. A ciência práticas analisa desde a ação dos fundadores de cidade até anarquia de multidão; desde a excelência da razão até à psicologia de massas, geridas através de desejo, temor e cupidez. E só hoje, numa época de plena constituição das ciências humanas, podemos recuperar a evidente universalidade do empreendimento aristotélico que lançou as bases do que chamamos Direito Constitucional, Economia, Teoria da História, Antropologia, Psicologia Social, Sociologia, Relações Internacionais, Ciências Militares. Neste momento fundaste da filosofia prática - a ciência do agir público do homem ser racional (zoon noun echon) que se realiza na vida da cidade - a filosofia política ocupa o topo da hierarquia das ciências prática porque o seu objeto engloba todas as ordens sociais e atividades humanas e seus critérios servem para ler, avaliar e influenciar a vida política. 1- De acordo com o texto: O pensamento político de Aristóteles, comente sobre a cidade feliz. 2- Quem era cidadão para Aristóteles? 3- Descreva as formas boas e formas degeneradas de governo para Aristóteles.