domingo, 23 de outubro de 2022

SÓCRATES, OS SOFISTAS E OS SOCRÁTICOS MENORES

A FILOSOFIA DE SÓCRATES Sócrates nasceu em Atenas, em 470 a.C. e morreu em 399 a.C. Era filho de um escultor e de uma obstetriz. Não fundou nenhuma escola, como muitos outros filósofos. Realizou seus ensinamentos em locais públicos (nos ginásios, nas praças públicas, etc,). Exerceu um imenso fascínio sobre os jovens e sobre os homens de todas as idades, o que lhe custou inúmeras aversões e inimizades. Sócrates é considerado o maior filósofo de todos os tempos e o divisor da filosofia. São celebres suas frases: “Sei que nada sei” e “Conheça a ti mesmo”. Sócrates disse assim, por considerar que muitas pessoas diziam saber de tudo e percebeu que muitas pessoas não se conheciam. Sócrates não escreveu nada, considerando que sua mensagem fosse transmitida pela palavra viva, através do diálogo e da “oralidade dialética”. A Descoberta da Essência do Homem Os naturalistas procuraram responder as questões sobre a natureza. Sócrates, por sua vez concentrou definitivamente seu interesse sobre o homem. Ele procurou responder qual é a realidade última do homem, realizando com isso uma revolução no pensamento de sua época, principalmente no tradicional quadro de valores. Sócrates e o Conceito de Liberdade Para Sócrates, o verdadeiro homem livre é aquele que sabe dominar os seus instintos e o homem escravo é aquele que, não sabendo dominar seus instintos, torna-se vítima deles. Sócrates e o Conceito de Felicidade Sócrates dizia que a felicidade não pode vir das coisas exteriores do corpo, mas somente da alma, porque esta é a sua essência. Para ele, quem é virtuoso é feliz, ao passo que o malvado e o injusto é infeliz. Ele afirma que o homem pode ser feliz em qualquer que sejam as circunstâncias em que lhe cabe viver e qualquer que seja a situação no além. O homem é o verdadeiro artífice de sua própria felicidade ou infelicidade. OS SOFISTAS Na Grécia Antiga haviam professores itinerantes que percorriam as cidades ensinando, mediante pagamento, a arte da retórica às pessoas interessadas. A principal finalidade de seus ensinamentos era introduzir o cidadão na vida política. Tudo o que temos desses professores são fragmentos e citações e, por isso, não podemos saber profundamente sobre o que eles pensavam. Aquilo que temos de mais importante a respeito deles foi aquilo que disseram seus principais adversários teóricos, Platão e Aristóteles. Eles eram chamados de sofistas, termo que originalmente significaria “sábios”, mas que adquiriu o sentido de desonestidade intelectual, principalmente por conta das definições de Aristóteles e Platão. Aristóteles, por exemplo, definiu a sofística como "a sabedoria aparente, mas não real”. Para ele, os sofistas ensinavam a argumentação a respeito de qualquer tema, mesmo que os argumentos não fossem válidos, ou seja, não estavam interessados pela procura da verdade e sim pelo refinamento da arte de vencer discussões, pois para eles a verdade é relativa de acordo com o lugar e o tempo em que o homem está inserido. O contexto histórico e sociopolítico é importante para que se compreenda o papel e o pensamento dos sofistas para a sociedade grega. Embora Anaxágoras tenha sido o filósofo oficial de Atenas na época do regime de Péricles, não havia um sistema público de ensino superior. Então, jovens que podiam pagar por instrução recorriam aos sofistas a fim de se prepararem para as dificuldades que enfrentariam na vida adulta. Uma delas, imposta pelo exercício da democracia, era a dificuldade de resolver divergências pelo diálogo tendo em vista um interesse comum. O termo “sofista” não corresponde, portanto, a uma escola filosófica e sim a uma prática. Mesmo assim, podemos elencar algumas caracterizações comuns aos sofistas: a) Oposição entre natureza e cultura: Pelo que sabemos, podemos dizer que a maior parte dos sofistas tinha seu interesse filosófico concentrado nos problemas do homem e da natureza. Isso significa que aquilo que é dado por natureza não pode ser mudado, como a necessidade que os homens têm de se alimentar. O que é dado por cultura pode ser mudado, como, por exemplo, aquilo que os homens escolhem como alimento. Ou seja, todos nós precisamos da alimentação para continuarmos vivos, mas na China, a carne dos cães pode fazer parte do cardápio e, na Índia, o homem não pode se alimentar da carne bovina, pois a vaca é considerada um animal sagrado. b) Relativismo. Para os sofistas, tudo o que se refere à vida prática, como a religião e a política, era considerado fatores culturais, logo podiam ser modificados. Dessa forma, colocavam as normas e hábitos em dúvida quanto à sua pertinência e legitimidade. Como eles eram relativistas, suas questões podiam ser levadas para o seguinte sentido: as leis estabelecidas são pertinentes para essa cidade ou precisam ser mudadas? c) A existência dos deuses. Para os sofistas, é mais provável que os deuses não existam, mas eles não rejeitam completamente a existência, como Platão, por exemplo. Portanto, eles são mais próximos do agnosticismo do que do ateísmo. A diferença entre os sofistas e aqueles que acreditavam nos deuses – e a educação grega esteve, no início, ligada à existência e interferência dos deuses nos destinos da humanidade – é que eles preferiam não se pronunciar a respeito. Mas, se os deuses existissem, eles não teriam formas e pensamentos humanos. d) A natureza da alma. A definição de alma para os sofistas é de uma natureza passiva e podia ser modelada pelo conhecimento que vem do exterior. Isso é muito importante para a prática que eles exerciam, pois, se as pessoas possuem almas passivas, elas podem ser convencidas de qualquer discurso proferido de forma encantadora. Por isso, era preciso lapidar a técnica a fim de levar as pessoas a pensarem de um modo que favoreça o orador, ou seja, aquele que está falando para o público. A resistência que alguma pessoa oferece a algo que é dito não seria proveniente da capacidade de refletir ou questionar e sim era decorrência da inabilidade discursiva do orador. e) Rejeitam questões metafísicas. Os sofistas estavam bastante empenhados em resolver questões da vida prática da pólis. Aquilo que contribuiria para uma vida melhor com os outros ou para atender às necessidades imediatas era o centro de suas preocupações. Por concentrarem seus esforços para pensar naquilo que consideravam útil, questões como a origem do seres, a vida após a morte e a existência dos deuses, ou seja, questões de ordem metafísica eram rejeitadas. f) A habilidade de argumentar, mesmo se as teses fossem contraditórias, também era um de seus fundamentos. Apesar da dura crítica feita a eles, o trabalho dos sofistas respondia a uma necessidade da época: com o desenvolvimento e a consolidação da democracia na Atenas do século V a.C., era imprescindível desenvolver a habilidade de argumentar em público, defender suas próprias ideias e convencer a maior parte da assembleia a concordar com aquilo que os beneficiaria individualmente. g) Antilógica. Uma estratégia de ensino comum aos sofistas era ensinar os jovens a defenderem uma posição para, em seguida, defenderem seu oposto. Essa técnica argumentativa foi chamada de antilógica e foi criticada por Platão e Aristóteles por corromper os jovens com a prática da mentira. Historiadores contemporâneos, no entanto, consideram essa técnica como uma atividade característica do espírito democrático por respeitar a existência de opiniões diferentes (cf. CHAUÍ, Marilena). Os mais conhecidos sofistas foram Protágoras de Abdera (c. 490-421 a.C.), Górgias de Leontinos (c. 487-380 a.C.), Hípias de Élis, Isócrates de Atenas, Licofron, Pródicos e Trasímaco. OS SOCRÁTICOS MENORES Os socráticos, no sentido pleno da palavra, são Platão e Aristóteles. Mas é necessária uma breve menção sobre os socráticos menores, que fundaram escolas e procuraram juntar a filosofia socrática com a do período anterior. São quatro: Escola Megárica ou de Megara, Escola Elíaca (1), Escola Cirenaica ou Hedonista e Escola Cínica. Escola Megárica: Fundada pelo discípulo de Sócrates, Euclides de Megara (444 a 369 AC), tentou juntar a ética de Sócrates com o monismo antológico dos eleatas, ou, de outra forma, desenvolver a filosofia eleática a partir do ponto de vista ético. Escola Elíaca: Fundada pelo discípulo de Sócrates, Fédon, da cidade de Elis, não teve grande discrepância da escola megárica. Os filósofos aqui também se estregaram em demasia a dialética erística (2). Nada de maior importância há na História sobre estes filósofos. Escola cirenaica ou Hedonista: Fundada por Aristipo de Cirene (435 a 355 AC), discípulo de Sócrates, ensinou o subjetivismo sensível, quer dizer, que a especulação é vã e que a sensação nada nos ensina fora do presente estado subjetivo. Os cirenaicos aplicaram este subjetivismo da sensibilidade na Ética.: o supremo humano não é a virtude, mas a felicidada, e esta, por sua vez, consiste no deleite que deve ser considerado como um prazer que passa e não como um estado ou maneira permanente. O conhecimento e a virtude não passam de meios para alcançar o deleite, o primeiro (conhecimento) remove os entraves, o que nos separa da aquisição de prazer, e a virtude nos ajuda a ser moderados no deleite, para que possam ser gozados por mais tempo. Escola cínica: Fundada por Antístenes de Atenas (444 a 369 AC), discípulo de Górgias e depois de Sócrates, cultivou a princípio a ética socrática, mas desviou para um exagero de desapego da civilização que consideravam a causa dos homens não serem bons. Desejaram uma volta a vida mais primitiva possível afirmando que aquele que é inteiramente feliz não necessita de cultura e da civilização. Diógenes de Sinope é um dos discípulos deste escola. Trabalho de Filosofia Nome Completo: ............................................................................................................... Data: ....../....../........... Série: .... Turma: ........................................................ Turno: ............................. Nº da Sala: ... 1- Caracterizar o nascimento do filósofo Sócrates. Onde Sócrates realizou seus ensinamentos? 2- O que significa dizer que Sócrates exerceu um imenso fascínio sobre as pessoas de todas as idades? 3- Citar as duas frases célebres de Sócrates, comentando sobre seus significados. 4- Comente sobre as virtudes de que fala Sócrates. 5- Sócrates afirma que ninguém erra por sua própria vontade. Quem faz o mal, faz por ignorância do bem. Dê sua opinião. 6- Qual é o verdadeiro homem livre para Sócrates? Qual é o homem escravo Sócrates? 7- Na sua opinião, a liberdade existe? Explique 8- Dê sua opinião: A felicidade existe? Justifique sua resposta. 9- Comente sobre o conceito de felicidade apresentado por Sócrates. 10- Para Sócrates, o homem pode ser feliz qualquer que sejam as circunstâncias em que lhe cabe viver e qualquer que seja a situação no além. O homem é o verdadeiro artífice de sua própria felicidade ou infelicidade. Comente e dê sua opinião. 11- Estabeleça a diferença básica entre o ensinamento de Sócrates e os sofistas. 12- Qual é o significado do termo sofista? Comente. 13- Citar as principais características do ensinamento dos sofistas. 14- Citar os principais sofistas que aparecem no texto. 15- Citar as principais escolas dos socráticos menores com seus respectivos fundadores.

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